Ingrid Oliveira
A maior mentira que eu conto pra mim mesma, é que isso não passa de um sonho ruim do qual já faz meses que não acordo.
Sei que perdeu a confiança em mim, mas mesmo sem nunca ter confiado em você de verdade, te amei cada segundo da minha existência e se fiz o que fiz, fiz no desespero, afundada numa mágoa profunda, da qual me arrependo amargamente.
Eu só queria que você soubesse e acreditasse que nem tudo está perdido, pois quando se tem amor de verdade, dar-se um jeito, há reparo, há conserto, pois um fim também pode ser uma forma de recomeço e da maneira certa.
Eu só queria que o meu amor lhe tivesse feito mais humilde e menos prepotente. Amor que não se envaidesse, amor que só é amor e só.
Um dia, você vai sentir a minha falta... vai ser um dia como qualquer outro e você vai desejar que tivesse dado certo... vai sentir falta do meu rosto pequeno e frágil entre suas mãos e de como eram sinceros os meus "eu te amo". Vai sentir falta daquela louquinha que vivia se arriscando por você, que virava as noites conversando sobre seus problemas e pensamentos e que estaria disposta a te ajudar sempre que precisasse. Vai sentir falta dos olhares no silêncio do nosso amor, dos meus beijos quentes e de como eu me entregava tão à vontade a você como nenhuma outra mulher fez. Vai sentir falta de me ver dançando em sua frente e como a felicidade comigo parecia levemente surreal e ao mesmo tempo, instigante. Vai lembrar das nossas aventurinhas de amor, nossa juventude selvagem, nossas promessas e nossos sonhos cheios de datas e de nomes. Vai lembrar de como éramos docemente bobos um pelo outro e como amar parecia pouco perto do que chegamos a sentir. Mas no fim, você vai sorrir ou vai chorar e não vai desejar viver tudo isso de novo, vai se contentar com o destino como você sempre fez. Mas eu ainda existirei em algum lugar e mesmo passados anos, eu ainda vou me sentir jovem o suficiente para recordar todos os melhores momentos da minha vida.
Tive todos os motivos para desistir, mas não consigo esquecer... pior castigo não há. E há, desistir sem querer.
E hoje, eu não tenho você para me perguntar: como está? Mas o que adianta? Era só mais uma das frases que você já repetia só esperando como resposta um: tô bem. Mas o fato é que pouco você ligava se eu estava ou não estava realmente bem.
Você não guardou meu lugar, só disse que ele estava ali me esperando pra quando chegasse o nosso tempo, tempo que parecia nunca chegar, provavelmente aquele que já tinha passado e nós não agarramos com unhas e dentes.