Giulia Staar
Lá estava eu novamente, suspirando pelo que não me faz bem. Lá estava eu, a espera de algo que nunca ia chegar, a espera de dias que nunca iam voltar, a espera de um alguém. Um simples alguém que por milagre ou algo assim, me fizesse bem ao ponto de eu ama-lá. Estava la eu, a espera do amor, da saudade, das memorias, da agonia expendida que é ser feliz. Mesmo sabendo que nada disso chegaria.
E os dias foram ficando piores,sozinhos, ao ponto de minha maior inimiga ter se tornado a minha própria presença.
O tempo estava ruim. O dia estava escuro, o sol tentava aparecer mas nunca conseguia. A chuva caia e parecia que nunca teria fim. O vento praticamente gritava por socorro. Mas o dia não era ruim. Era o dia da verdade. O dia que tudo que era real aparecia, que ninguém se escondia. Era o dia em que todos juntos formavam uma coisa só. Era o dia, que eu sentava e pensava. Era o dia em que eu não existia para ninguém. Mas foi o único de muitos no qual eu finalmente me senti viva. Sentia minha própria presença e eu não me incomodava com ela pela primeira vez na vida, foi o dia no qual eu não precisei de ninguém e que só era dependente do que a vida tinha a me oferecer. Eu esqueci de tudo. Eu também havia lembrado de tudo. De tudo que me fazia bem, e já me fez alguma vez. Foi um dia de nostalgia, um dia no qual não houve arrependimentos, foi um dia no qual o tempo estava ruim, um dia que a chuva parecia ser eterna e o vento gritava por socorro... E por mais que tudo parece errado, eu tinha certeza que pelo menos dessa vez, estava tudo certo para mim.
E eu passei tanto tempo tentando desvendar os outros, que no meio acabei me perdendo. E foi assim que virei o quebra cabeça que eu sou hoje. O mais complicado de se montar, mas não pelo caso das peças se parecerem ou de ser grande demais e sim porque ao longo do tempo fui perdendo algumas peças, a cada vez que eu chorava, sofria, e me iludia. Eu sou como um jogo velho dentro do armário. Sou como aquela roupa que você chegou a comprar mas nunca usou. Sou como seu tennis favorito que com o tempo foi ficando pequeno no seu pé. Sou a água que sempre escorre de suas mãos, por mais que ela queira ficar. E por pior que parece-se eu tentava me encaixar, me achar. E antes que pergunte, não. Não encontrei nenhuma peça que se encaixa-se no lugar perfeitamente. Por mais que eu tenha procurado.
Vamos apenas fingir que está tudo bem. Fingir que não estamos magoados e não temos problemas. Vamos andar em direção ao inevitável. Vamos jurar, prometer e nunca cumprir. Vamos tentar fingir que entendemos o mundo ao nosso redor, e que a cada suspiro de nossa existência nunca ficamos com vergonha de nós mesmos. Vamos fingir que aprendemos com nossos erros e eles nos fizeram o que somos hoje. Vamos renunciar nossas vitórias, desacreditar na glória. Vamos. Fomos ao fim do mundo e não percebemos, tentamos acreditar em coisas sem sentido, como a vida, como a rotina que nos enjoa e nos faz regredir. Pensamos que devemos fazer o certo, mas quem disse que praticar o errado também não faz bem? Vamos, vamos. Diga que os entende, que sabe o que estão passando, enquanto nem suas palavras entende. Diga que quer morrer enquanto tem tanto a viver. Diga. Diga que sente muito, mas nem pensou nada a respeito. Vamos fingir que gostamos de ser quem somos, que amamos nossos erros. E que acima de tudo que gostamos de mentiras, afinal, qual a maior prova disso do que nós mesmos?
Eu há dias vinha pensando. Vinha apenas existindo, era um circuito de emoções, era uma como uma corrida para ver quem chegaria mais rápido, meu cérebro ou meu coração. Tinha uma esperança morta nos braços, confidencias nunca feitas, olhares nunca trocados, palavras trancadas, dias guardados. E apesar de tudo, eu tinha amor, mas o problema era que eu tinha para dar e nunca para receber.
[...] É talvez seja assim, difícil mesmo perder alguém e saber que nunca vai poder ter de novo. E é nessa hora que você começa a ter um relacionamento com as memórias, aquelas reais e as que você mesmo cria para não piorar as coisas.
Ela era controversa, totalmente inversa, as vezes até perversa. Tinha aquela coisa louca de amar contos de fadas e de dizer que amor era para fracos ao mesmo tempo. Ela tinha uns bordões bem loucos, costumava falar dois altos o tempo inteiro para que a ouvissem, como se estive-se no jardim de infância ainda. Agia como se a vida fosse um verdadeiro pega-pega pois saia correndo o tempo inteiro. Eu a via sempre rir e sair contanto piadas por todos os lados. As vezes pintava a unha de umas cores que eu nem sabia que existiam. Era o que podia se chamar de uma caixinha de surpresas ambulante. Ela falava demais, mas nunca sobre si mesma. Claro que todos sabiam onde morava, a sua idade, sua cor preferida, os filmes que gostava, os livros que tanto lia... Mas sobre seus sentimentos? Era estranho até para mim pensar que ela tinha algum, nunca a vi falando de como amava algo ou de como estava triste, que não em relação a um livro que leu. A garota era paranoica, estranha, na maioria das vezes irritante. Acho que nem fazia ideia do que significa-se a palavra limite. Tinha seus momentos, na verdade acho que ela acreditava que todos os momentos eram o dela. Engraçado. Eu também achava.
Se apaixonar é como beber uma garrafa de vodca, quanto mais se bebe melhor fica. Mas quando o efeito acaba, nada lhe resta a não ser uma grande dor de cabeça.
“Lhe desejei o mal por um instante.
acreditei que se você cai-se,
eu estaria lá em baixo para te segurar.
Lhe desejei o mal por um instante,
só para nos meus braços, por alguns segundos te ter.”
Outrora doce como a primavera, outrora quente como o verão. Outrora indecisa como o outono... E ele chega e tudo muda, por mudar... E hoje apenas fria. Fria como o inverno, que nunca fim parece que terá.
Tenho vergonha de sentir e muitas vezes prefiro fingir que sou feita de gelo. <b>E bem, quem imaginaria que logo você iria me derreter?</b>
E naquele momento em que você sorriu, percebi: <i>Que para combater o príncipe encantado, que insistia em se infiltrar em meu coração, teria que liberar a bruxa que há dentro de mim.</i> Só para minha própria segurança...
Um espaço bem grande tinha se aberto em seu coração. A solidão torna-se sua melhor opção, lagrimas viraram suas melhores amigas… Sorrisos sua maior saudade. Respirar era involuntário, sofrer tinha se tornado a mesma coisa. Drama? Não, respondia. Realismo. Era realista. Antes até se deliciava com sonhos que sempre iriam ser sonhos, hoje apenas espera, mas não por algo que sabe que não vai vim. Na verdade ela espera pelo nada… Como dizem: As vezes é melhor não esperar demais de ninguém para ter um dia a chance de se se surpreender. Mas que alguém? Ela nunca teve ninguém. Aqueles que pensava que no minimo eram alguém, não tiveram força de aguenta-lá por muito tempo… Mas quem disse que ela não entendia? Entendia perfeitamente, e até pensava as vezes em abandonar a si mesma. Seus pais da qual ela não era filha, proclamavam a frase usual. “Você se faz de vitima”. Ela se derramava em pensamentos toda vez que ouvia a frase. Vitima? De se mesma só se for… Ela vivia em estado de câimbra, sempre com dores, apertos, que iam e voltavam… Um dia chegou quase a se afogar em seu mar de incertezas, pensou até em tentar a pescar um peixe, mas quem disse que conseguiu? Um tubarão mordeu a isca. Seria o fim? Ela seria mordida? Destroçada? Pensou que não, nada poderia ficar pior do que já estava. Sentiu um aperto, sentiu todas as cores tornando-se uma só… Ouviu apenas um só, o da misericórdia. Estavam levando-a para o fim… E enfim se regozijou em um sorriso…Coitada, não fazia a menor ideia de que para eles dentro de todo fim havia um recomeço…
- Quando as lagrimas se tornam melhores amigas e a solidão sua melhor opção.
Ele me chamava de idiota, me fazia de idiota, e me tornou uma idiota… Interessante, e eu que acreditava que os opostos se atraiam.
Ele me olhou, e seu olhar parecia adentrar até minha alma. E eu constantemente vinha me perguntando: ”O que será que ele via de tão especial na minha?"
Era a desgraça em pessoa, não fazia meu tipo, não me agradava, nem ao menos me fez dar uma risada alguma vez. Era o tipo de pessoa que com muita auto-confiança e esforço conseguia-se ignorar. Suas falas sempre viam acompanhadas de um singelo palavrão, suas expressões faciais sempre envolviam o maxilar trancado… Era o tipo de homem que todas as garotas queriam, o chamado “Perigo em pessoa”. Engraçado, eu nunca fui o tipo de desejar o perigo para mim. A maior parte do tempo me afastava de qualquer coisa do tipo, eu não gostava de confusão, muito menos de pessoas que atraiam-a por instinto. O fato é que depois de um tempo, quanto eu mais fugia eu mais me aproximava… Mais de suas manias entendia, mais de suas loucuras participava, mais dele eu conhecia… Nada parecia lucido quando estava ao seu lado. Por isso fugia, fugia, mas nunca a lugar algum… Corria em círculos, era um ciclo que nunca tinha fim. Ele até um dia chegou a me dizer que eu fui a unica de tantas que se importava com sua sanidade mental, bom, não era só com a dele que eu me preocupava, era com a minha também, que vinha constantemente declinando, a cada vez que ele se aproximava, a cada vez que seu cheiro se espalhava, que sua boca abria em um sorriso escondido só para mim, a cada vez que ele nada falava, apenas me observava… Eu estava ficando confusa, não entendia o que era aquilo que tínhamos, não entendia porque eu parecia estar gostando daquilo tudo que eu sempre procurei fugir. Não entendia o porque de eu ser importante para ele, o porque dele ser tão insano ao ponto de achar que sentia algo por mim. Ele nunca havia me feito sorrir, nunca havia dito que se preocupava comigo, nunca havia dito nada para mim que não viesse acompanhando de um palavrão. E por mais que eu quise-se negar, ele insistia em afirmar que havia algo, que tinhamos algo e que eu era idiota demais para perceber. Eu era o tipo que não se apaixonava, que nunca me deixava levar por nada, era a garota que tinha medo até da própria sombra, que procurou ser tudo menos a garota de alguém… Ele era impulsivo, explosivo, indiferente, a desgraça em pessoa. Ele exalava perigo, e bem, depois de um tempo eu parecia bem avontade com o fato de me arriscar só um pouquinho…
Aquela sensação aguda de desejo estava presente, apesar de ser considerada tão estranha, tinha a abalado… Ela ao menos o conhecia. Na unica vez que o encontrou, ele fez questão de demonstrar que a presença dela não o agradava… Mas ao mesmo tempo a olhava de um modo que ninguém nunca ousou fazer. Ela tinha que admitir a si mesma, ele havia provocado sensações que ela nunca havia ouvido falar, muito menos sentir… Era exitante, arrebatador. E por mais que ela quisesse negar, viciante. E por um pequeno momento se viu desejando para que ela nunca acabasse, mesmo que isso significa-se encontrar com ele outra vez.
Há quem diz que ela é completa… Há quem diz, que seu eterno inverno um dia já foi verão, a quem diz que, os seus dias nunca foram contados e seus desejos todos, já foram realizados… A quem diz que a garota é absurda e impulsiva, engraça e um pouco forçada… Mas nunca feliz. Atrás de seus olhares famintos por algo que complete seu vazio, existia sempre alguma qualquer outra complicação, e que se não houve-se tenho certeza que na mesma hora ela inventava. Ela se via e não se achava, muito menos se importava… Sua vida era vaga, como sempre representando seu coração. Sua mente devia ser ligada a algum nervo da dor, falava-lhe estimo para viver e deixar enfim de existir. A raiva a possuía, a solidão, a agonia. Ela não entendia o porque ser tão fria enquanto todos eram tão quentes. Ela se via, mas nunca a viam. Ela era perdida, mas nunca tentaram encontra-lá. Ela não amava, mas era algo normal para alguém que também nunca foi amado.
Eu não entendo nem me desentendo… Dormo com a esperança, mesmo sempre acordando com a amargura. Nunca vivi de verdade, mesmo sendo tão velha… Velha de pensamento, velha de viver, velha de amar. Meu tempo sempre foi meio legião urbana, constantemente perdido. Meus olhos cansaram de observar: Caminhos, pessoas e nunca compreende-las. Cansei do espelho que nunca conta mentiras, cansei do homem que nunca me conta verdades, cansei dos que me faltam com lealdade, cansei de tentar dividir os problemas e no fim sempre acabar os multiplicando… Sonhei por um instante, mas o realismo é sempre dominante… trinta anos de amargura, trinta anos de esperança, trinta anos de finais… Mas eu apenas queria um dia, porque basta um para se ter um recomeço.
Um espaço bem grande tinha se aberto em seu coração. A solidão torna-se sua melhor opção, lagrimas viraram suas melhores amigas… Sorrisos sua maior saudade. Respirar era involuntário, sofrer tinha se tornado a mesma coisa. Drama? Não, respondia. Realismo. Era realista. Antes até se deliciava com sonhos que sempre iriam ser sonhos, hoje apenas espera, mas não por algo que sabe que não vai vim. Na verdade ela espera pelo nada… Como dizem: As vezes é melhor não esperar demais de ninguém para ter um dia a chance de se se surpreender. Mas que alguém? Ela nunca teve ninguém. Aqueles que pensava que no minimo eram alguém, não tiveram força de aguenta-lá por muito tempo… Mas quem disse que ela não entendia? Entendia perfeitamente, e até pensava as vezes em abandonar a si mesma. Seus pais da qual ela não era filha, proclamavam a frase usual. “Você se faz de vitima”. Ela se derramava em pensamentos toda vez que ouvia a frase. Vitima? De si mesma só se for… Ela vivia em estado de câimbra, sempre com dores, apertos, que iam e voltavam… Um dia chegou quase a se afogar em seu mar de incertezas, pensou até em tentar a pescar um peixe, mas quem disse que conseguiu? Um tubarão mordeu a isca. Seria o fim? Ela seria mordida? Destroçada? Pensou que não, nada poderia ficar pior do que já estava. Sentiu um aperto, sentiu todas as cores tornando-se uma só… Ouviu apenas um só, o da misericórdia. Estavam levando-a para o fim… E enfim se regozijou em um sorriso…Coitada, não fazia a menor ideia de que para eles dentro de todo fim havia um recomeço…