Franz Kafka

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O homem não está condenado à morte, está condenado a viver.

O que é o amor? Mas é muito simples! O amor é tudo o que intensifica, amplia, enriquece nossa vida. Em direção de todos os cumes e de todos os abismos. O amor é tão pouco problemático quanto um veículo. Só há como problemática o condutor, os passageiros e a estrada.

A vida sem verdade é impossível. A verdade é, talvez, a própria vida.

Seu riso? São lágrimas que entraram.

Uma gaiola está sempre à procura de um pássaro.

Só há um ponto fixo. É a nossa própria insuficiência. É daí que é preciso partir.

Para atingir a grandeza, o homem deve necessariamente passar por sua própria pequeneza.

Ai de mim!” exclamou o camundongo, “o mundo está ficando cada vez menor. De início era tão grande, que eu me apavorava. Vivia correndo para cá e para lá, e só me tranquilizava quando via, por fim, paredes bem distantes à esquerda e à direita. Mas o espaço entre essas paredes estreitou-se tão rapidamente que já me encontro na última câmara, e vejo ali no canto a ratoeira onde de certo esbarrarei.”
“Ora, basta-lhe escolher outro caminho”, disse o gato antes de engoli-lo.
( Contos, fábulas e aforismos )

Esperanças há muitas, mas não para nós.

Franz Kafka
BROD, Max. Franz Kafka: A Biography (1960).

Tento constantemente comunicar algo incomunicável, explicar algo inexplicável, falar de algo que sinto apenas em meus ossos e que só pode ser experimentado nestes ossos…

"Os pais que esperam gratidão de seus filhos (inclusive os há que a exigem) são como agiotas; eles até gostam de arriscar seu capital, contanto que recebam juros por ele".

Para muitos, um livro é como uma chave para câmaras desconhecidas num castelo dentro deles mesmos.

A juventude é feliz porque tem a capacidade de ver a beleza. Qualquer pessoa que mantém a capacidade de ver a beleza nunca envelhece.

Um escritor que não escreve é, na verdade, um monstro que corteja a insanidade.

A história dos homens é um instante entre dois passos de um caminhante.

Quando tudo parece terminado, surgem novas forças. Isto significa que você está vivo.

O cotidiano em si já é maravilhoso. Eu não faço nada mais do que registrá-lo.

Toda crença é pesada e ligeira como uma guilhotina.

Os lugares onde se esconder são numerosos, mas só há uma saída, embora as possibilidades de escapar outra vez sejam tantas quantos os lugares onde se esconder.

Se eu fosse existir eternamente, como existiria amanhã?

O momento decisivo na evolução humana é algo perpétuo.

ÀS VEZES, O DESTINO É COMO uma tempestade de areia que o faz mudar de direção. Você pode tomar outro caminho, mas o fenômeno o atrapalha. Você volta a mudar de rumo, mas a intempérie o desvia novamente. Ela brinca por cima de você como uma agourenta dança com a morte pouco antes da aurora. Por quê? Porque a tempestade não é algo que sopra longe, algo que não tem nada a ver com você. Essa tempestade é você. É algo dentro de você. Assim, tudo o que se pode fazer é render-se a ela, andar a passos firmes em meio a ela, fechando os olhos e protegendo os ouvidos, e caminhar através dela, um passo de cada vez. Dentro da tempestade não brilha o sol nem a lua, não há direção nem sensação de tempo. Só há a fina e branca areia fazendo redemoinhos para o céu como ossos pulverizados. [...]

E, uma vez amainada a tempestade, você não se lembrará de como se livrou dela, de como conseguiu sobreviver. Na verdade, não terá certeza de que a tempestade realmente cessou. Mas uma coisa é certa: quando sair da tempestade, você já não será mais o mesmo que caminhou por dentro dela. Essa é a essência da tempestade.

“...Não há necessidade de sair da sala. É suficiente sentar-se à mesa e escutar. Nem sequer é necessário escutar, é só esperar. Nem sequer é preciso esperar, é só aprender a ficar em silêncio. O mundo se oferecerá a você livremente para ser descoberto..!”

Não vivemos num mundo destruído, vivemos num mundo transtornado. Tudo racha e estala como no equipamento de um veleiro destroçado.

Geralmente é mais seguro estar acorrentado do que ser livre.