Franz Kafka
[Para alcançar a sabedoria basta] “escutar, estar tranquilo, silencioso e solitário. Livremente, o mundo se oferecerá a você sem máscara, sem escolha, se abrirá em êxtase a seus pés”.
O amor não apresenta mais problemas que um veículo qualquer. Os problemas estão no motorista, nos passageiros e na rua.
Um quadro de minha existência mostraria uma inútil estaca de madeira coberta de neve, cravada, numa escura noite de inverno, inclinada e sem muita firmeza, num campo lavrado à beira de uma imensa planície.
"Não posso levar o mundo nos ombros se mal suporto o peso do meu casaco de inverno."
(Esta frase pertence a uma carta que Kafka escreveu a Milena no fim da vida, expressando o desejo de recuperar seu passado judeu. Ele justificava assim sua incapacidade de levar a cabo um projeto que nunca concluiu.)
Teoricamente, há uma chance de felicidade plena: crer no indestrutível que há dentro de nós e não aspirar a isso.
"Nossa salvação é a morte, mas não esta".
(O aforismo mostra nossa possibilidade de morrer e renascer no decorrer de uma mesma vida.)
Pode haver um conhecimento acerca do demoníaco, mas nenhuma fé nisso, pois não há nada mais demoníaco do que o que existe aqui.
Alguns negam a existência da miséria apontando para o Sol; ele nega a existência do Sol apontando para a miséria.
“Ai de mim!”, disse o camundongo, “o mundo está ficando menor a cada dia. No início era tão grande que me assustava, eu tinha de estar sempre correndo e correndo, e ficava contente quando via muros distantes à esquerda e à direita, mas essas paredes se estreitaram tão rapidamente que agora estou no último cômodo, e ali no canto está a ratoeira em que irei cair.” “Você só precisa mudar de direção”, disse o gato, e o comeu.
Duas tarefas no início da vida: estreitar cada vez mais sua órbita, sem deixar de verificar se você não está escondido fora dela.
Necessitamos dos livros que nos afetam como um desastre, que nos afligem profundamente como a morte de alguém que amamos mais que a nós mesmos, como estar perdido sozinho num bosque, como um suicídio. Se o livro que lemos não nos desperta com um soco no estômago, para que lê-lo?