Francis Cirino
É melhor não esperar {educação, amizade, amor, respeito, emprego, carinho, afeto, presente, sorriso, disposição, cumplicidade, honestidade, beijo, justiça, palavra, fidelidade, compromisso, sangue, abraço, segurança, dinheiro, silêncio, compreensão, favor, disciplina, cuidado, atenção, juízo, reciprocidade, bondade, desculpa, conselho, resultado, preocupação, confiança...} nada de ninguém. Cada um só pode dar aquilo que tem.
Seria bom ser normal, sorrir com as luzes de Natal, beber a memória, celebrar o esquecimento, vivendo de agradar pessoas. Mas ser “bicho” é a coisa mais humana que a minha esperança alcança.
Os maiores aventureiros morreram velhos, mantendo seus corações cada vez mais jovens. Esse me parece ser o segredo de uma boa vida, e é exatamente assim que mantemos acessa uma uma boa fogueira.
Sociedade do Espetáculo, onde a aparência das coisas valem muito mais que as falidas verdades. No decurso do tempo a relativização do mundo ressignificou todas as ideias que tínhamos de justiça, de humanidade, de coletividade(...) e os transcreveu numa outra realidade, ou real-virtualidade, onde avanços e retrocessos fizeram daquele mundo que conhecíamos (ou do qual ouvimos falar) um outro mundo, orientado para o consumo (como todas as crianças sabem) e doente, carente, estressado... Entulhado de corporações trans-celestiais e de instituições falidas - A família está morrendo acorrentada no interior da caverna de Platão.
Essas espetaculirazação das coisas, das relações e das ações históricas colocaram tudo em uma enorme vitrine ( a TV, a Internet, o Espaço Sideral) onde cada um, orientado por uma determinada lógica de uso e desuso, ou simplesmente lógica de consumo, avança e escolhe aquilo que vê, escolhendo mercadorias nas prateleiras de um supermercado com dimensões colossais.
Minha crítica aqui não é sobre o CAPITALISMO, ou o COMUNISMO que também é uma mercadoria nessa "lojinha" do mundo. Afinal, até mesmo o ouro, a prata, o dinheiro e todas as outras formas de riquezas materiais, só são válidas aqui enquanto dura o seu efetivo poder de transfigurar, fantasiar e travestir seus possuidores. Eles valem enquanto garantem o silicone ou a maquiagem nossa de cada dia. Enquanto demonstram para os outros com que facilidade podemos trocar nossos smartfones, nossos carros, nossos computadores, nossas máquinas.
Somos também nossos produtos e a parte de nós que deixamos descoberta tende a ser também um disfarce. Propagandeamos nossas ideias (feito agora), filtramos nossas posições, nossas belezas e feiúras afim de nos comunicarmos com outro(a) otário(a) fantasiado que se envolve ou não com os nossos imbróglios. Vence quem consegue vender melhor suas mentiras: Do crente evangélico ao muçulmano, do preto ao branco, do americano ao japonês. E ninguém dará sua cara a tapa, e se o fizer será para a platéia desse teatro ao fim da peça se comover.
O mundo se alimenta e produz ilusões, felizmente para muitos não existem mais verdades sobre deus, sobre o amor, nem mesmo sobre a deusa ciência (que ora diz que o ovo mata, ora diz que o ovo cura). RELATIVIZAMOS para não distinguirmos, para não descer a fundo nas questões, para garantir à cada um o DIREITO de comprar seu KIT-MUNDO, e construir o universo como bem desejar. Colorindo, descolorindo, reproduzindo, invejando, roubando, fingindo, mentindo descaradamente... estamos tentando construir nosso caminho para a FELICIDADE, certo!? Ou seja, o caminho da nossa satisfação pessoal, dos ideais particularizados, das revoluções onde ditadores matam ditadores... Onde negros oprimidos buscam sua justiça escorraçando os brancos, as mulheres fuzilando os homens, os gays despedaçam a lógica hétero... E quem ainda não "papou" haverá um dia de papar alguém.
No fundo, no fundo não existem aliados, os amigos que hoje te abraçam podem com essas mesmas mãos te esfaquear, esquartejar e te trancar numa mala. O que dizer dessa nossa grande família doente, carente onde cada membro chora em um cômodo da casa?
Nascemos e morreremos sozinhos, você não escolheu o seu nome e nem será capaz de redigir sua certidão de óbito, mas pense bem, na Sociedade do Espetáculo tudo é um "Faz de Conta", você pode forjar tudo, pode inventar e reinventar a vida e o amor, pode se reconstruir várias vezes. Pense bem, você pode se fantasiar do que quiser, pode se travestir de homem, de mulher, de negro, de padre, de pessoa de bem, de mulher fiel, de filho rebelde... Eu vou tentar me fantasiar de indigente.
Algumas batalhas que lutamos há muito já foram perdidas. Insistir nesse caso não é valentia ou ato de coragem, está mais para tolice e orgulho.
INDIGNAR-SE é o primeiro passo, MANIFESTAR-SE CRITICAENTE é o segundo, o terceiro é algo um pouco mais complicado: RECONHECER e REAVALIAR os próprios passos {percursos, avanços, retrocessos, rupturas, continuidades}; mas o quarto passo é de dar um nó na cabeça, DESMISTIFICAR todo o idealismos, DESCONSTRUINDO conceitos e pré-conceitos para tentar saber de que substância eles foram feitos; Tudo isso para quem sabe no cume do monte da maturidade, no quinto passo, tornar-se capaz de fazer por si mesmo algo que não reforme, conserte ou revolucione o mundo, mas algo simples o suficiente para alcançar e colaborar com uma única vida. Quem sabe não seja possível prosseguir nos passos, rompendo com falsas expectativas e egoísmos, e com alguma sorte conseguir colaborar com uma outra vida...
INDIGNAR-SE é o primeiro passo, MANIFESTAR-SE CRITICAMENTE é o segundo, o terceiro é algo um pouco mais complicado: RECONHECER e REAVALIAR os próprios passos {percursos, avanços, retrocessos, rupturas, continuidades}; mas o quarto passo é de dar um nó na cabeça, DESMISTIFICAR todo o idealismo, DESCONSTRUINDO conceitos e pré-conceitos para tentar saber de que substância eles foram feitos; Tudo isso para quem sabe no cume da montanha da maturidade, no quinto passo, tornar-se capaz de fazer por si mesmo algo que não reforme, conserte ou revolucione o mundo, mas algo SIMPLES o suficiente para alcançar e colaborar com uma única vida. Quem sabe se torne possível prosseguir nos passos, rompendo com falsas expectativas e planos egoístas, e com alguma sorte conseguir colaborar com uma outra vida (...)