J. Freitas
Não tenho hora para aflorar e nem hora para me recolher.
Quem decide isso é você mesmo, disse o ódio ao ser humano, capaz de odiar.
Fico à espera. À espera do dia que dias serão dias e não tormentos. À espera de que lamentos tornem-se calmaria, quase sou capaz de ver esse dia. Meu dia! Um dia em que nada será tão importante quanto não se importar. Um dia que até mesmo respirar será ato secundário. Ser feliz reconhecerá ser o primário. Enquanto isso, passo noites gélidas à deriva, gritando por dentro: 'Ei! Viva!', à espera deste dia, que não tardará a chegar.
Exigir demais de si mesmo nem sempre leva à superação dos seus limites. Pode sim, desviá-lo do caminho certo.
Praticar a tolerância representa a diferença entre o mundo no qual vivemos e o mundo no qual poderíamos estar vivendo. Para bom entendedor, enxergar basta.
A morte não mais é que uma ladra de calor, de vida, de amor. Sem anúncio ou prenúncio, leva. Simplesmente leva.
O que a vida tem de boa, tem de efêmera. Passa-se muito rápido por ela, mas com certeza, não se passa sem deixar nada. Portanto, resta a certeza de que o amor que damos é pra sempre e fica pra sempre. Apesar de tudo. Apesar do que der e vier.
Nos momentos de clausura, penso, repenso, dispenso, sou intenso ou tenso. Nos momentos de clausura, sou quem não sou, sou quem não conhecem. Sou eu, só. Nos momentos de clausura, penso como deve ser o dia lá fora. Como será que é... estar lá fora? Tudo parece tão mais pleno de lá. Num momento de clausura, a caneta risca o papel. Ou seria o papel a riscar a caneta? Tudo é relativo. Estou enclausurado ou a clausura sou eu?
Faço dos meus amigos uma projeção do que há de mais belo no meu coração. Assim, na presença deles, vejo. Na ausência, sinto. Faço dos meus amigos, inevitavelmente, meus irmãos.
'Fazer a diferença' de repente se tornou uma expressão vazia. Não se tem o mesmo ânimo pra modificar o que precisa ser modificado. Não se tem mais vivacidade para enfrentar quem ou o quê precisa ser enfrentado. Como dizia a canção, 'ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais.'
As melhores pessoas que conheço foram, sem dúvida, aquelas de quem menos esperei e que mais me surpreenderam, que hoje amo muito.
Como é bom olhar para o céu e ver o sol sorrindo. O céu está nublado? Não importa. Eu sei que por trás dos obstáculos, o sol continua sorrindo.
Esperar nem sempre significa algo ruim. Muitas das melhores coisas da vida dependem de um período aguardando o que for, pelo tempo que for necessário. Não é essa a condição pra vida nascer, por exemplo?
Nossos amores e dores já foram cantados muito antes de nascermos. Artistas já desenharam nossa personalidade antes de sabermos dela. Aguardemos os próximos 'inventores de gente'.