Fran Caye
Independente do tropeço, o fim não é fim, é começo. Simples assim, porque é o que mereço. Querendo apenas um sim, fui até o fim. Entristeci. Enfim, paguei o preço. Fui até os confins, de lugares que desconheço. Recomecei, assim. Sorri, e com nada me aborreço. Acho que percebi, enfim: que fim não é fim, é só recomeço.
De repente desfaço um nó
e com ele crio um laço.
Esqueço o não, o pó.
Em meio a multidão
não me sinto mais só.
Varro a solidão,
entro no meio de um abraço.
Meu pai resolveu colocar grade no meu jardim, eu pensei: como assim? Naquela época, juro que não entendi, era criança. Minha mãe veio com uma história de que aquilo tudo era para a nossa segurança. Cresci na rua correndo, na árvore subindo e da bicicleta caindo. A ser gente grande, eu ia aprendendo.
Grades, câmeras, chaves. Cada dia, ficava mais grave. Minha família com medo, e eu continuei aprendendo. Aprendi a atenta andar. Aprendi a não reagir. Aprendi a ocorrência registrar. Até de estuprador eu sei me defender, coisa que eu nunca pedi para aprender. Por mais que tudo rime, medo ainda não rima com cadeado. Quem é, mesmo, que deve viver trancado?
quando, há uns 6 anos, escolhi deixar a casa dos meus pais e morar sozinha tive que... aprender. Meu quarto tomou proporções maiores, e eu fiquei resposável pelo almoço, pela limpeza, pelas compras. Responsável por conseguir dinheiro pra manter tudo isso, sem esquecer de comprar um sofá pra me jogar no fim do dia. Fritar um ovo era tão complicado quanto ter que arrumar o vazamento da pia, mas eu aprendi a fazer os dois! Nunca dei ouvidos aos "isso é coisa de mulher" ou "isso é coisa de homem". Parece simples, bobagem, mas simboliza coisa demais pra não falar.
Triste deve estar o tempo. Ser ignorado não é nada fácil. Não importa mais se chove, ou se faz vento. Ninguém no elevador pergunta "será que chove?!", todo mundo só quer saber o porquê se protesta. "E o manifesto?" é o novo início de conversa (:
Tem que ser muito louco pra acreditar. Muito louco pra acreditar na força do povo brasileiro, muito louco pra acreditar que conseguiremos acabar com a corrupção, a injustiça, a desigualdade. Tem que ser muito louco pra acreditar que teremos saúde, educação e segurança. Tem que ser louco demais! Existe uma coisa que se chama “jogo de cintura” a outra se chama “falta de atitude”, as duas te fazem ficar em cima do muro. Te posiciona! Ou tu grita, ou tu cala. Enfraquecer o grito dos loucos não é opção.
Os protestos não são sobre você, são sobre nós. Todos nós! Não é sobre centavos, é sobre corrupção, sobre altos impostos, sobre desvios de verba pública. Não é sobre o partido A ou partido B, esquerda ou direita. Não se fala sobre pobres ou ricos, fala-se sobre sociedade. Não é sobre um bando de jovens, é sobre uma nação. É sobre estarmos cansados de absurdos, sobre não nos sentirmos representados. Ninguém quer violência, queremos mudanças! O país hipnotizado pelas chuteiras e pelo rebolado das mulatas saiu do estado de inércia, está nas ruas. É o pior dos tempos, é o melhor dos tempo. É (só) o começo!