Hélio Schwartsman
Deve ser cognitivamente frustrante viver no mundo em que a ciência entrega seus produtos (antibióticos, fornos de micro-ondas etc) e a religião se esconde confortavelmente atrás de uma mercadoria que só pode ser despachada quando comprador já não estiver aqui para assinar o recibo. O paraíso e todo aquele papo de salvação eterna são tão simbólicos quanto o inferno, que não existe.
Não encontrar uma explicação é muito mais uma medida de nossa ignorância do que a certeza de uma interferência sobrenatural.
Na democracia, a primeira coisa que precisamos aceitar é que nossos desejos nem sempre se realizam.
Se a física com suas fórmulas e números longos parece uma coisa complicada, as ciências sociais são muito mais. É que o reducionismo, isto é, a possibilidade de quebrar um fenômeno complexo em elementos mais simples para entendê-lo, funciona melhor nas ciências exatas do que nas que envolvem seres humanos.