Gabito Nunes
Essa pose de menina-meiga-santinha era só disfarce. No fundo você esconde o veneno alecrim-doce de uma mulher.
(Contra o mundo)
Mas sabe como é, ou você se absolve em algum nível ou vai passar o resto dos dias odiando você mesmo. E o que eu aprendi com isso tudo? Não sei. Talvez que todos nós cometemos erros. Afinal, somos todos humanos. Alguns, à sua estranha maneira.
(Contra o mundo)
Ele soube ser legal comigo e era mais ou menos isso que eu precisava para facilitar as coisas. Perdão pela simplicidade, pela falta de um enredo promíscuo ou apaixonado ou cheio de traições e culpas e intrigas, mas é por aí mesmo.
(Só um garoto)
Eu sei que não vai funcionar, a não ser que alguém crie uma lei proibindo as garotas de irem pra cama com quem não estão verdadeiramente apaixonadas.
(Tudo pode dar certo)
Nossa relação era apenas um jogo de hesitação. Duas pessoas frequentemente ameaçadas pelo eu-gosto-de-você nunca dito por ninguém, sob pena de um dos lados ter de pagar o preço integral pela sempre provável hipótese da não-correspondência.
(Tudo pode dar certo)
Se você adora uma certeza, fique longe desse tipo movediço de campo de sedução atulhado de descargas elétricas de ilusão e difusão semântica; onde um olhar, um sorriso, um gesto, uma palavra podem representar mil coisas além de apenas um olhar, um sorriso, um gesto, uma palavra. Você pode também acabar confundindo-se, escancarando intenções estúpidas e incomodando vizinhanças.
(Tudo pode dar certo)
Sou essa mistura bioquímica de menina, garota e mulher, e talvez me apaixonar seja minha principal atribuição. Sei lá. Sei que se eu fizesse algum dinheiro com isso, quem sabe os caras da revista Time tocassem minha campainha pra fazer algumas fotos, ou eu estaria agora mesmo respondendo o convite de algum talk-show pra falar sobre amores ardentes, martírio e desilusão. Enfim, eu me apaixono toda semana, das formas mais inéditas. Essa última só fez me flagrar o quanto sou imatura, nada que eu já não desconfiasse.
(Coleção)
Acontece com os rapazes mais intoleráveis, entre os tipos, viciados em cheirar ex-namoradas, ostentadores de cavanhaque, adoradores de mãe e líderes de bandas de garagem fracassadas com nomes levianos.
(Coleção)
Agora as pessoas só pensam em baixar, baixar, baixar. As canções e as calcinhas. Sério, quem convidou 2012?
(Coleção)
Me pega. Me preenche. Me puxa. Me cheira. Me vira. Me controla. Me treme. Me suja. Me tonteia. Me machuca. Nos próximos dias só quero lembrar você através de hematomas.
É o jogo, quase sempre a felicidade de um, começa na queda de outro. Um beijo carinhoso na testa, com "toda nossa saudade e o nosso amor de sempre". Descanse bem tranquilo. Se conseguir, claro. Porque daqui vamos continuar fazendo barulho.
(Carta aberta para Caio Fernando Abreu)
Garotas não sabem ser solteiras aos domingos, e há domingos praticamente toda semana, coisa que as empurra para um relacionamento sério e duradouro.
(Se isso não é amor, eu não sei o que é)
Com boca, dentes e saliva, você desmente minhas neuras, desarma meus complexos infantis de feiúra, um por um, cheio de malícia, paciência e atenção, intercalando lambidas, paradas estratégicas e olhares experimentais. É madrugada, é tarde, eu preciso ir, melhor nem começar, vamos finalizar isso separados, cada um na sua casa, no chuveiro, vai ser melhor.
(Entra em mim)
Como pode? Você tem terceiro grau, sabe escrever e não sabe o significado da palavra "não"?
(Entra em mim)
Você foge da minha intensidade, e mal sabe que também posso ser bem superficial, se eu quiser.
(Vaivém)
Você ouviu de alguém que ando deprimido e ficou contente e perguntou mais coisas sobre mim que eu sei, também tenho minhas fontes.
(Vaivém)