Iyanla Vanzant
De certa forma, construir um relacionamento é como preparar uma refeição. Você tem que ter os ingredientes certos, na combinação certa, para garantir um bom resultado. [...] Os ingredientes apropriados devem estar presentes no início de um relacionamento. Caso contrário, acrescentar mais coisas depois pode piorar tudo. [...] Raramente funciona acrescentar um bebê a um relacionamento ruim, ou mudar para outro bairro. [...] Quando os problemas se encontram na raiz do relacionamento, acrescentar alguma coisa é como colocar um band-aid em um câncer. [...] Disfarces não tratam das questões fundamentais de um mau relacionamento.
A única forma de consertar um relacionamento amargo é admitir que está faltando algo essencial e dispor-se a descobrir qual é esse ingrediente. Devemos rever nossos passos lembrando do que fizemos ou deixamos de fazer. Quando descobrirmos o que está faltando, pode ser que tenhamos de raspar o fundo do tacho e começar de novo.
Frequentemente, o meio-tempo é um período de incerteza. Você está sentindo uma certa ansiedade que não consegue exatamente localizar. Pode parecer que, por fora, está tudo bem, mas por dentro está acontecendo alguma coisa.
Às vezes, essa coisa é tristeza. [...] Mas, atenção, é justamente no momento em que as coisas parecem estar se desintegrando que elas estão se encaixando. O meio-tempo é o momento da preparação que irá nos curar. Estamos sendo preparados para a maior de todas as experiências da vida – a do amor incondicional. Então é preciso aguentar o sentimento de confusão e desamparo. Lembre-se sempre de que o meio-tempo não é um estado permanente. É um processo de cura.
Reze e pergunte. (...) Reze, porque a oração ajuda a dissipar a confusão.
Os sentimentos e as emoções são a energia que nos motiva a agir e a falar. Quando entramos em contato com nossos sentimentos, conseguimos uma pista importante para saber por que fizemos ou estamos fazendo certas coisas. [...] O que sentimos normalmente determina o que queremos. [...] O que sentimos a respeito do que queremos irá determinar a qualidade de nossas reações. [...] A nossa reação ao que sentimos é chamada de comportamento do meio-tempo.
O amor não machuca! Ele cura! O que machuca é o que fazemos ou deixamos de fazer em nome do que pensamos ser o amor.
Queremos ficar bem, e achamos que precisamos de alguém para nos ajudar. Por isso, nos atiramos em um relacionamento atrás do outro. Mas o amor tem prioridades diferentes. O amor quer que fiquemos curados! Ele nos força a limpar, varrer e colocar para fora o lixo das dores, vergonhas e confusões passadas. Nossos relacionamentos sucessivos fazem parte do processo de cura e limpeza do amor porque servem como espelhos que refletem nossos problemas e nos ajudam a resolvê-los. E claro que não temos consciência disso. Então, nesse meio-tempo, enquanto o amor está tentando nos curar, tentamos nos esconder debaixo do tapete.
O amor é uma experiência de felicidade, paz, plenitude, harmonia e doação. Em geral, essas são exatamente as mesmas coisas que tentamos encontrar num relacionamento e também as que consideramos impossível encontrar em nossa relação com nós mesmos. Não nos ensinaram que as coisas que procuramos estão dentro de nós. Temos que nos desprogramar das antigas receitas de amor que nos deram. (...) O amor não é, de jeito nenhum, o que nós fazemos. É a experiência de sermos quem somos.
Você é o amor que procura. Você é a companhia que deseja. Você é seu próprio complemento, sua própria integridade. Você é seu melhor amigo, seu confidente. (...) Você é a única pessoa que pode fazer por você o que espera que outra pessoa faça. Se não se sentir bem com quem você é e com o que tem, como pode esperar receber algo diferente? Se não conhece a verdade a seu respeito, você está com problemas!
Amor-próprio significa gastar um tempo para sorrir, ouvir e abraçar-se carinhosamente. Se não passarmos algum tempo fazendo isso, aquilo que procuramos e esperamos conseguir nos relacionamentos continuará a escapar de nós. Essa experiência – a aceitação total, o reconhecimento honesto, o apoio confiante e o respeito a nós mesmos – é a única coisa de que precisamos para transformar qualquer relacionamento em um bom relacionamento.
O amor nunca é vingativo ou violento. Nunca tenta nos rebaixar ou derrubar. O amor é uma energia positiva que nos leva a compartilhar, dar, construir e curar. O amor nos energiza e encoraja a fazer mais, nos estimula a praticar atos mais amorosos, a sermos mais, a nos comportarmos de uma maneira mais amorosa, dando cada vez mais amor a mais pessoas.
Para muitos, é mais fácil dar do que receber. Receber significa reconhecer que tudo o que vem para você é reflexo do que você merece. As pessoas lhe darão coisas, oportunidades, recursos, seu tempo e energia, em resposta à quantidade de amor que você dá aos outros. Isso pode tornar o ato de receber um desafio, pois você tem que acreditar que merece o que recebe.
É muito difícil receber quando você suspeita das intenções dos outros. É por isso que tem que aprender a confiar. Confiar em você e nas outras pessoas. A confiança é o ingrediente principal do amor incondicional. Quando achar que está em dívida com alguém, será difícil, se não impossível, ser honesto com ele. É difícil dizer a verdade para alguém de quem você depende ou tem medo. Pode ser difícil, se não impossível, expressar o que você está sentindo quando você se sentir em débito com o amor que lhe dão. Mas se você se lembrar mais uma vez do amor que recebe, esses pensamentos desaparecerão. Você se lembrará que merece amor da forma como ele se apresentar.
Se estamos nos sentindo confusos, pode ser que estejamos precisando de uma injeção de verdade. Fracasso em contar, resistência em escutar e inabilidade para reconhecer a verdade causam grande confusão mental e emocional.
Você deve escutar o que as pessoas fazem, não o que dizem. As pessoas sempre demonstram suas intenções e suas expectativas através de seus atos. Podem jurar pela própria vida que irão fazer isso ou aquilo, mas fazer continua sendo o que realmente importa, e não as palavras de juramento.
Quando esquecemos que Deus nos ama, saímos à procura de um amante humano que preencha nossa necessidade de sermos amados.
Renunciar não é se render: é desistir das coisas que não estão funcionando. Dos maus hábitos, das coisas que não estão ajudando a aprender a se amar.
Finalmente, ela percebeu que amar a si mesma significa abrir mão da atitude de ou/ou, substituindo-a por escolhas.
É disso que trata a renúncia: simplesmente pare de fazer as coisas que nos deixam infelizes, loucos, tristes, com ódio de nós mesmos e neuróticos. Quando pararmos de nos maltratar dessa maneira, o amor entrará em nossas vidas e o processo de cura irá começar.
A renúncia, o ato de admitir conscientemente o que podemos e não podemos fazer, nos impede de assumir falsas responsabilidades e de fazer as coisas prejudiciais ao nosso próprio bem-estar.
Desapegue-se de todas as condições que você se impôs. Não há nada que você tenha que fazer. Não há nada que você tenha que ser.
A desonestidade emocional é o estado em que entramos quando deixamos de reconhecer o que sentimos. É a tentativa consciente de negar qualquer emoção. Às vezes, fazemos isso por medo. Medo de estarmos enganados sobre o que sentimos. Muito frequentemente, fazemos isso quando estamos confusos e inseguros de nós mesmos ou de nossa experiência emocional. Eu acredito que a maior causa da nossa desonestidade emocional é tudo o que nos foi dito sobre o certo e o errado.
Você deve ser capaz de identificar o que está sentindo e permitir-se senti-lo. Isso é chamado de reconhecimento. Quando o reconhecimento acontecer, você poderá escolher ou decidir o que – se é que existe alguma coisa – quer fazer a respeito do sentimento. O que você faz é chamado J de expressão. O problema para a maioria está na forma apropriada de expressar o que sente. Nossos pais e responsáveis tentaram restringir expressões que consideraram inapropriadas e, ao fazerem isso, involuntariamente nos ensinaram a reprimir o sentimento. Sentimento e expressão podem ser arriscados, mas são a única maneira segura de nos mantermos emocionalmente saudáveis. Também são a base da saúde emocional, essencial para que os relacionamentos sejam duradouros e satisfatórios.
A honestidade emocional começa quando somos capazes de reconhecer o que sentimos. (...) Isso é uma coisa que os adultos frequentemente não percebem a respeito das crianças: que elas são seres emocionais. E se não reconhecemos nas crianças, deixamos de reconhecer em nós mesmos. Nem sempre é necessário que você diga aos outros como se sente. Porém, deve permitir-se senti-lo. É só através da experiência do que você sente que você é capaz de se manter em contato com o seu eu interior.