Gabriela Turrin.
— Saudade. Ah, saudade tirana. — Exclamou em sua varanda dando mais um trago em seu cigarro de menta, fazendo a fumaça que soltara pelo nariz sumir por entre os ventos arrepiantes, que faziam questão de bagunçar seus cabelos negros semelhante a noite triste que contemplava, até seus sentimentos. Seu amor rejeitado. Suas duvidas. Suas saudades.
Seus pensamentos estavam fixados numa moça, cujo cabelo cor de fogo, olhos verdes impermeáveis. A moça que pegou seu pobre coração e esqueceu-se de devolver, simplesmente. Talvez ela o pegou e jogou fora, talvez ela nem o percebeu. Talvez, talvez, palavra torturante para aqueles que preferem a certeza, e não a duvida.
Suspirou pesadamente, fazendo seus músculos relaxarem por um instante. A lua brilhava, para ele. Com aquela luz falsa, que nem ao menos era dela.
De fato, ele era egoísta. Queria poder usufruir da sensação, — ao menos uma única vez, até não sobrar nenhuma gota —, de ela tentar escapar por entre seus dedos, e ele simplesmente enlaçar seu braço na cintura dela. Ou até melhor; terminar uma briga com um beijo ávido. Qualquer coisa seria boa, aceitável. Tê-la ali, junto dele.
E atrevo-me a dizer para você, caro leitor, aproveite a vida enquanto der. Pois quando apenas sobrar cinzas suas, nem o arrependimento o acompanhará no término dela.
E eu ainda passarei do seu lado. Meu perfume irá me denunciar. Você juntamente com seu ego pensará que eu hei de ajoelhar na tua frente, pedindo para voltar. Engano seu, mon ami. Eu rebolarei ignorando-te.