Helena Kolody

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⁠A lenda do diamante

Em um tempo atrás, na região Centro-Oeste, vivia à beira de um rio uma tribo
indígena, e dela fazia parte um casal de índios muito feliz, que a paixão se destacava entre todos os outros casais. Ele, um guerreiro poderoso e valente,chamava-se Itagibá, que significa “braço forte”. Ela, uma jovem e bela moça, tinha o
nome de Potira, que significa “flor”.
Viviam tranquilamente e felizes, até sua tribo ser atacada e ser anunciada uma
guerra. Itagibá teve que acompanhar os outros guerreiros à luta contra o inimigo. Ao se despedirem,Potira não deixou cair uma só lágrima, mas seguiu, com o olhar muito triste, o marido que se afastava de sua canoa.
Todos os dias, Potira ia para a margem do rio esperar o esposo. Passou-se muito tempo, mas Potira permanecia serena e confiante, com saudades tinha esperança que logo seu amado chegaria.
Quando os guerreiros da tribo regressaram à sua taba, Itagibá não estava entre eles. Potira foi informada que seu marido morreu lutando bravamente. Ao receber essa notícia, a jovem índia se descontrolou a chorar. Passou o resto da vida à beira do rio chorando a morte do seu amor. Tupã, o deus dos índios,ficou com dó e transformou as lágrimas de Potira em diamantes, que se misturaram com a areia do rio.
Daí a razão pela qual os diamantes são encontrados entre os cascalhos e areias do rio. Seu brilho e pureza recordam as lágrimas de saudade e de amor da índia Potira.

LIÇÃO

A luz da lamparina dançava
frente ao ícone da Santíssima Trindade.
Paciente, a avó ensinava
a prostrar-se em reverência,
persignar-se com três dedos
e rezar em língua eslava.
De mãos postas, a menina
fielmente repetia
palavras que ela ignorava,
mas Deus entendia.

Sonhar é transportar-se em asas de ouro e aço
Aos páramos azuis da luz e da harmonia;
É ambicionar o céu; é dominar o espaço
Num vôo poderoso e audaz da fantasia.
Fugir ao mundo vil, tão vil que, sem cansaço,
Engana, e menospreza, e zomba, e calunia;
Encastelar-se, enfim, no deslumbrante Paço
De um sonho puro e bom, de paz e de alegria.
É ver no lago um mar, nas nuvens um castelo,
Na luz de um pirilampo um sol pequeno e belo;
É alçar constantemente o olhar ao céu profundo.
Sonhar é ter um grande ideal na inglória lida:
Tão grande que não cabe inteiro nesta vida,
Tão puro que não vive em plagas deste mundo.

É meio-dia em minha vida.
Um mensageiro inesperado
Vem prevenir que apresse a lida,
Como se fosse anoitecer.

Vento da noite, ainda é cedo!
... e nem lavrei a terra agreste.

Pintou estrelas no muro e teve o céu ao alcance das mãos.
Helena Kolody

arco-íris no céu.
está sorrindo o menino
que há pouco chorou

tão longa a jornada!
e a gente cai, de repente,
no abismo do nada

Para quem viaja ao encontro do sol,
é sempre madrugada.