HUMBERTO Brassioli Corsi
Oh, Dores Que Ficam
Oh, dores na alma e no corpo…
Seja qual for, não desejo a ninguém.
Muito menos a dor que não tem cura: o amor.
Algumas dores vêm e vão,
outras se arrastam,
silenciosas, pesadas, constantes.
O corpo sente, a medicina trata,
mas há dores que vão além do físico,
trazendo significados que só o tempo revela.
Dizem que a dor fala o que a boca cala,
que cada sofrimento tem sua razão.
Metafísica, emoção, destino…
Podem até explicar,
mas no fim, tudo o que resta é suportar.
Porque há um limite para as dores.
As que são grandes demais passam rápido,
pois ninguém aguenta carregar o mundo por muito tempo.
As que duram muito, essas não matam…
mas mudam quem somos.
Se não há o que fazer,
então sigo, firme, calado,
porque fraquejar nunca foi opção.
O Tempo Sempre Vira
Hoje sou vento, ontem fui tempestade.
Já fui estrela no céu de alguém,
e também poeira esquecida no chão.
A vida gira como um relógio sem ponteiros,
ora me eleva, ora me joga ao vazio.
Mas se tem algo que nunca muda,
é quem eu sou quando ninguém está olhando.
Já me disseram o que eu devia fazer,
como sentir, quem esquecer.
Mas quem são eles para falar do amor,
se nem sabem cuidar do próprio coração?
Eu sigo em frente, mesmo com a dor,
porque sei que tudo passa.
O tempo afasta o que não é pra ficar
e fortalece o que vale a pena lutar.
E se o amor não me escolheu,
a vida ainda me escolhe todo dia.
Eu não me perco em quem não me quer,
pois me encontro em quem sou.
Entre a Lua e o Silêncio
Te vejo de longe,
como um brilho escondido na noite.
Tento te alcançar em palavras,
mas elas nunca chegam até você.
Escrevo cartas que nunca envio,
falo de amor para o vento,
e a Lua, que sempre me escuta,
sabe que o silêncio é minha resposta.
Você vive nos meus pensamentos,
nos dias que passam devagar,
nas mensagens que apago,
no que poderia ter sido e não foi.
Entre a Lua e o silêncio,
te guardo como um segredo,
meu desejo se perde no tempo,
e você nunca percebe.
E assim eu sigo,
girando ao seu redor,
como um cometa solitário,
que brilha, mas nunca toca o Sol.
Escrever é Existir
Em vez de dizer, prefiro escrever.
Porque as palavras faladas se perdem no vento,
mas as escritas se tornam eternas,
gravadas na alma e em memórias.
Ninguém pode roubar o que é meu,
ninguém pode apagar o que sinto.
A escrita é refúgio, é abrigo,
é onde me encontro quando o mundo se cala.
Se há amor, escrevo.
Se há saudade, escrevo.
Se há dor, escrevo.
Porque na escrita sou inteiro,
e nela deixo pedaços de mim.
Que importa se compreendem?
Não há erro no que vem do coração,
não há mentira no que nasce da alma.
A escrita é minha,
e nela, sou livre para sentir, sonhar e amar.
Saudade e a Beleza da Ausência
Saudade, palavra única, incomparável.
Não se traduz, não se explica, apenas se sente.
É a dor de uma ausência que,
tem o doce prazer de existir em nós.
É uma esperança que aperta o peito e acalenta a alma ao mesmo tempo.
Um sentimento que consome,
mas também purifica, enobrece, transforma.
Saudade não pede licença,
chega silenciosa e se instala,
faz morada no tempo,
relembra o que foi e o que poderia ter sido.
Mas, acima de tudo,
saudade é prova de que algo valeu a pena.
E enquanto houver lembrança,
nunca haverá um fim, apenas um eterno sentir.
Entre o Silêncio e o Sentir
Há algo em você que me toca sem palavras,
Um toque sutil que ecoa em meu ser.
Não é o olhar que diz, mas seu sorriso revela,
Um enigma que me faz querer entender.
Você, entre sol e chuva, caminha,
Com graça, com coragem, com um jeito único e encantador.
E eu, sempre distante, só posso observar,
O movimento silencioso do teu mundo.
Através da lua, como testemunha ocular.
Sei que o tempo não me pertence,
E que o momento talvez nunca chegue.
O amanhã só a Deus pertence, mas eu creio.
Em cada gesto teu, há uma eternidade,
Que, no silêncio, faz meu coração bater.
Não preciso de respostas, nem de palavras ditas,
Apenas do eco suave da sua presença, e seu cheiro.
Pois o amor que sinto, que é meu,
É a beleza de um desejo que jamais se apaga.
A Espera
Espero-te sem pressa, sem desespero,
como a brisa que aguarda o mar ao entardecer.
Não é uma espera vazia, nem um lamento,
mas um segredo que só o tempo pode tecer.
Te espero nos instantes em que o mundo silencia,
nas entrelinhas de cada dia que passa.
Porque certas almas, quando se encontram,
não precisam de pressa, apenas de graça.
É um esperar sem cobranças, sem amarras.
Sem grandes pretensões.
Como quem sabe que o destino tem seus caprichos.
Seja agora ou em outra estação,
certas histórias nunca se perdem nos desvios.
E se um dia o acaso decidir tramar,
se os ponteiros do tempo se alinharem enfim,
a espera deixará de ser espera,
e seremos nós, sem antes nem fim.