Francis Iacona
A morte é uma renúncia gradual e permanente da vida.
Desde que nascemos começamos a renunciar à vida.
OS MECANISMOS DA INVEJA E DA VAIDADE
Quando encontro alguém que é mais feio que eu,
ou menos inteligente que eu,
ou mais pobre que eu,
ou mais mais infeliz que eu
a vaidade me conforta.
Quando encontro alguém mais bonito que eu,
mais inteligente que eu,
mais rico que eu,
mais supostamente feliz que eu,
a inveja me assalta e me entristece.
A vaidade nos assalta quando nos defrontamos com
pessoas em desvantagem em relação a nós e nos conforta.
A inveja, por sua vez, nos assalta sempre que
nos vemos diante de pessoas que real ou imaginariamente
supomos estar em condições melhor que a nossa e
nos deixa em situação desconfortável.
Tanto a vaidade como a inveja decorrem da comparação
que fazemos entre a nossa vida e a dos outros. Entre o que temos e somos e o que pensamos que a outra pessoa tem e é.
O mentiroso, mesmo não roubando algo material, estará negando a quem o escuta a verdade e isso é um grande assalto.
A mentira é uma ferramenta indispensável ao ladrão para concretizar seu intento. Ele a utiliza de diversas formas desde o diálogo direto com a vítima até a encenação de uma trapaça a que a pessoa assiste e acredita, e, por fim, acorda e percebe que foi enganada e prejudicada.
ALEGRIA
A alegria é contagiante.
Pode ser transmitida com sorrisos, com gentilezas,
com boa vontade A gente pega em um "bom-dia" no
elevador, em um elogio sincero, em uma piadinha
na hora do café. Quem tem alegria é mais querido,
faz mais amigos, é mais feliz.
O principal sintoma é aquela sensação de estar de
bem com a vida, de ganhar um presente inesperado.
Transmita alegria para alguém. E essa pessoa vai
passar para outra e para outra e para outra...
Em nosso ideal de vida é como os pratos de uma balança onde colocamos de um lado o ter e do outro o ser. Nossa felicidade começa quando há um equilíbrio entre eles. E vai se aumentando à medida que a prato do ser começa a pesar mais que o ser.
Quando o invejoso está em desvantagem, seu discurso é "se não posso ter, ninguém pode" ou como que defendendo a igualdade "se não pode ter para todos (inclusive ele) não haverá para ninguém".
Quando o invejoso leva vantagem sobre o outro, seu discurso muda e já não defende a igualdade para todos: "estou bem, o problema é dele, que se vire!"
Ontem faltou energia elétrica no prédio onde moro. Entre 26 moradores apenas 4 puderam ter seus apartamentos iluminados. De repente o invejoso chegou e percebendo que seu apartamento não tinha luz começou a esbravejar inconsolado: "se não houver luz para todos não haverá para ninguém!..." Quer dizer, se todos ficassem no escuro ele não se sentiria no desconforto...
Francis Iácona in Memórias do Muquifo
Gratidão é a memória do bem que os outros nos fazem. Ingratidão é a falta dessa memória naquele que recebeu qualquer bem de outro.
O egoísta por achar que todos têm obrigação de servir-lhe não tem memória do bem que os outros lhe fazem e dessa forma não demonstra gratidão por ninguém.
Oportunismo é aproveitar de momentos desfavoráveis em que alguém esteja vivendo, para fazer-lhe favores, e posteriormente, tirar dele apoio, sob diversas formas, para seus propósitos escusos.
Os oportunistas escolhem suas vítimas: ou são pessoas de destaque ou são pessoas notoriamente gratas. Em ambos os casos o retorno é quase certo.
Os oportunistas não assediam nem os egoístas nem os avaros, pois em ambos os casos a porta estará fechada e não se poderá arrancar um centavo pelo bem que a eles tiverem feito.
“Por ventura colhem-se uvas dos espinheiros?”- Questionou Jesus em seu sermão. Por ventura um grupo organizado de foras-da-lei podem proporcionar justiça a quem a ele recorre e o gratifica por seus serviços?
O bem é praticado à luz do dia, às claras, com transparência. Já o mal é praticado na escuridão, às ocultas, de forma misteriosa...
A mim parece que a prática do bem ou do mal guarda certa relação com o momento econômico em que vivemos. Em época de prosperidade as pessoas tendem a praticar mais o bem ou pelo menos diminuem a prática do mal. Já durante um período de crise econômica, com recessão, desemprego e inflação alta entre outras, um número significativo de pessoas descartam tudo que aprenderam na religião e põem em prática toda sorte de mal que permita a elas sobreviverem. O roubo, a traição, a inadimplência, tudo deixa de ter importância negativa. Durante uma crise econômica ocorre a prática da parábola do semeador no que diz respeito às sementes que caíram em terreno pedregoso. Germinaram, mas por não terem raízes, logo que saiu o sol, morreram. Poderíamos incluir também as sementes que caíram entre os espinheiros. Os cuidados do mundo, por natureza, já sufocam aquele que deseja seguir o Cristo. Em época de crise econômica, mais ainda. Seu mundo é mais importante e é preciso garanti-lo.
A solidão é terrível para o medíocre, pois uma convivência demorada consigo mesmo acaba por revelar-lhe todo o seu vazio.
O mundo está repleto de pessoas medíocres ou vulgares. Os espíritos elevados são uma minoria. É natural que estes últimos vivam na solidão enquanto os primeiros estão sempre acompanhados de seus iguais, passando ao largo da solidão que tanto temem.