Fued Elias Júnior
Pelos meus pecados, já estou condenado. Quanto às minhas virtudes, fica a seu critério:
reconhecer ou não...
Sou grato por tudo o que recebo. As gotas de amor do meu dia a dia são como se eu mergulhasse em um mar de afetos.
Outro dia, li nos classificados:
"Procuram-se escritores".
Tentei ajudar, complementando o anúncio:
"Procuram-se escritores que tenham leitores".
Já disse tudo aquilo que queria dizer, no mais profundo silêncio. Se não me ouviste, a culpa
não é sua, foram palavras da minha imaginação...
Se viajo de regresso no tempo, é porque aquele tempo foi mais generoso comigo, era o tempo de infância.
Prefiro a dor de ser um lobo solitário, a ter que conviver com sentimentos que não traduzem o
amor.
Tentei me ver por inteiro diante do espelho,
o máximo que consegui foram reflexos opacos, vazios... Não era bem o que desejava,
continuo a me procurar...
Na infância, tive um amigo que tinha o apelido de Pimpão. Agora, na meia-idade, é que atinei para o fato de que éramos todos pimpolhos, e o Pimpão também.
O meu gato já não é mais o mesmo desde que te conheceu, vive tristonho e nem mia. No pet, disseram-me que é puro romantismo, ele assimilou meus defeitos.
Se os rascunhos da minha infância não fossem tão marcantes, hoje estaria lamentando ser um adulto sem as alegrias de uma criança.
Há pessoas que passam pela nossa vida deixando pitadas de afeto, em seguida, elas se vão, levando o que nos restou, provocando avalanches de saudades.