Gleyciane Cambraia
Recentemente, cheguei à conclusão de que nada é exato, nem mesmo os pilares da ciência, como a física, a matemática e as leis do universo; tudo existe apenas em termos aproximados. Assim, afirmo que toda criação é perfeita em suas imperfeições.
Você deixou as sementes de propósito caírem,
E naquele momento, meu coração se angustiou,
Pois suas sementes eram venenosas,
E sei o quanto sou uma terra fértil.
Assim, inevitavelmente, elas cresceram,
Te trazendo para perto como plantas carnívoras,
Fazendo você sentir um pouco dos seus próprios sentimentos,
Para entender e saber que não era só ir embora.
Pois assim, elas cresceriam ainda mais,
Se multiplicariam e frutificariam,
Permiti que elas chegassem ao auge da sua loucura,
E que se devorassem diante dos teus olhos.
Para que sentisses o impacto das tuas sementes,
Como são poderosas e autodestrutivas,
Mas para que não sobrasse nenhuma,
Te enrolei em algumas delas.
Uma segurou tua pele, teus olhos,
Outra foi em teu coração e mente, na tua fraqueza,
Para que tomasse a decisão de matá-las pelas raízes,
Até ao solo, e nada sobrasse além das imagens de algo que teve vida.
Agora restaram apenas rastros secos de alguma vida,
E tu podes partir, e eu voltar para mim.
A saudade anda compondo melodias mudas,
Notas que flutuam nas veias cheias de sentimentos,
Nos acordes do passado, ainda ecoam nas emoções e nas memórias,
Na partitura da alma, só quem consegue ler
É quem tem a chave do coração machucado,
Que na sinfonia do amor, foi o abrigo.
Você é a obra de arte mais linda que Van Gogh não pintou, cada pincelada é uma camada profunda de sentimentos que se entrelaçam, uma tela viva de sensações intensas.
Ele não te pintou, mas eu eternizei teu retrato e tua alma em poesias e canções.
Nem sempre alegre, nem sempre triste, nem sempre real, mas sempre verdadeiro, como um pintor que deu lugar às palavras que ganharam cor.
Você soltou minha mão quando mais precisei de uma para segurar. Um gesto tão simples, mas que trazia um conforto em meio ao meu tormento. Era apenas uma mão.
Não me importo com suas narrativas e as reviravoltas do enredo, pois eu não as escuto. A única voz que consigo ouvir é a dos desejos do meu corpo, a voz ruidosa da minha mente e a inquietação da minha alma.
A autenticidade das nossas vivências não depende da veracidade dos fatos, mas sim da realidade da experiência em si.
Enterrei-te vivo, nas profundezas do meu ser,
Amordacei-te dentro de mim, amarrado sem direito a fuga,
Mas posso ouvir o barulho devastador do desespero,
Se contorcendo e revirando tudo na busca de escapar e renascer.
Teu lar em mim é na câmara fria do meu coração,
Na escuridão da minha alma, onde encontras morada,
Meu silêncio em relação a ti é absoluto,
Talvez, um dia, possas emergir, mas será apenas um oi até nunca mais.
Pois o que um dia foi amor, hoje é uma sombra silenciosa,
Um eco distante do que fomos um dia,
Uma presença que se desvaneceu no tempo,
E agora paira como uma memória vazia e melancólica.
Teu corpo é um labirinto onde me encontrei e me perdi,
Deslizei meus dedos, tua pele com ternura percorri,
Cada sinal, cada traço, até o sinal na orelha direita,
Cada olhar, cada gesto, teus lábios tremem quando palavras estão presas na garganta e não querem ser ditas,
Teu sorriso solto se revela quando verdades são ditas por outros,
E quando discordas de algo, inicias tua frase com um "ô...",
Sim, memorizei cada detalhe de ti,
No silêncio das tuas palavras, soa o choro de uma guitarra,
Em cada acorde uma dor calada, um eco de sombra e luz,
Em cada pausa, um suspiro, nas entrelinhas que não vemos,
Nas paredes da sala, a assinatura dos teus gritos, infelizmente, em mim,
Tu enxergaste a carne, enquanto eu vi a tua alma,
Houve uma trava, um código errado, acesso negado,
Mas tuas digitais permanecem em mim, incrustadas.
Meu corpo arde em chamas por ti,
É um fogo que me consome sem queimar.
Minha mente te sente sem o toque de tuas mãos,
E meu desejo por ti cresce como um leão voraz e sedento.
Sua voz é brasa que incendeia minha alma,
Quero sentir-te dentro de mim,
Percorrendo meu néctar como o mais suave dos rios.
Teus dedos são navegadores explorando o mapa secreto de minha pele,
Só tu tens o dom de acender meus instintos mais sacanas.
Contigo, conheço o ápice do êxtase,
O tempo pausa para o espetáculo que é nossa conexão.
Nossas energias vitais se entrelaçam em um emaranhado contínuo de fogo e luxúria.
Você é a contradição em mim,
Esse contraste que me arrepia a alma e me deixa molhada,
Que me arruma e me bagunça,
Uma dança entre amar e odiar.
Quero tudo e quero nada,
É o desejo de me entregar,
Viver essa paixão que me alucina,
Que me ilumina e me arranca do chão.
Ao seu lado, não importa a hora,
Se é dia ou noite, a qualquer momento.
Quero parar o tempo, como uma fotografia,
Te quero hoje, amanhã e para sempre.
Não sei se é pra viver pra sempre,
Ou se são só lindos momentos,
Mas eu só sei que te quero,
Gravados em nossas memórias.
A religião pode
ser uma prisão que o indivíduo
aceita voluntariamente, acreditando
estar sendo livre.
De todos os sentimentos que os seres humanos possam experimentar, devem fugir demasiadamente da culpa, pois ela os leva a uma prisão perpétua, de difícil escape.
O único capaz de combatê-la é a fé; quando a encontrar, agarre-a e fuja sem olhar para trás.