Idenir Ramos
Não posso usar Caio, Clarice, Neruda ou Pessoa para dizer o que estou sentindo, pois o que estou sentindo acabou de nascer.
Antes de te conhecer
Eu era uma coisa qualquer
Arrastando-se entre o céu e a terra
Sem paixão, sem sonhos, sem vida.
O universo inteiro
Candidamente prostrado
Ante meu ser
Todos os mistérios revelados
Tudo tão simples e óbvio
De repente fechei os olhos e dormi,
Para sempre.
Ah, nada como a inocência de quando éramos crianças
A pureza ainda brilhando em nossos olhos
A vida surgindo como um sonho suave
Ah, por que crescer causa tanto sofrimento?
Por que o tempo traz tantas responsabilidades?
Parece que foi ontem que aprendemos a amarrar
Sozinhos o cadarço de nossos sapatos!
Ó alma minha! Peregrina solitária
Entre as dores do mundo
Quanto de tuas lágrimas
Não poderiam ter sido abreviadas
Se desviasses os olhos
Dos males que te cercam
Ah, quanto sofrimento ainda terás que suportar?
Simplesmente para estender por mais algum tempo
Tua vida pálida sob a sombra da morte inevitável.
Escrevo na língua das estrelas
E canto canções da lua
Toda esta loucura (ou poesia),
É parte desta alma que julgo ser minha
Não consigo mais reter as palavras,
Meu destino é ser poeta.
Ele não sabia que aquela vida ali vivida
Sem preocupações,
Tranquila,
Fleumática,
Era na verdade a felicidade mais sublime e poética
Que ele poderia desejar.
Viamão, ó Viamão
Meu nobre vilarejo
Venho em nome Dos Céus
Derramar perfumes
Sobre teus campos
Sobre teus lagos
E te prometer uma primavera eterna
De uma beleza que jamais se apague,
Mas porque não me recebeis de braços abertos?
Não deixarei pedra sobre pedra
Serei todo ruínas
Um templo vazio no deserto do tempo
A vida assim exige!