Gabriela Freitas
Eu acreditava em você e foi isso que me destruiu, eu achei que você estava sendo sincero, mas amor, você é só mais um grande mentiroso não é mesmo?!
Um dia perguntaram-me por que eu gosto tanto de escrever, respondi que eu não gosto de escrever, eu preciso escrever e é por isso que escrevo tanto.
Virou hábito chorar todas as noites quando encostava a cabeça no travesseiro e querido o que vira hábito não é saudável.
Você era tão doce, tão amigo, tão presente, tão romantico, tão...Foi aí que eu lembrei que você sempre foi um homem e (sem generalizar) homens mentem muito bem.
Você foi embora com a mesma rapidez que chegou, então eu vi que é exatamente como dizem, o que vem fácil vai fácil.
Ela não era a mais bonita, não era a mais inteligente, era bem mau humorada e tinha poucos amigos, mas aquela garota, aquela que ficava quieta no canto, bem, ela tinha algo que poucas meninas tinham.
E quando você voltou, amor, eu achei que ficaria de vez, mas foi o tempo de eu virar as costas e piscar os olhos para você ir embora mais uma vez.
Eu te amava e achava que apenas amar-te era o suficiente, mas eu estava errada amor, é preciso de amor próprio para viver.
É um daqueles momentos em que tudo aquilo que você acreditou não passam de grandes mentiras, as pessoas em que você mais confiou são as que te mais traíram, as máscaras caem e toda aquela sujeira que você jogou para de baixo do tapete se revolta transformando sua sala em uma grande bagunça.
Algumas pessoas vão embora e deixam suas marcas, o que sei é que agora o fim é inevitável, mas aprendi que todo fim é um (re)começo e que você pode vê-lo de duas maneiras ou boa ou ruim. É a sua escolha que faz diferença.
Não me venha com o papo de sou um garoto com as melhores das intenções porque eu não quero boas intenções, eu quero você de verdade, com erros e acertos, com medos e duvidas e com varias intenções erradas, eu quero que você tente aquilo que eu digo não querer, quero que faça o contrario do que te digo para fazer, quero que me acorde de madrugada para dizer que está com saudade, quero que me faça ciumes e que diga que sou a única mesmo existindo muitas outras, quero que me mande flores e que me faça ficar irritada, quero seu sorriso ao acordar e quero sentir sua falta antes de dormir, quero amor de verdade e não um romance da novela das oito, quero aquela perfeição totalmente imperfeita, quero seus jogos e quero ganha-los, quero brincar com as suas brincadeiras, quero que faça piadas idiotas e que consigas me fazer rir com todas elas, quero um abraço e não mais um beijo, quero um olhar de canto, quero saber que me ama sem ter está certeza, quero que me surpreenda, quero ser diferente, quero nós e não eu e você, quero provas, atos e carinho, quero liberdade com amor, quero ficar só ao teu lado, quero te ter no meio de todos, quero passear de mãos dadas e ouvir-te dizer que sou sua, quero suas palavras bobas no final da tarde e quero ver o pôr do sol em seus braços, quero acreditar nas suas mentiras e duvidar das suas verdades, quero seu jeito de garoto errado com boas intenções, quero as suas más intenções, quero tudo, quero nada, quero sempre, quero você!
Acabou, pronto, vai passar, não chore não chore, vai ficar tudo bem, você vai dar um jeito, é o final e é triste eu sei, mas já foi, passou, passou, fique calma, limpe a casa, seque o rosto, beba um copo d'água, um café talvez, ligue o radio, vai passar, eu sei que vai, eu sei!
Metade de mim ainda te ama e a outra metade está se recuperando de todas as feridas que você causou.
Entre com cuidado, não bata a porta, movimentos bruscos podem assustar. Tenha carinho, porque cara, você já doeu demais.
Hoje é um daqueles dias em que nada faz sentido, o coração está apertado e o mundo parece desabar, não sei se quero abrir os olhos e enfrentar toda está dor dentro do peito, a mentira é triste, eu sei, mas preferia estar com ela agora.
Terminar um namoro nunca é fácil, é como chegar no final de um livro que poderia ter uma continuação maravilhosa, mas não tem.
Já tinham vinte e duas ligações perdidas no meu celular, aquilo estava ficando sério, o homem de terno que eu havia conhecido no banco estava se apaixonando por mim.
Por mais que eu quisesse aquilo, eu não poderia me arriscar, não cabia sentimento neste meu pequeno músculo.
O celular tocou mais uma vez, eu precisava por um ponto final naquela situação.
- Alô.
- Olá querida.
- Precisamos conversar.
- Ih, lá vem problema. – Ele riu. – Onde?
- Naquele bar que fomos com seus amigos.
- Está certo, que horas?
- Ás sete.
- Então até lá, beijos querida. Amo-te.
- Até lá.
Desliguei o pequeno aparelho e caminhei até a janela, muitos culpam a vida. Separei uma roupa simples e entrei no banho, não gosto de fazer pequenas garoas virarem grandes tempestades, não aumento, não choro, não grito, não me estresso por bobeiras, sempre fui assim.
Deixei que a água escorre-se pelos meus fios de cabelo, passei a mão por diversas vezes no rosto. Terminar um namoro nunca é fácil, é como chegar no final de um livro que poderia ter uma continuação maravilhosa, mas não tem. Sai do banho e me vesti, procurei pelo pente e fiz um rápido coque. Não estávamos nem há um mês juntos e ele já dizia que me amava, quando você sabe que ama alguém?
Peguei a chave do carro e dirigi até o pequeno estabelecimento, antes de entrar pensei em algumas palavras que o confortariam.
Andei com passos lerdos até o homem de cabelos castanho escuro.
- Não posso ficar com você.
Ele me encarou surpreso, eu poderia ter me aproximado de outra maneira, ter lhe dado um ou dois beijos, ter dito que estava com saudades, como os outros casais fazem, mas eu não tinha pena e não sabia ser falsa como aquelas pessoas.
- E por quê? – Foi o que ele me perguntou.
- Porque não posso ser apenas de uma pessoa.
- E por quê?
- Porque seria arriscado demais.
- Arriscado?
- Sim!
- O que seria arriscado?
- Entregar o meu coração a alguém que provavelmente não saberia cuidar dele.
- Então você tem medo de se apaixonar?
- Não se pode ter medo do que não se acredita.
- E você não acredita no amor?
- Prefiro não acreditar no que me dá medo.
- Mas...?
- É simples, não sou do tipo que abre espaço para sentimentos, meu coração não foi feito para guardar frescurinhas.
- Ele foi feito para o que então?
- Para fazer o trabalho dele, e é o que ele faz.
- O trabalho dele?
- Bombear o sangue do meu corpo.
- Apenas?
- Apenas.
Ele me fitou por alguns minutos em silêncio, esperei que ele falasse algo, mas nada foi dito, a conversa deveria ter acabado ali, eu deveria ter me levantado e ido embora como já havia feito milhões de vezes com outros homens, mas aquele rapaz de olhos intensos me prendia.
- Isso não é certo!
- O que não é certo?
- Você não amar;
- Errado é sentir dor e lutar para isso.
- Ninguém luta pra sentir dor!
- Quem ama luta.
- Você não sabe.
- Sei sim.
- Então é por isso que você tem medo.
- Não tenho medo!
- Tem sim, medo de alguém machucar o seu coração, de novo.
- Você está louco.
- Quem foi?
- Quem foi o que?
- Que despedaçou seu coração?
- Ninguém despedaçou o meu coração.
- Quem foi? – Insistiu ele.
- Um cara.
- Que era?
- O homem mais lindo de todos, ele me dava a melhor sensação do mundo, mas agora já não importa.
- Importa sim.
- Não importa não, já foi, é passado, já colei todos os caquinhos, meu coração está concertado e ele aprendeu.
- A não amar?
- A não ser burro!
O silêncio voltou a pairar sobre nós dois, aquelas perguntas me irritavam.
- Você não pode fugir pra sempre.
- Fugir?
- Do amor.
Ele se levantou e sem me dar tchau ou um beijo - como os casais recém separados fazem - ele se foi, eu estava sozinha naquele lugar vazio, tão vazio quanto o meu coração que, triste e solitário, só queria ser amado.
