Gabriel Goldman
Fiz muita merda e, faria quantas vezes fosse possível. Só assim eu pude aprender. Por mais que seja um método um pouco burro, todavia, pude sentir na pele. Hoje eu posso falar da merda com propriedade no assunto.
Se a literatura não der certo, eu viro dizimista da Igreja Universal. Dou até testemunho na Rede Record.
Eu sempre vou escrever para pessoas normais. Nunca vou escrever para escritor ou intelectual. Literatura não é receita médica.
Infinda
Se eu cantar
Me escute
Calada
Pois quando
Eu cantar
Eu quero te sentir
Cativa
Se eu chorar
Me abrace
Outrora
Pois quando
Eu chorar
Eu quero ouvi-la dizer
Não fiques assim
Se eu cair
Me afunde
Impiedosa
Pois se contigo
Eu cair
Eu já estarei fraco
Me poupe a dor
Me mate
Se eu morrer
Que chova
Sangue
Dos teus olhos
Pois quando
Eu morrer
Eu quero te ver
Aos prantos
Sigam até ti
Tempestades
E dores de parto
No coração
E se o amar
Fora só poesia
E se for só poesia
Te amar
Será infinda amada
Será para sempre
Poesia.
Abutres do novo mundo
Os urubus também cantam
Os aleijados dançam
Uma valsa inerte atrofiada
Por entre os lixos e prostitutas
Da Vila Mimosa mequetrefe
Ali, a solidão fede
Os algodões se enchem de sangue
Abafando os peidos uterinos vaginais
Os urubus também andam
Os aleijados correm
Das balas perdidas de DST's
Um tiro em um corpo inerte atrofiado
Por entre o prazer e a saudade
Da dona de casa
— Mequetrefes, na VM a solidão fede
Os jargões se enchem de xerecas
Abafando qualquer apelo intelectual
Os urubus também morrem
Quando se banham na urina
Sem exames patológicos
A Vila Mimosa é um difusor
De prazer e morte aos mequetrefes.