Iasmin Flor
eu quero abandonar a guerra
estou ferida
é possível lutar sem ódio?
até quando a dor me buscará insone?
tenho preferido o corte a perdoar
minhas mágoas
luto porque não decupo bem
as memórias que me decompõe viva
não dissolvo o ódio
e penso que o faço pelas minhas iguais
mas a verdade é que estou presa a dor
difícil perdoar
o que nunca me deveria ter ocorrido
hoje me concedo o perdão
por não saber perdoar
aceito tais retornos
não pelo perdão mas
o sabor da ferida
como se abandona a guerra
com a mira apontada para a sua cabeça?
"perdoar é lembrar sem mágoa"
desisto
seguimos pálidos
adoecidos pelos delírios
absorvidos do meio
da cultura
do consumo
seguimos mortos, vivos.
quando seus magros dedos
se aperceberam deixados
no vasto rio de meu deus
e a dor das rezadeiras
nas pedras rolaram embora
arrancando raízes a chorar
e esvaziaram suas vidas
dissolvendo como gotas
feitas de vento
e as cabeças sobre
os pescoços pactuaram
com o esquecimento
elas já não tinham mais
pernas com o que andar
sofrendo o suor da invasão
como quem perde a casa
e vaza pro lado de fora
como quem se tranca
na hostilidade e
não sabe mais retornar
nem quando partiu
Amo-te. E fatalmente desconheço os motivos. Pois se acaso tento enunciá-los, estarei a cometer grande injustiça.
Então recuso a nomear-te, visto que não o tomo. Busco somente dentro, o que move o meu corpo em tua direção.
E quanto a ti, reservo apenas o amor por assim ser, ainda que
sem razão.
Ama-se pelo vento que sopra aos seus ouvidos “é este” e o formigamento que marca os encontros. Ama-se, sobretudo, pelo bom e velho mistério.
Para que não se revele o que há
de oculto: o amor.