Hermes Fernandes
O humilde e o soberbo podem alcançar os mesmos resultados, porém, um se contentará com o bem em si, o outro só se dará por satisfeito se for aplaudido.
O legalismo religioso se perpetua na medida em que uma geração ache injusto que aquela que a suceder seja poupada de tudo pelo que teve que passar em seus dias.
Se de um lado encontramos os crentes legalistas, que insistem que a salvação resulta do cumprimento da Lei, do outro encontramos os crentes legistas que tratam a Lei de Deus como quem faz a autópsia de um cadáver.
Salvar-se pela prática de boas obras equivale a tentar voar depois de saltar de um avião. Nossos braços não nos servem de asas. Só nos resta recorrer ao paraquedas da graça.
Àqueles que insistem em resumir sua crença e espiritualidade num número de 'solas', sinto dizer-lhes: Sola Mento!
Sobre todos os 'solas' defendidos pelo protestantismo deveria estar o "sola amore". De onde flui a graça salvadora senão do insondável amor de Deus?
Um dos mais graves problemas da pós-modernidade é que as pessoas querem um deus feito sob medida para elas, uma espécie de 'personal god', que atenda às suas necessidades, porém, não interfira em sua maneira de viver.
Em vez de um Deus a que devam submeter-se, preferem um deus com o qual façam parceria, cúmplice de seus devaneios.
Fé desprovida de amor é como uma arma de grosso calibre, porém, sem munição. Por isso Paulo diz que o que importa é a fé que opera pelo amor.
A menos que nos entendamos escolhidos por Deus pelo bem de todos, corremos o sério risco de acreditar que nossa eleição nos faz prediletos, alimentando nossa presunção de superioridade com relação aos demais.
Quanto mais se busca a felicidade, mais ela se nos escapa. Busque o propósito de sua existência, e a felicidade lhe encontrará.
Nem sempre a história segue uma trajetória linear. Às vezes, ela lembra mais a mecânica quântica do que o método cartesiano de causa e efeito. Na descrição microscópica proposta pela física quântica, alguns conceitos do nosso cotidiano são desafiados, dentre eles, o de causa e efeito. No mundo subatômico, às vezes o efeito antecede à causa, por mais irracional que isso pareça. Seria como se fôssemos diretamente influenciados pelo futuro, tanto quanto pelo passado (ou quem sabe, ainda mais).
Se tirarmos o teor subversivo da mensagem de Jesus, o que sobra? Quase nada. E o pior é que este ‘quase nada’ acaba servindo como munição para aqueles que se colocam como guardiões do status quo.