Fred Elboni
Nessa dimensão de sensibilidade, as cores são mais vivas; as dores, mais agudas. Os olhos ficam mais aguçados, mas o que enxergam tanto encanta quanto entristece, e as lágrimas são forçadas a trabalhar uma dupla jornada.
Amadurecer dói. É trocar de pele enquanto ainda é inverno. É não se identificar mais com as suas atitudes do passado, muito menos com os pensamentos pessimistas das pessoas que dizem te amar, mas que não agem como se amassem. E será que realmente amam?
Quem valoriza apenas as aparências perde o sabor único do profundo e a oportunidade de mergulhar em sentimentos que não ousam habitar o raso.
Amar-se é ter paz interior o suficiente para não precisar da aprovação dos outros.
A vida é breve demais para ter medo de dizer as coisas bonitas que transbordam da gente.
Na insanidade de costumeiramente contradizer o que meu coração diz, corri desesperadamente para uma montanha onde guardo meus mais íntimos sentimentos. No alto da montanha me encontrei com a solidão, que há anos tanto me afaga das dores do meu profundo passado. Sentado, dialogando com o abismo e com olhos ligeiramente pensativos, avistei um belíssimo lago repleto de pessoas. Nele havia pessoas felizes e se amando em pleno sol da primavera. Era, no mesmo instante, uma sensação tocante e incrédula, perceber que podem existir águas mais tranquilas que as minhas terras. Sempre acreditei que a paz terminava na solitária e sólida montanha onde estava sentado. As horas batiam de mergulho a mergulho, e nas águas que sempre temi mergulhar, eles nadavam com uma alegria que pouco havia visto. Olhar a singeleza deles me fez acreditar que algumas montanhas também devem se mover para as águas.
Quando há amor, não é possível escondê-lo; ele vaza, sai pelos poros, não há como, nem por quê, conter o amor quando ele realmente existe.
Para dizer adeus a algo que não nos faz bem, não precisamos nomear um culpado; isso só serve para aliviar o peso das nossas escolhas. Simplesmente deixe-o ir, sem criar vilões e mocinhos.
Um amor não se arquiteta nem se escolhe como se fosse uma fruta na quitanda; nós só estamos ou não prontos para recebê-lo... e nós estávamos.
O passado somente se torna translúcido e essencial para quem o aceita com o coração. Não há como receber as novidades do presente sem aceitar a existência do passado. Ele é o brotar dos aprendizados, a raiz das novas escolhas, mas não precisa ser revivido diariamente.
Eu sei que olhar para si e deixar a nossa autoestima florescer novamente não é algo fácil. Sei que é difícil ter a paciência que o tempo pede, pois nem sempre ela é proporcional às histórias que a nossa ansiedade de ser feliz nos conta.
Procure ver as coisas com mais clareza e nunca se sinta só no medo da falta de reciprocidade. Acredite, todos passamos por essa terrível sensação de não nos sentir aceitos. Procure conversar consigo e amar a maneira como você ama: devotada, vibrante e sincera. E lembre-se: triste não é quem ama, mas quem deixa de amar.