Helena Rodrigues
Alguém discorreu, um dia, sobre o quanto sou intensa e afobada - sempre tomando decisões, posições e posturas sem medir. Mas cá entre nós? Não vou me desculpar por ser quem eu sou.
Se você não entende nada sobre as grandezas inversamente proporcionais, eu explico: quanto maior a sua indisponibilidade, menor o meu interesse. Sacou?
E você só valoriza a paz interior porque ainda não descobriu o quanto é gostoso encontrar alguém que provoque uma rebelião dentro de nós.
Eu admito que já fui arrogante o suficiente para me considerar inesquecível. Mas, com o passar do tempo, aprendemos que tudo é transitório: alguns sentimentos não duram mais do que dez segundos.
Não sou escrava das expectativas alheias: tenho uma preguiça absurda de me justificar por não ser nada do que os outros esperam.
Sem essa de ser apenas uma coisa ou outra: possuo um lado amável e outro brutal, violento. Na falta de qualquer um deles eu estaria, definitivamente, aleijada.
Não utilize uma decepção como pretexto para afastar as outras pessoas: a solidão faz o nosso coração apodrecer.
Entenda, meu bem: há anos eu cansei de deixar apenas uma cama desarrumada para trás. Hoje, se não for para bagunçar a sua vida inteira, nem me deixe entrar.
O meu ser é composto de fragmentos puros e indecentes, um amontoado de vícios e de virtudes que garantem a minha funcionalidade.
Não se apegue aos detalhes: simplesmente reconheça que, em determinados momentos, somos apenas o que nos convém.