Gislene Camargos
NO CÉU...
Tuas mãos debulham estrelas em meu corpo...
desenha aquarelas surreais em meu coração...
Teu coração explode em ode
às nossas almas em
inspiração e composição...
Somos crianças e criação... somos recreação...
Nossas mãos ainda jogam amarelinha
e nossos corpos e almas e corações
ainda vislumbram chegar no “céu”...
Um céu riscado de giz
no quintal de nossos sonhos...
Chegamos no céu...
ou será sonho?
"DE COR"...
A vida é inédita...
quem dita as regras?
Sem script...
Ao vivo com ou sem cores...
sem ensaio... é de soslaio...
Um balaio de “gatos” e de ratos...
atos insanos... em anos ou segundos...
Um balaio de jabuticabas e roseiras...
inundo o mundo imundo
de esperança e poesia e utopia...
Na pia batismal fui inundada e encharcada...
mania de “coloração”.... cor com o coração...
Coração sangrando e esparramando poesia...
À deriva estou... e viva a poesia...
e vivo a poesia... com cor e de “cor”..
Poesia “de cor”...
NA COZINHA DO MEU CORAÇÃO...
Mãe, fiz do meu coração o teu altar...
de lá cuidas de tua filha...
Mãe, na cozinha do meu coração,
Tu, com tuas mãos de fada ainda cozinhas...
uma culinária de amor e poesia...
bem mineirinha...
O fogo sagrado da tua...
da nossa ancestralidade continua
fazendo magia e poesia
na fornalha com seu fogo urdido e ardido...
feito de pôr do sol...
Mãe, memória viva, que me inspira e atiça...
sempre em amor e esperança...
Mãe, tu és tudo...por tudo...
és eterna em mim...
a mais terna presença...
SOMOS FEITOS DE QUÊ?
Somos feitos de amor...
com confeito de pó de estrelas...
de lua... de sol...
de nuvens... de mar...
de rio... de cachoeira... de estrelas...
No meu e no teu peito,
um camaféu de estrela...
onde enlaçadinhos estão nossos “dnas”...
Dormentes estamos...
Vez ou outra, abro um dos olhos
pra ver se ainda dormes...
Está na hora... de acordar...
vamos a cor dar às nossas vidas...
às vidas dos outros e ao mundo?
Hora de acordar e amar...
TREMPE E TEAR...
O Amor é “trempe”
aquecendo nossos corpos
em chamas ensolaradas e estreladas...
Enquanto isso, nossos sonhos
são enredados pelo tear...
num altar em alto mar...
nossos medos,
pendurados nos varais
criam coragem...
e viram miragem numa viagem...
passagem de trem...
viagem... vertigem...
DE "ALMAS DADAS'
Em minha cabeça,
uma “rudia” de sonhos...
aninham e ninam coração
grávido de palavras...
Minha alma feita de eternidades
continua a peleja de roçar na tua...
Eternidade de literatura e urdidura...
perdura na lua de luto e de luta...
“Luto” por todas as idas e lutas...
uma labuta com a batuta do Poeta
Onisciente e Onipresente...
presente até na ausência
e na saudade de ti...
sem ti... senti tua alma e a minha
na palma da mão ...
Seguiremos de “almas dadas”...
MANIA DE POESIA...
Da janela do meu coração, espreito o mundo...
Com direito à (re)invenção...
à fabulação com ação e direção do coração...
A coloração escolho eu...
quer seja luta ou “luto”
o tom... o meio tom e o
sobre tom é vermelho...
De pôr do sol eu me visto...
e invisto no nunca visto...insisto e persisto...
Na utopia que nunca larga a minha nuca...
quase caduca, ela me empurra para o devir...
vir a ser poesia e profecia... mania minha...
ELISA "ENSONHARADA"
Escorregastes por entre os dedos de Deus...
E, escorregando por entre nuvens e estrelas
e céu e lua e sol...
Chegastes “ensolarando” nossas vidas...
iluminando e irradiando “mágicas”
e faz de conta... incontáveis...
Amáveis e suaves
apertados abraços a nos envolver
e “volver” nossos corpos
em laços e mais abraços...
Trouxestes novas vestes
para nossos corações e almas e corpo...
Uma “filhotinha de anjo”
que despencou do céu
e transformou em “céu” nossas vidas...
Seus olhos são “varinhas mágicas” ...
que abrem as comportas do céu
aqui na terra...
Um céu encantado...
Bordado em esperança
Da janela da esperança
meu coração alcança
a tua chegada
Chegada tão esperada
Chegada tão abençoada
De portas abertas o coração
palpita e apita e repica
o sino que celebra
a tua entrada
entrada bordada na alma
A alma reconhece
Em prece agradece
(re)tece o fio da meada
fio em esperança
Flor de dentro
Engulo o silêncio
mergulho em lágrimas
dilúvio em alívio
(des)obstrui o peito
peito liberto
janela (re)abre
sorriso se abre
na soleira ensolarada
a primavera acena
se fazendo flor e cor
floresce no calor
em torno do ventre
no baixo ventre
lateja primavera
seja na beleza
seja na peleja
da flor de dentro
Coração servido no café da manhã
O café da manhã é (re)conciliação
uma ação feitio gratidão
coração servido na mão
declaração assinada
na melodia da saudade
saudade que vira poesia
poesia que rima com nossa história
história urdida pelo Poeta Divino
sob a proteção de São Francisco de Assis
e Nossa Senhora da Aparecida
água benta que benze você e eu
eu e você benzid@s
em perdão e amor
(Re)conciliação
Machucad@s
você e eu...
não é culpa minha nem sua
somos apenas seres humanos
aprendizes de amar
aprendizes de viver
quisera poder saber amar mais e melhor
quisera você saber amar mais e melhor
mas como somos simples mortais
somos inacabados e cheios de defeitos
mas estamos em construção
e cheinhos de qualidades
o meu coração dói
e quer abraçar o seu
para abraçadinh@s
curarmos um ao outro
nas mãos de Deus
sempre estivemos
e continuaremos
Que Deus nos dê sabedoria
e humildade para prosseguir
nosso caminho juntinhos!
Poética da gratidão
Gratidão é elo
a nos (re)ligar a nós mesmos,
ao outro e ao universo
Gratidão é o mais belo poema
escrito com a pena do coração
da alma do corpo inteiro
Gratidão não carece rima
já é coisa rica
repleta de verso
frente e verso
verte abundância
exala amor
em concordância
com a abundância
a gratidão faz bem ao coração
a gratidão faz bem à alma
a gratidão faz bem ao corpo todo
humaniza e harmoniza
baliza nossa divindade
uma infinidade de possibilidades
amorosas e harmoniosas
se abre em todo nosso ser
Ser luz
dentro e fora da gente
luz que ilumina e anima
tudo e tod@s
Namastê!
Coração moído
A palavra grita dor
O peito grita abafado
O coração sangra dor
aqui dentro tudo sem graça
sentimentos em trança
apertam na garganta
um nó que dói
coração moído
mente (re)mói
flashback sem cor
sei que vai passar
a cor vai voltar
o sorriso vai se abrir
de novo dentro dos teus olhos
vou descansar
vamos nos tocar com delicadeza
na singeleza e beleza
que mora no nosso peito
com amor e respeito
no parapeito da janela da alma
Latifúndios de lírios
Planto lírios nos horizonteslatifúndios (é assim
mesmo emendado)
Que se perdem ao infinito
olhos não conseguem alcançar
Semeio sonhos pelo céu
olhos não enxergam
o coração e a mão
cuidam da plantação
as estrelas irrigação utopia
esparramo palavras
crianças cirandas
nessa terra arena palco
comunhão com palavra pão
comunga o corpo
a alma
o coração
esparramados
em ramas e rumas
colheita farta
Pra bocas famintas
Coquetel de beijos
tem pra todo gosto
em carretel
em metro
em quilo
em unidade
pra qualquer idade
receita certeira
pra coceira de amor
aquela doideira
que nos deixa com água na boca
de boca aberta
de olhos fechados
embarque instantâneo
o corpo em arrepio neon
espalha energia e cor
tudo vira poesia
doce sangria
(des)atada
os corpos são bocas famintas
frenesi magia
De Dália
Sandália de dália enfeitada
para a caminhada nas nuvens
pés de asas enfeitados
nas mãos um rosário de estrelas
para iluminar o céu
no peito um véu
acaricia o camafeu
com o retrato teu
nas costas o sol nasceu
raios em fios desceu
nas coxas floresceu
o ventre (re)nasceu
nos braços de Morféu
sono sonho acordo
acordo sono sonho
sonho acordo sono
ao som da sua flauta doce
sou menina moça sonhadora
meu flautista da noite e do dia
Enxoval lua de mel
camisola dourada pra noite demorada
anágua de água pra dia pausado
camisola de seda pra noite estrelada
calcinha de florzinha pra tardezinha
camisola prateada pra noite enluarada
calcinha vermelha pra tomar café
camisola de bolinha pra manhãzinha
meia arrastão pra final de semana
luvas de pétalas de rosa toda noite
grinalda furta-cor pra ver o pôr do sol
Colar de arco-íris pra colorir tua íris
anel de crepúsculo pra cumprir o oráculo
pulseira de ipê pra adornar a dança
na cintura uma ruma de rosa
sem espinhos...
Celebração
Fazer de cada dia uma celebração
Fazer de cada acontecimento um momento único
Fazer cada instante ser eterno na sua aparente
fugacidade
Fazer cada encontro no embalo do amor
Fazer valer estar por aqui
nessa passagem tão misteriosa
Fazer do sorriso sua resistência
autêntica subversão
Fazer sua nova versão em poesia
Fazer do carinho seu caminho
Fazer do outr@ companheir@
Encher de amor a peneira
tecida de mãos entrelaçadas
oferenda primeira
aos que caminham
como nós
nessa terra prometida
(com)prometid@s
uns com os outr@s
perdid@s nas interrogações
de que somos feit@s
Fazer do nascimento
Da vida
Da morte
Um gesto nobre
Nosso único Norte
Para Além da Morte