Isabella Blanco
Constituir-se-á eterno. Não importa o quanto dure. O que foi, ainda é! O que é, permanece! O agora é ininterrupto. Já que o que o que sinto é meu momento, e o momento é tudo que eu tenho.
Se os sentimentos são ajustados de acordo com a intensidade de quem os sente, e sabendo que tudo que sinto é esse momento... Então este instante é eterno.
O que mais eu poderia dizer? Quem sabe meu silêncio seja mais propício para você e mais promissor pra mim.
Posso não te oferecer a formosura das promessas ditas em voz alta, mas abrasar-te-ei em um temperamento passional. Afinal de que adiantaria ouvir tanta paixão e não sentí-la?
Então você me toma. E eu que jurava estar tão congelada, vejo tudo derretendo dentro de mim. Significa que minha frieza não é tão irreversível assim.
Somente os que realmente são dignos de minhas frações imaculadas, seriam também merecedores das impudicas. Aqueles que não estimam minha candidez, jamais fariam jus a minha volúpia.
Nenhuma autopreservação em relação ao amor é realmente relevante. Já que no fim, tudo se torna coisa nenhuma. O momento já se foi, nada resta. E aquilo que é feito por amor, será perdoado.
É clássica a minha falta de jeito com extremidades. Tornou-se habitual esperar uma frieza natural em todos os inícios e em todos os terminos. Talvez por medo, talvez por costume.
É o que faz da paixão tão cheia de poesia. É o eterno clássico! Sempre dando tudo e então arrancando. Fragmentando outro coração. Fazendo doente mais uma alma.
Você sempre parece querer tudo e nada comigo ao mesmo tempo. Como uma tempestade que destrói tudo e depois desaparece sem saber.
Não sei, verdadeiramente, deslembrar de alguém. Só esqueço, de fato, aqueles que nunca chegaram a entrar em minha mente.
Sinto-me eternamente apaixonada por todos aqueles que já me apaixonei um dia. É a minha forma mais palpável de respeitar a intensidade dos sentimentos que um dia tive.
E quando tudo acabar, não se intitule mais machucado do que, de fato, você está. O drama é mesmo uma arte, mas se levado a diante, pode ampliar sua dor e criar mais do que realmente existe.
O que mais tu queres de mim, além do tudo que tu ja tens? Um adeus? Talvez esta seja a única coisa que não posso te entregar.
Muito tarde pra pensar. Não há discernimento no mundo que tenha forças para afrontar a impetuosidade com que você invade a minha mente.
Sei bem mais de mim quando não sei de nada. Sei um pouco mais de tudo quando não sei de mim. Sinto-me avulsa ao que se conhece.
Apenas vá, voe por todo mar e só retorne com olhos mais vividos. Já que tu precisas de vida e vida não sei te dar.
Deixo-te porque te amo. Amo-te demais para que possa permitir que tu te firas... Ainda mais por mim.
Ah! Se eu fosse como tu és, pequena Andorinha. Iria, só iria sem voltar. E se o vento quisesse, um dia iria te encontrar... Enfim purificada por outros ares.
Não quebre sua alma. Jogue-a no vento, doe-se a liberdade e ela vai te confortar muito mais do que qualquer paixão.