Halany Gomes
Tudo fica bem quando o meu bem está bem
Bem vai ficar quando o meu bem chegar
Tudo fica mal quando o meu bem diz que não vem
Bem vai ficar quando ele vier ficar
O pessoa me incentiva e me abastece,
Me segura e me amola
Como uma pequena espada
Ao nascer agora
Ele se opõe, sente, deseja,
Se enche de esperança e desilusão,
Se oculta, se inventa
E isso tudo de três formas que esbanjam emoção
"Um dia, lá para o fim do futuro, alguém escreverá sobre mim um poema,
e talvez só então eu comece a reinar no meu Reino." Fernando Pessoa
A felicidade existe; eu sei.
Só não sei de que é feita, ou de onde vem...
Vem do Sol? Da Lua? Do meu coração?
Começo a crer que ninguém é feliz...
Apenas pensa ser, e logo afirma
Isso o faz satisfeito, então que bom seja.
Tais Fins
Ah, Pedro, meu querido
Quanta coisa eu não vejo
Pois quando dou de vista, já tem s'ido
Fim do livro, da vida ou do beijo
Ah, você, alegre Pedro
Que se ilude que algo não tem seu fim
Até o até a morte os separe morre
Quando o fim da vida chega, assim
Ah, meu Pedro, Pedro meu
Tem fim até para nós
O meu fim e o seu
Que hoje somos apenas sós
Mas meu Pedro, bem querer
Não deixe que o nosso fim
Te deixes tristemente entristecer
E que você não se assuste ao saber
Que o universo tem fim, sim
Só não o chegaram ver
Mas que você não penses
Que nada vale viver
Pois tudo é infinito
Quando está dentro de você
Donzela dos porquês
Ao ouvir uma afirmação
Vem a ti, perguntar
Qual o intuito e razão
Daquilo asseverar
Acredita e faz interpretação
"Tudo ocorre porque"
Há motivo para ocorrer
Uma miúda razão
Para ser feliz, é necessário sorrir
Para chorar, é preciso triste estar
Para atrapalhar, é necessário intervir
Para vencer, é preciso lutar
Isso é tão pessoal
Compreensível e real
O que há em querer
Não apenas viver?
Não venha cogitar
"Não é preciso interpretar"
Não existe só sentir
Eu sou de perseguir
Para amar, é preciso encontrar
Para viver, é necessário existir
Para se ter amigos, é preciso cultivar
Para cuidar, é necessário possuir
Iceberg
Tão anti-aconselhável,
Tão pouco a transparecer.
É muito pouco viável,
Controlável demais ao ver.
Alguns asseguram conhecer,
Alguns declaram desconhecer
Todos enganados estão,
Sobre mim supor é agir em vão.
Desestimulo inter-pessoal
Tenho um censor natural que se alarma quando as coisas não estão indo pro lugar certo (ou até mesmo, quando ainda estão para se tornarem concretas). Sinto -involuntáriamente- que está ocorrendo uma divergência de planos, pensamentos e metas, me fazendo crer que nada tenha o valor preciso para seguir adiante. Sem somar o público "desacreditado" ao meu redor e os sonhos irrealizáveis que me julgam ter. Porém, me permita pronunciar; sonhos os quais julgam impossíveis, não me assustam, somente me estimulam. E essa divergência frequente, vai deixar-me, sou tão forte contra isso, quanto aço inoxidável para com oxidação.
Suas coisinhas
Seu timbre, olhar e viver
Seu andar, ser, e crer
São tão encanta dores
Seus ciúmes, e formosuras
Suas risadas, suas ironias e doçuras
São tão instiga dores
Suas paixões, palavras e virtudes
Seus carinhos, vícios, e inquietudes
São tão apaixona dores
O seu gostar sem gostar
O seu querer sem querer
Faz-me bem enorme
Cada um é da maneira que quer
Ou que é proposto a querer
Ninguém diz 'eu quero ser isso', e é
Não tem essa de ser ou não ser
Dúvida de uma tarde
Tentou ser, mas não foi. Tentou ir, mas não deu e simplesmente saiu do carro.
- Volta aqui, Mariles! Gritava o outro, enquanto a ele gritava o silêncio. A caminhar por a estrada avermelhada de pó do sertão, pensava sobre o que tinha o seu devido valor. Tinha ouvido palavras tão marcantes, desde o amor, até o ódio, e simplesmente resolvera que não iria continuar. Não mais. Refletia se estava vivendo uma história inventada, quando seus pensamentos foram interrompidos por Matteo, novamente, a berrar: - Mariles! Exagerei ao falar aquilo, me desculpe! Mas ao virar-se o falou: - É claro, depois da invenção da palavra desculpa, pode-se fazer e dizer o que quer, sem precaução alguma! É normal e bom exagerarmos ao amar demais, estar feliz demais, mas ao magoar alguém, palavras assumem papeis de grandes espadas, e acredite, isso é tão anormal para mim. Pedro retruca: - Perdoa, Mariles! Sabe que te gosto tanto... Isso acontece por você me irritar com certos fazeres! Mas entra logo nesse carro, o sol já está nos deixando. Mariles, com receio da escuridão e do que frio que vinha junto dela, entrou. Já tinham vivido tantos prazeres e desprezares juntos que chegou a conclusão que 'eu te odeio' não é tão forte assim, não quando os dois estão de neurose, exaltados e com sistema irritante inflamado.
Tentou ser, mas não foi. Tentou ir, mas não deu e simplesmente entrou no carro.
Um amplexo pra quem entendeu! :)
Bilhete de ida
Caiu. Quebrou. Despedaçou. Não quero mais.
O doce, a formiga comeu. Eu, não volto atrás.
E o resto, AH! O resto... Virou poeira.
Não há como voltar, não tem reiniciar, não dá pra reinventar.
Fiz. Foi feito. Está feito. Feito vai ficar.
Momento não-certo
Estou tentando. Evitando. Me negando. Mas não está dando certo.
Em meus reflexos tem andado um ciúme absurdo, ciúme dos seus sonhos.
Talvez você não entenda o porque, mas a vida há de te apresentar e explicitar.
Eles podem estar na sua cabeça todas as noites, podem te fazer sorrir, te ver sorrir.
Eles podem te afagar, te acalentar, te tratar. Eles podem ver-te cochilar no seu próprio colo.
Isso não pode acontecer, não pode se ativar. Tão fugaz, tão inestimável, no mesmo que é amável.
Estou tentando. Evitando. Me negando. Mas não está dando certo.
Galope da despedida
Disse a sua princesa:
Logo voltarei, logo estarei aqui
Mas a sua tristeza
Não a deixava permitir
Quero que me leve
No galopar do seu cavalo
E me dizer que a mim tu queres
De estar, pra sempre do meu lado
Meu bem
Eu sei que feliz tu não estais
Leva o meu sabor, o meu clamor
Comigo fica a ausência e nossa dor
Mas o meu coração contigo vai
E perto do ventilador estava a corrente. Sim, aquela que lhe tinha dado. O pingente já tão gasto, em forma de orgão bombeador de sangue, lembrava dos 30 anos atrás. Lembrou novamente daquele amor.
No calor do teu abraço
No calor daquele abraço
Sentira o beijo e o mormaço
Ao sentir se estranhou
Primeira vez desse calor
Achou estar mal por tanto
Só não imaginava
Que o amor lhe adentrando
Tão espoleta estava
O seu homem a segurou
Lhe deu amasso e sussurrou:
- Te quero como minha
Como mulher e primeiríssima
Te quero como agora
Sem deixar para outrora
Meu grande amor, amor meu
Te entregas, meu coração é teu
Depois de tanto aguço
Mãos se entrelaçando
Sussurrava aos soluços:
Estou me entregando
Perderam tanta energia
Naquela noite, e agora
Sem perceber que já raiava o dia
Que seu amor encontrava a aurora
A exaustão era inevitável
O prazer inegável
Agradeciam a Deus o amor que os tinha dado
Pois graças a ele, acabavam de batizá-lo
Deixa fluir
Vou por aí
Beber o mel que tenham a me oferecer
Distribuir o que passaram em mim ao nascer
Vou por aí
Curtir o que a vida tem a me valer
Quero viver, transparecer e prevalecer
Vou por aí
Com trilhões de amores a me amar
Tentando ser feliz em algum lugar
Vou por aí
Do mais justo ao que vai agradar
Sou do bem, vou por aí.
O meu quente
A sua temperatura fervente me acalenta
A sua escassez de água por vezes me desidrata
A sua não-grande prosperidade me preocupa
Mas não o troco por lugar nenhum do Sul.
Os teus rostos sofridos do Sol
O teu exôdo, o teu gritar silencioso
O meu amigável Sertão
Um jovem velho, já tão maltratado
Uma flor já tão murcha
O meu amigável Sertão
Não te secas, amigável, não te secas
Não some do meu coração