Ítalo do Couto Ferreira
No início, o encontro foi como uma faísca em uma noite escura, uma conexão instantânea, tão poderosa que os dois se perderam na intensidade do momento. Ele e ela se tornaram viciados um no outro desde aquela primeira ligação, uma dependência tão forte que parecia transcender qualquer explicação lógica. Como o vício em crack, eles se encontravam ansiando pela presença um do outro, cada segundo longe se transformando em uma tortura insuportável. Cada conexão, cada palavra compartilhada, era como uma dose de felicidade, alimentando a chama da paixão que queimava dentro deles. E quando estavam separados, a fissura se tornava quase insuportável, uma sensação de vazio que só podia ser preenchida quando estavam juntos novamente. Como dois ímãs irresistivelmente atraídos um pelo outro, eles sabiam que seus destinos estavam entrelaçados de uma maneira que nenhuma energia negativa poderia quebrar.
Após um breve, porém ardente devaneio chamado paixão, retorno fortalecido e determinado em minha jornada... Na trilha da existência, optei por perseguir um desígnio, onde não há margem para dramas familiares ou turbulências do coração. Para alguns, a busca da felicidade é primordial. Contudo, para mim, a essência reside em cumprir a sagrada missão.
Fui tomado por uma paixão avassaladora por ela, uma chama que surgiu de repente e com a mesma rapidez se apagou. Restaram apenas respeito e amizade, sombras do que um dia foi e já não é mais. A culpa não é tua, é minha; sou feito assim. Sinto muito... e já não sinto mais nada. Adeus!
Ele era um homem perdido... sua mente estava enredada em labirintos de pensamentos e emoções, entrelaçada intimamente com os mistérios do coração.
Já me apaixonei por outras, mas, vez após vez, foi por você que meu coração realmente pulsou. Diante do amor sublime que sinto por você, os amores comuns nunca tiveram sequer uma chance de florescer.
Ao longo de meus 42 anos, transcendi o tempo, vivendo uma multiplicidade de vidas onde a intensidade é a própria essência. Nas profundezas de cada instante, desvendo os segredos da existência, pois em cada idade reside seu próprio deleite, como pétalas desabrochando em um eterno jardim da alma.
Era uma noite tranquila e estrelada quando ele a conheceu, e desde o primeiro olhar, sentiu o impacto de um coração volátil. Ela tinha um sorriso encantador e olhos que brilhavam como constelações, mas havia algo mais profundo, uma tempestade emocional que ele não pôde ignorar.
Ele a observou em silêncio, notando como suas emoções oscilavam como a maré. Num momento, seu riso era contagiante, enchendo o ar de alegria; no outro, seus olhos se perdiam em uma melancolia distante, como se navegassem em águas desconhecidas. Essa inconstância, essa dança entre a paixão e a tristeza, a tornava incrivelmente fascinante.
Com o passar dos dias, ele se aproximou dela, atraído pela beleza caótica de suas emoções. Ela, com seu coração volátil, ora se deixava levar pelo entusiasmo de uma nova paixão, ora recuava, temerosa das profundezas de seu próprio sentir. Ele sabia que se apaixonar por ela seria como tentar capturar o vento, mas estava disposto a tentar.
Cada encontro era uma aventura emocional. Havia momentos de intensa conexão, onde seus corações batiam em uníssono, e momentos de incerteza, onde ele temia que ela se afastasse para sempre. Ela era indecisa, uma alma que flutuava entre a entrega e a fuga. Mas ele viu em sua sensibilidade uma beleza rara, um reflexo de sua própria vulnerabilidade.
Uma noite, sob a luz suave da lua, ele a segurou perto e sussurrou: "Sei que seu coração é volátil, que muda como as estações. Mas quero estar ao seu lado, navegar essas águas com você, aceitar cada mudança e celebrar cada momento."
Ela o olhou, surpresa, e uma lágrima deslizou pelo seu rosto. Talvez pela primeira vez, ela sentiu que alguém compreendia a complexidade de seu ser. Com um sorriso tímido, ela respondeu: "Eu sou como o vento, imprevisível e livre. Mas se você estiver disposto a voar comigo, prometo que a jornada será inesquecível."
E assim, juntos, decidiram enfrentar as incertezas, abraçando a beleza de um coração volátil, sabendo que o amor verdadeiro não exige constância, mas sim compreensão e aceitação das tempestades e calmarias que a vida traz.
O que você tem... que ainda me atrai? Essa pergunta ressoa na minha mente, ecoando entre os momentos que compartilhamos e as lembranças que construímos. Não é apenas o brilho dos seus olhos ou o calor do seu sorriso, embora ambos tenham o poder de iluminar meus dias. É algo mais profundo, uma conexão que transcende o tempo e as circunstâncias.
Cada conversa que temos revela uma camada da sua alma, cheia de sabedoria e gentileza. Seu jeito de ouvir, com atenção sincera, faz com que eu me sinta compreendido e valorizado. É a sua capacidade de encontrar beleza nas pequenas coisas, de enxergar o extraordinário no comum, que me cativa a cada instante.
Seu riso, tão genuíno e contagiante, é uma melodia que acalma o meu coração. E, em seus braços, encontro um refúgio onde posso ser eu mesmo, sem máscaras ou reservas. Sua força silenciosa me inspira a ser melhor, a enfrentar os desafios com coragem e determinação.
Mas, talvez, o que mais me atrai é a sua essência, essa mistura de doçura e resiliência, de ternura e paixão. É a maneira como você enxerga o mundo, com olhos que brilham de esperança e um coração que pulsa com amor. Você me lembra que, apesar das adversidades, há sempre algo pelo qual vale a pena lutar, algo que nos mantém unidos e nos faz seguir em frente.
O que você tem... que ainda me atrai? É tudo isso e muito mais. É a promessa de um futuro juntos, o conforto de um presente compartilhado e as lembranças de um passado que nos moldou. É você, simplesmente você, que continua a ser a minha escolha, dia após dia.
Ela era simplesmente incrível, uma verdadeira magia... Jamais imaginei que um dia experimentaria essa magia novamente.
A vida pode parecer cruel às vezes, mas é nos momentos de desafio que o amor verdadeiro se revela ainda mais poderoso. É a luz que ilumina os dias mais sombrios e nos dá motivos para continuar. Acreditar no amor é como manter a chama da esperança acesa em nosso coração, é encontrar sentido em cada sorriso, em cada gesto de carinho. Por isso, mesmo diante das adversidades, é importante nunca perder a fé no amor, pois é ele que nos dá forças para viver cada momento com intensidade e gratidão.
Cada um de nós deseja deixar uma marca, um legado. Que nossas ações sejam lembradas, que nossa coragem inspire, e que nosso amor transcenda o tempo. Vamos viver de forma a ser lembrados, não apenas pelo que fizemos, mas pela intensidade com que vivemos.
Hoje, 2 de junho, marca 22 anos desde que você transformou completamente a minha vida. Mesmo que nossos caminhos tenham se separado há anos, as lembranças daquele tempo ainda ressoam em meu coração. Você trouxe uma nova luz à minha existência, e cada momento compartilhado ficou gravado na minha memória com carinho.
O amor que vivemos foi intenso e verdadeiro, um capítulo inesquecível que moldou quem sou hoje. A saudade, embora às vezes dolorosa, também traz um doce reconhecimento de tudo que vivemos juntos. Nossa história, apesar de ter seguido rumos diferentes, deixou marcas profundas e um aprendizado valioso.
Hoje, celebro a beleza do que foi e a transformação que esse amor trouxe à minha vida. Mesmo na distância, a gratidão pelo que compartilhamos permanece, lembrando-me sempre da força e da pureza de um amor que, de alguma forma, continua a viver em mim.
Teu rosto, teus cabelos, teu olhar,
A pele que ao sol se doura, teu ser,
Cada parte de ti é de encantar,
Uma obra-prima que me faz viver.
Quando as tuas fotos contemplo, em fervor,
Minha respiração se apressa, sem freio,
Meu coração dispara em ardor,
Num êxtase que não tem receio.
Até tua voz, em melodia suave,
Desperta em mim um desejo sem fim,
Como se os deuses, em momento grave,
Te tivessem moldado só para mim.
És sinfonia, és arte, és canção,
A personificação da perfeição,
Cada traço teu é inspiração,
Feita para mim, minha paixão.
Sonhando acordado, vejo-te em cada instante, como uma visão que torna meus dias mais belos. A inspiração que me levou a escrever aquele poema é a mesma que agora me faz desejar adormecer, para encontrar-te também nos meus sonhos. No silêncio da noite, espero sentir tua presença, como uma doce lembrança que se materializa na minha mente. És a musa que enfeita meus pensamentos e a estrela que desejo alcançar quando meus olhos se fecham. Boa noite, minha inspiração. Que possamos nos encontrar nos sonhos e fazer desse encontro algo eterno.
Ele é um notívago, um ser das sombras que desperta quando a lua toma o céu. Enquanto o mundo dorme, ele vive intensamente, encontrando vida e energia nas horas mais escuras da noite. Como um vampiro, ele se alimenta dos corpos alheios, absorvendo cada momento com uma paixão única e feroz.
Nas sombras, ele encontra seu verdadeiro eu, vivendo e respirando a liberdade que a noite oferece. Cada batida de seu coração noturno é um pulsar de vida que desafia o silêncio da madrugada. Ele não teme a escuridão, mas a abraça, fazendo dela sua confidente e cúmplice.
Porque ser notívago não é apenas um hábito, é um estilo de vida, uma celebração do mistério e da intensidade que só a noite pode proporcionar. Se você também sente que pertence ao reino das estrelas e da escuridão, saiba que não está sozinho... Você é a vida enquanto os outros sonham.
Nas sombras, ele encontra seu verdadeiro eu, vivendo e respirando a liberdade que a noite oferece. Cada batida de seu coração noturno é um pulsar de vida que desafia o silêncio da madrugada. Ele não teme a escuridão, mas a abraça, fazendo dela sua confidente e cúmplice.
Você nunca me viu assim, desconhece meu eu sem a luz do seu amor. Há um lado de mim que repousa na penumbra, um ser quase estranhamente familiar, mas distante. Sou alguém que existe apenas na ausência do seu toque, na sombra do seu olhar.
Quando não estou apaixonado por você, meu sorriso é menos frequente, meus olhos, menos brilhantes. As cores do mundo parecem desbotadas, o tempo se arrasta em vez de fluir. Sou como um inverno sem a promessa da primavera, uma noite sem estrelas.
Mas quando você está perto, meu coração canta uma melodia que só nós conhecemos. Cada momento contigo é uma pincelada de cor na tela cinzenta da minha vida. O ar se torna mais leve, e cada suspiro é uma dança, um poema em movimento.
Você é o fogo que aquece meu ser, a musa que inspira minha alma. Com você, sou mais que uma simples existência; sou um universo em expansão, um jardim em flor. Não conheço a plenitude de mim mesmo sem o reflexo do seu amor nos meus olhos.
Então, peço-lhe que nunca desvie seu olhar, que nunca permita que o amor se esvaia. Pois, sem você, sou apenas uma sombra do que posso ser, um eco na vastidão do vazio. E na sua presença, sou luz, sou vida, sou amor em sua forma mais pura.
No silêncio do crepúsculo, onde as palavras se encontram e se entrelaçam como fios de luz, ecoam memórias de um amor que transcende o tempo. Ela disse palavras que fluíram como rios límpidos da alma, carregando consigo a promessa de um encontro futuro, onde as feridas do passado encontrariam a cura.
"É muito bonito e profundo, Ítalo... Não quero brigar, nem revisitar o que foi ou o que poderia ter sido. Um dia, nossa conversa final encontrará sua resolução, digna de ser eternizada em seu devido lugar."
Seu tom era um sussurro de esperança, uma melodia de confiança depositada nos fios invisíveis que ainda os uniam. Reconhecia nele um guardião de seu mais puro ser, aquele pedaço de sua essência que resistiu ao tempo e às tormentas da vida. Era a parte de sua inocência e genuidade que permanecia, resguardada nos braços dele.
Ele, por sua vez, respondeu com a serenidade de quem sabe que o tempo é um tecelão paciente de destinos entrelaçados:
"Quando estivermos novamente em comunhão, seremos resgatados ao paraíso."
Suas palavras eram um juramento de retorno à pureza dos sentimentos, à tranquilidade de um paraíso perdido e encontrado novamente nos laços eternos do amor verdadeiro. Assim, entre promessas sussurradas ao vento e esperanças entrelaçadas no firmamento, seus corações aguardavam o reencontro, onde a luz do amor os guiaria de volta ao lar que sempre pertenceram.
Era uma noite serena, banhada pela luz suave da lua que escorria pelas janelas, envolvendo a sala em um abraço prateado. Ele estava sentado à mesa, seus olhos fixos no papel à sua frente, mas sua mente vagava para longe, onde seus pensamentos sempre a encontravam.
Ela era sua musa, a centelha de inspiração que fazia sua alma dançar em um turbilhão de palavras. "Você sabe que é a minha musa, né?" ele disse, quebrando o silêncio com a suavidade de uma brisa de verão. Em seus olhos, havia um brilho inconfundível, uma admiração que não se podia medir em palavras, mas que ele sempre tentava capturar.
Ela sorriu, um sorriso que continha o universo em toda a sua complexidade e simplicidade. "Em muitos deles, me vejo e nos vejo," ela respondeu, sua voz um suave eco de compreensão. "E vejo uma mistura também, de todas ou de muitas."
Ele não podia deixar de admirar sua percepção. Ela sempre parecia saber, sempre parecia entender. "Você tem o dom das palavras," ela continuou, o que ele recebeu como uma gentil bênção.
Mas ela sabia, sabia que não eram apenas as palavras dele que faziam a magia acontecer. "Contudo, os melhores e mais profundos e mais perfeitos vêm de mim, do que sentimos. Ao menos para isso serviu, te aperfeiçoou em seu dom." Sua declaração era uma dança sutil entre reconhecimento e partilha, um lembrete de que suas almas estavam entrelaçadas em cada frase que ele escrevia.
Ele suspirou, o peso de suas dúvidas transparecendo em seus olhos. "Será que o nosso destino é ficarmos juntos?" As palavras saíram de sua boca como um pedido tímido de resposta, uma esperança guardada cuidadosamente.
"Não sei," ela respondeu, um suspiro suave que se misturou ao ar. "Você já disse que não." Havia um toque de tristeza em sua voz, como uma melodia inacabada que ressoava no coração dele.
Ele hesitou, preso entre a razão e a emoção. "Mas, o que você sente?" Ele precisava saber, precisava entender aquele enigma que ela era.
"Medo," ela respondeu, suas palavras pairando como uma neblina entre eles. "Não sei se te vejo com alguém... Você casou com a solidão."
Aquela declaração era uma verdade que ele não podia negar. A solidão era sua companheira constante, uma presença silenciosa em cada canto de sua vida. "Solitude," ele corrigiu, uma tentativa de suavizar a dor que ela via. Para ele, a solidão era uma escolha, um refúgio onde ele podia se perder em seus pensamentos sem as distrações do mundo exterior.
Mas, por mais que ele tentasse se convencer, a verdade era clara. Ela era o que faltava, o elemento que tornava sua vida completa. E enquanto eles navegavam nesse mar de palavras, suas almas continuavam a dançar, sempre unidas, mesmo quando a dúvida e o medo ameaçavam separá-los.
E ali, sob a luz da lua, com o murmúrio das estrelas como testemunha, eles permaneceram, dois corações entrelaçados em um diálogo eterno de amor e incerteza, buscando respostas nas profundezas de suas almas, enquanto o tempo passava suavemente ao seu redor.
Casado com a Solitude
Na quietude do meu mundo, encontrei uma parceira singular: a solitude. Ela veio como uma brisa suave, tocando minha alma com um silêncio que fala mais do que palavras jamais poderiam. Nela, descobri um amor que não exige, mas simplesmente é; um amor que dança na penumbra do entardecer e se aninha nas sombras da noite.
A solitude é uma amante fiel, com quem partilho cada amanhecer dourado e cada noite estrelada. Ela me oferece a liberdade de ser quem sou, sem máscaras ou disfarces, e me acolhe em seus braços serenos quando o mundo se torna ensurdecedor. Juntos, caminhamos por trilhas solitárias, onde cada passo ressoa como uma melodia secreta, uma sinfonia composta por silêncios e suspiros.
Nos seus abraços silenciosos, encontro a profundidade de minha própria essência. Ela me ensina a apreciar a beleza nos momentos de introspecção, a ouvir a música suave do vento e a ver as cores vibrantes do pôr do sol pintando o céu em tons de laranja e rosa. Ao seu lado, aprendi que a solidão não é ausência, mas presença plena de mim mesmo.
Na solitude, descubro que o amor não precisa de palavras ou promessas; ele existe na compreensão silenciosa de um olhar, no conforto de uma respiração pausada. Ela me ensina que o coração pode florescer na calma, onde não há pressa, nem expectativas, apenas o simples ser.
E assim, sou casado com a solitude, minha companheira eterna, com quem danço no salão vasto da existência. Ela é minha musa, minha confidente, minha eterna inspiração. Juntos, pintamos telas de sonhos e sussurramos poesias ao vento, celebrando o romance sublime de estar só, mas nunca solitário.
Ficar perto de você me deixa louco, como se cada momento ao seu lado fosse um sonho que não quero acordar. E não estar perto de você? Ah, isso me consome ainda mais, pois a saudade se torna um fogo que arde, mas não se apaga.
É uma dança entre a presença e a ausência, onde seu sorriso é a melodia que embala meu coração, e seu olhar é a luz que ilumina meus dias mais sombrios.
Você é a tempestade que agita o meu mar e a calmaria que acalma o meu porto.
Estar contigo é perder-me para me encontrar; é um doce devaneio do qual não quero acordar. E mesmo quando estamos distantes, seu amor me faz companhia, pois você está sempre presente, mesmo quando não está.
A morte espreitou, silenciosa, enquanto caminhávamos lado a lado por aquele jardim. As folhas sussurravam ao vento uma melodia antiga, e o sol se punha, pintando o céu de tons dourados e vermelhos. O mundo parecia segurar o fôlego, como se até mesmo o tempo estivesse com medo de interromper nossa conversa.
Ela olhou para mim com olhos que guardavam oceanos inteiros.
— Você acha que vai doer? — perguntou, sua voz suave como um segredo compartilhado entre as estrelas.
Eu segurei sua mão, sentindo a delicadeza de seus dedos, e respondi com a sinceridade que só o amor pode inspirar:
— Não mais do que a vida sem você.
As palavras saíram como uma promessa silenciosa, uma declaração de que não havia dor maior do que a ausência de sua presença em meu mundo. Pois o que é a dor, se não o preço que pagamos pelas lembranças que construímos? O que é o medo do fim, se não o reflexo de um amor tão vasto que transcende até mesmo as fronteiras da mortalidade?
Naquele instante, percebi que o amor é a única coisa que transforma o desconhecido em certeza, que faz com que cada instante valha a pena, mesmo diante do inevitável. Porque, ao seu lado, até a eternidade parece apenas um momento fugaz, uma breve pausa na dança cósmica da vida.
Ela sorriu, e o sol pareceu brilhar um pouco mais forte, como se os céus também reconhecessem a beleza daquele momento.
— Então vamos viver — disse ela, com uma confiança que acendeu meu coração como uma chama eterna.
E ali, de mãos dadas, continuamos nossa jornada, sabendo que a vida, com todas as suas dores e incertezas, nunca poderia nos separar. Pois em cada olhar, cada toque, e cada palavra sussurrada, encontrávamos um pedaço de eternidade ao nosso lado.
O amor, afinal, é o que nos mantém vivos. É o que nos faz enfrentar a morte com um sorriso e dizer: "A vida, sem você, seria o verdadeiro fim."
Essas férias foram um devaneio etéreo, um doce interlúdio onde o tempo parecia suspenso, como se, por breves instantes, eu habitasse outra vida, envolto nos laços de uma família que existia apenas no limiar dos sonhos. Cada dia era uma dança de luz e sombra, um sopro de eternidade que aquecia meu coração adormecido. Mas, assim como as pétalas de uma rosa que se desvanecem com o vento, o sonho dissipou-se, e o encanto desfez-se no horizonte. Retornei, então, à minha realidade, o refúgio solitário que escolhi, onde as muralhas da reclusão me protegem das labaredas do amor. Aqui, alheio às melodias do coração e desconectado da paixão, encontro meu abrigo nas profundezas silenciosas da introspecção.
Em meio ao silêncio que envolve o crepúsculo, caminho em direção ao local onde repousa a essência daquela que tanto amei. Cada passo é carregado de memórias, um tributo aos momentos compartilhados que agora vivem apenas em meu coração. Eu irei até ela, mas ela não voltará para mim, e essa realidade pesa como um eco de saudade infinita.
Sinto o vento acariciar meu rosto, como se fossem as mãos dela tentando consolar minha dor, mas o frio vazio que me cerca é um lembrete implacável da ausência que jamais será preenchida. Mesmo assim, nos recantos da minha alma, mantenho viva a esperança de que, em algum lugar além das estrelas, nossos corações ainda dançam juntos, entrelaçados em um abraço eterno que desafia as fronteiras do tempo e do espaço.
É uma dor doce, uma lembrança agridoce do amor que transcendeu a vida, e enquanto as lágrimas silenciosas caem, sussurro ao vento: "Eu irei até você, meu amor, e um dia, além deste mundo, estaremos juntos novamente."
Escolher quem caminha ao nosso lado é mais do que um simples ato; é um espelho da alma, mas quando a solitude é a única companhia, ela revela a profundidade de quem somos. Na quietude, onde os ecos externos se dissipam, a voz interior ressoa, guiando-nos por caminhos únicos. E assim, diante do espelho, vejo refletido o contorno do meu próprio caráter, desenhado pela singularidade de minha existência. Na ausência de semelhantes, encontro em mim mesmo a essência que tanto busco.