Ivone Pereira Lopes
Estamos em um mundo em que não se pode mostrar fraqueza ou tristeza sob pena de ser exilado do convívio das pessoas que pensam serem normais.
Evidentemente que ninguém aprecia a presença, a conversa ou silêncio dos deprimidos, revoltados e desesperados de todos os gêneros, o que é absolutamente compreensível, pois se imagina que os alegres e normais não possuem problemas, não pedirão dinheiro ou qualquer outra coisa.
Então porque ainda vestimos a máscara de que somos ótimos, caridosos e legais. Apenas para sentir-se bem diante do espelho?
A diferença entre perdoar e esquecer é muito simples: no primeiro queremos obter reconhecimento da sociedade em como somos bons no segundo o erro já não nos importa mais.
Afinal o que é a vida senão uma sucessão de momentos onde pausa o organismo durante o sono e mesmo assim a mente trabalha incansável através dos sonhos.
Difícil é ter consciência de nossas falhas e defeitos, pois o espelho que mostra os defeitos, sempre está virado para os outros.
É muito fácil perdoar o erro alheio quanto ele não é cometido contra si, mas aquele que for capaz de perdoá-lo em sendo a vítima almeja alguma coisa.
Uma luz fraca pode ser de extrema utilidade na escuridão total, assim não devemos desprezar as pessoas, por sua simplicidade, pois todos somos peças importantes para o relógio do universo funcionar em sincronismo.
Admiramos os valentes de outros tempos, pois com toda certeza não nos chamarão de covardes por temermos lutar pela justiça. Viramos as costas aos valentes de nossa época para não medirmos nossa mediocridade.
Pensamos em muitas coisas, algumas verdadeiramente supérfluas, entretanto sempre nos restará a certeza que o amanhã virá com suas certezas cheias de dúvidas. Se tivéssemos certeza de tudo que graça teria a vida, sem o prazer da descoberta de novas fronteiras, novos lugares nos recônditos dos pensamentos, novos modos de vestir, de criar, de sentir triste e depois sorrir. A vida é agora e nada adiantará todo conhecimento se ele não puder ser transmitido para a vida que virá.
Preferimos trilhar caminhos conhecidos, por serem seeguros e por essa razão perdemos oportunidades de descortinar o novo. Plabejamos sem saber nossa vida inteira em função de paradigmas estabelecidos por terceiros e não ousamos criar porque matamos diariamente a criança destemida que habita em nós. Um pouco de anarquia é bom.
A multidão se deixa arrastar tão facilmente pelos caminhos. Isso torna enorme a responsabilidade de quem tem o dom de lidera-las.
Várias são as formas classificadas de governo. Entretanto todas elas se assemelham em um ponto: o culto à personalidade. Até onde irá a vaidade para que se queira perpetuar no Poder?
A vida não é diferente de um empreendimento. Se quiser um bom resultado invista no planejamento criterioso. Nas fases de execução revise as metas estabelecidas e faça os ajustes necessários.
A política nos dias de hoje nada mais é que o resultado do que foi solidificado no passado.
Temos uma contraposição entre socialismo e capitalismo. Singelamente podemos dizer que o primeiro diz pensar na igualdade das pessoas dentro de uma sociedade justo enquanto o segundo pretende que os avanços sejam ditados pelo capital existente em uma parcela da população e seu emprego. Esquecemo-nos de pensar nas origens do capital, mesmo porque elas se perderam no tempo e, talvez nem todas tenham sido lícitas.
Precisamos pensar no social não como meio de apaziguar a consciência, mas porque não adianta ter um castelo no meio de habitações pobres ou ter uma loja de departamentos e não ter pessoas que possuam poder de compra.
A vida é uma troca, pense nisso. Pense seu caminho.
A humanidade está precisando urgentemente se embebedar de esperança e buscar desesperadamente caminhos sábios, onde se busque o aprimoramento das virtudes e uma nova visão social do homem dentro de um contexto social e não econômico.
Como dorme a vilania a sono solto, enquanto os miseráveis, sob a chuva, molham-se, sem teto, sem emprego e sem oportunidades.
Nós, juntos, somos poderosos, juntos podemos muita coisa, mas juntos nosso medo aumenta, porque para atitudes difíceis, ninguém quer ser o primeiro.
A apregoada gestão de qualidade, tão em moda, pelos patrões, quer obter o máximo de resultado, com o mínimo de pessoal, expondo trabalhadores a situações em que a competitividade e a busca de progresso funcional tem mais importância que qualidade de vida. A escravidão existe sob outras formas, onde tudo que importa é o lucro.
Todos os dias compartilhamos pensamentos e emoções, sem notarmos que recebemos essa troca de igual maneira; sentimos uma pontinha de alegria, um frio de medo, um cobertor de gelo e, dardos picantes das palavras, que se espalham por nossos ouvidos, nossos olhos e aqueles que se encravam na nossa mente.
Mas há pessoas que se encastelam em couraças e nada as comove ou afeta da miséria ou da alegria alheia.
Brincar com as palavras é coisa muito séria. Damos esperança, descrença, mentiras doces ou verdades amargas.
Um discurso emocionado no dia da formatura, ou, quem sabe, as palavras escritas na cartinha para o Papai Noel.
A poesia do escritor nos transmite uma realidade mais das lágrimas e das sombras. Quem pode ler Castro Alves ou Carlos Drummond e não sentiu uma certa tristeza?
Ainda bem que existem aqueles que conseguem fazer rir, mas o humor não é da poesia, é a rebeldia da alma que se recusa a apenas sofrer.
Depois de ficar fora tanto tempo, creio encontrar tudo coberto da poeira do esquecimento e dos protetores da alma alheia.
Trilhar conhecimento é caminhar sobre pedras, umas dão apoio, outras rasgam os pés, ou fazem degraus para horizontes diferentes, ou, atiram a mente ao inferno da inquietação.
Penso que tranquilidade é diferente de felicidade, a primeira é sempre repleta de mansidão, a segunda, por vezes, leva nosso espírito a bailar.