Iyanla Vanzant
Entramos nos relacionamentos procurando pelo amor, esperando que alguém nos ame ou nos aceite amorosamente. Isso acontece porque todos nascemos para expressar e receber amor. Queremos tanto receber amor e aceitação que às vezes somos capazes de fazer qualquer coisa para consegui-los. Quebramos as regras do amor. Não respeitamos a casa do amor. Permitimos que as pessoas entrem, fiquem, se mudem, vivam em nossas vidas de maneiras que não têm nada a ver com o amor. O que não conseguimos entender é que, enquanto não conseguirmos viver em harmonia com nós mesmos, haverá em nós um vazio se tornando maior, mais fundo e mais doloroso.
As pessoas não conseguem preencher as nossas necessidades. Podem querer fazê-lo, podem tentar. Podem nos convencer de que são capazes de preenchê-las, mas não é verdade. O que as pessoas podem fazer pelas outras é tornar a necessidade menos urgente.
No meio-tempo, uma das coisas que fazemos é nos tornarmos audaciosos o suficiente para dizermos ou fazermos coisas que nunca diríamos ou faríamos em circunstâncias normais. Não é que não devêssemos dizê-las ou fazê-las, mas é porque, quando as coisas estão toleráveis em um relacionamento, achamos que o melhor é esconder, evitar, negar e resistir. Nós nos convencemos de que estamos poupando a pessoa querida da dor e do sofrimento. Mas a verdade é que nós estamos sofrendo! Estamos sufocando nossos sentimentos e nos atormentando. "Por quê? Por quê? Por que não consigo entender direito esse negócio de amor?" Atormentar-se é o comportamento do meio-tempo que nos faz dizer ou fazer coisas que realmente não queremos.
Mais cedo ou mais tarde, todos temos que aceitar o fato de que, em um relacionamento, a única pessoa com a qual estamos lidando somos nós mesmos.
Amamos nos outros o que amamos em nós mesmos. Rejeitamos nos outros aquilo de que não gostamos, mas não conseguimos ver em nós mesmos.
O meio-tempo, além de preparatório, é protetor.
A paciência é o elixir da cura para a melancolia do meio-tempo. O desafio, quer gostemos ou não, é aprender a ser paciente com nós mesmos.
Cada vez que surge um sentimento, é sinal seguro de que estamos lidando com ele a fim de liberá-lo. (...) Quando sentimentos e padrões antigos de comportamento estão lutando para se perpetuarem, a coisa mais amorosa que podemos fazer é ter paciência com nós mesmos e com o que estamos sentindo.
Lembre-se de que estamos sendo preparados para algo melhor ou protegidos de algo pior.
Nossos padrões de comportamento passivo/agressivo nascem conosco. Em grande parte são determinados pelos padrões de nosso nascimento. [...] Quando estamos no útero, ficamos mergulhados na energia que se torna o alicerce de nossa identidade.
A maioria das pessoas que entram e saem de nossas vidas colocam minúsculas etiquetas de preço no seu amor. Às vezes, as etiquetas são tão pequenas que não percebemos que são etiquetas cheias de condições, até que chega o momento de pagar.
A verdade é que o amor é apoio e doação, não agressão e exigência. É protetor, não esmagador. Para a maioria de nós, a entrada na vida foi um procedimento médico padrão. Como resultado deste processo, concluímos inconscientemente que o amor é doloroso, confuso, invasivo, agressivo e às vezes violento.
Quando dançamos em volta ou evitamos a verdade, teremos maiores chances de ficar paralisados no meio-tempo, tentando entender o que fizemos de certo ou errado.
Não deixe que o seu roteiro, seu padrão viciado, o medo ou qualquer outra emoção tóxica detenha um pensamento ou emoção no meio do caminho. Não se convença de que não pode fazer o que precisa fazer ou de que fazê-lo não irá produzir o resultado que você deseja. No meio-tempo, assuma o controle! Tome as rédeas dos pensamentos, dos sentimentos, do medo e da raiva. Você está se livrando de seus antigos padrões de comportamento!
Você pode ser paciente se lembrar que o amor e toda a sua glória estão pacientemente esperando que você destrua seu padrão de comportamento e faça uma coisa diferente.
A vida é nossa casa. Em casa nos é permitido explorar e examinar a arquitetura de cima a baixo, por dentro e por fora. A exploração é chamada viver. O propósito dessa exploração é aprender a ficar firme em cima do alicerce da vida. O alicerce da vida é lembrar e experimentar o amor puro e incondicional.
Devemos estar dispostos a pegar a vassoura, o esfregão e o espanador e começar a nos limpar por dentro e por fora, livrando-nos dos pensamentos antigos e dos padrões viciados de comportamento.
Começar o questionamento dá início ao processo de cura. Fazer perguntas significa abrir-se para as respostas e estar em busca da verdade. [...] Expresse o desconforto corporal e emocional sob a forma de perguntas. As perguntas facilitam a reflexão sobre nossas atitudes e experiências passadas.
A sabedoria obtida através da experiência é nosso melhor professor. Refletir sobre nossas escolhas antigas é a chave para entendermos o que houve de errado e para percebermos as ilusões e fantasias que nos mantinham presos. [...] A resposta virá porque estamos dispostos a saber e a assumir a responsabilidade pelo que sabemos.
A responsabilidade é o detergente que você deve usar para descobrir o que faz, quando faz, como faz e por que faz. As respostas irão revelar exatamente por que acabamos no meio-tempo confusos e/ou sem amor!
Você descobrirá que tudo isso [o que faz de errado no campo do amor] é resultado e reflexo de suas experiências e padrões viciados de comportamento.
Você entende que todas as experiências, todos os relacionamentos, todos os acontecimentos dolorosos ou constrangedores do seu passado foram necessários para o seu crescimento.
Agora você sabe o que não fazer. Ainda que se ache completamente sem rumo, saber o que não fazer significa saber o que fazer. É mudar de ideia. Se o que você está fazendo não está funcionando, mude de ideia! Para fazer isso questione e, se for preciso, renuncie a tudo que um dia pensou ser verdade - verdade a seu respeito e verdade a respeito do amor. Se você descobrir que não são verdades, em vez de tentar consertar, renuncie a essas ideias!
À medida que muda seus padrões de comportamento, algumas coisas e pessoas vão sair de cena. (...) Este será provavelmente o momento mais difícil, pois é aqui que o seu antigo eu irá desafiar o seu novo eu.
Uma faxina geral é uma tarefa bastante difícil, mas necessária. Nós já sabemos que, quanto mais a evitarmos, mais urgente se torna. Estamos falando das velhas feridas e das dores que acumulamos. Isso se relaciona às pessoas com quem ainda estamos zangados ou ressentidos depois de todos esses anos (...), às coisas que ainda nos atormentam e pelas quais deixamos que outras pessoas nos culpem. O objetivo dessa faxina é aprender a gostar do que temos e abrir espaço para coisas novas.