Flavio Siqueira
Toda inquietude, todas as dores, todos os ruídos que tantas vezes parecem nos invadir são apenas expressões desorganizadas de algo maior, de um potencial de vida, a capacidade de se expressar em amor. Talvez não esteja claro agora. É necessário pacificar-se para entender. Não é o mundo, nem as pessoas, nem nada mais que deve promover paz em nós. Esse é nosso condicionamento, geralmente é assim que somos levados a acreditar: a paz está em algo a ser buscado, uma meta, uma pessoa, um evento que um dia encontrarei. Essa busca insaciável nos desorganiza.
Faz com que as emoções enfraqueçam, nossa natureza seja distorcida, a criatividade diminui, coloca-se um véu denso e escuro sobre a capacidade de enxergar com clareza. Tudo o que temos naturalmente como potencial humano, toda beleza se confina em uma estrada estreita, congestionada, poluída.
Como aquele mundo de gente que sai no feriado para o litoral achando que encontrará felicidade em uma praia lotada, carros literalmente estacionados nas estradas, falta de estrutura, de água, de comida, horas de paciência na ida e na volta enquanto a cidade desfruta de rara paz.
Entende o que estou falando?
As dores existenciais que não sabe explicar, a sensação de que tem coisa faltando, o desconforto latente diante do que as pessoas tem se tornado, diante do que você mesmo tem se tornado, não indicam 'doenças' necessariamente, pelo contrário, podem indicar que há em você, dentro, muito mais do que convém aos 'donos do mundo', os que usam nossa sede para criar zumbis em prisões emocionais, escravos que passam a vida inteira buscando lá fora, em tudo o que dizem, ou melhor, que vendem, o que encontrariam se simplesmente se enxergassem com verdade, se parassem de correr atrás de todos os pneus que passam pela estrada.
A paz mora aí dentro. Não fora. Não lá, mas aqui. Tudo ficará absolutamente claro quando você se permitir parar, aquietar e enxergar. Não há fórmulas mágicas, encantamentos ou nada que substitua esse entendimento básico: É preciso enxergar-se.
Siga seu caminho em simplicidade, com alegria, presente no hoje, no agora, encontrando significados no cotidiano. Seja humano, seja você.
Esteja consciente. O que hoje parece desarmonia, refletirá sua paz interior e naturalmente se harmonizará conforme acontecer em seu coração. Só não inverta as coisas, não se engane, não se perca.
O mundo é dentro, o reino de Deus é dentro, a paz é dentro. Pare de buscar fora, de procurar culpados. Não são os outros é você. Pare de se distrair com tantas bobagens, com tanta pena de si mesmo, pare, e, então, finalmente, encontrará descanso."
"O mundo é dentro, o reino de Deus é dentro, a paz é dentro. Pare de buscar fora, de procurar culpados. Não são os outros é você. Pare de se distrair com tantas bobagens, com tanta pena de si mesmo, pare, e, então, finalmente, encontrará descanso."
"Cada vez que você é afetado pelos reflexos de um ato praticado por outro, seja no passado ou no presente, tem a chance de dar uma resposta de amor.
Sempre que faz isso, melhora o outro em você.
Como todos são conectados, suas respostas em amor dá ao outro
uma chance que – da mesma maneira como aconteceu com você – volta para ele como outra via de possibilidades.
Se ele entende e também responde em amor, criará um ciclo de pacificação que vazará para mais gente."
"Esse mundo está lotado de ideias, filosofias, regras a serem seguidas, discursos absolutos, cartilhas, leis, mandamentos, donos da verdade nas igrejas, nas Tvs, no rádio, na política, nas universidades, nas esquinas da vida.
Há sempre alguém defendendo uma ideia que tem cara de definitiva, uma 'tese irrefutável'. Há fundamentalistas e pacifistas, religiosos, humanistas, esotéricos, místicos, capitalistas, comunistas, intelectuais, ideologias em excesso, construções em demasia, desentendimentos que levam ao mesmo lugar: confusão, intolerância, desamor.
É assim que permitimos nos condicionar. Por medo fingimos ser o que nem nós mesmos acreditamos, tudo por medo.
A razão pela qual precisamos desses rótulos está ligada ao fato de não crermos em nada que vá além da superfície, dos discursos, das formas, das fórmulas, das palavras, do que nos dê alguma sensação de segurança. Quem admite perder o controle e dar um salto no escuro em busca da verdade? Da própria verdade.
Desconstruções são fundamentais! Rótulos são apenas rótulos.
Não ande com medo de punições. Não seja por medo. Se é para temer alguma coisa, tema o cinismo de quem finge que vê, mas é cego, a amargura de quem se resignou na própria loucura e não permite que os outros enxerguem, que se agarra à alguma teoria somente por temer ser punido. Não tenha medo, mas tenha fé.
Ter fé não é acreditar em símbolos, amuletos, doutrinas ou pensar que amanhã tudo será conforme seus caprichos. Ter fé é caminhar em gratidão, perplexo muitas vezes, perdido tantas outras, sabendo que a verdade e a liberdade se conjugam, que todo aquele que procura em verdade, encontrará.
Permita-se caminhar em liberdade, sem medo. Não tente sufocar o próprio vazio, mas tente percebê-lo sem angústia. É preciso silêncio de alma para poder ouvir, ver, saber, reconhecer que, sim, é conhecendo a verdade que seremos libertos de nossos labirintos, nossos enganos e nossos temores.
Há muitas vozes no mundo. Há muita teoria, muitos caminhos para todos os lados. Há gente dizendo um milhão de coisas, mas, a questão é: qual a tua verdade? Está na hora de levar essa pergunta a sério."
"Há muitas vozes no mundo. Há muita teoria, muitos caminhos para todos os lados. Há gente dizendo um milhão de coisas, mas, a questão é: qual a tua verdade?"
Dores e alegrias, dias bons e maus, gratas e tristes surpresas, quem pode evitar? Melhor que cada experiência seja como uma semente e que cada semente encontre terra boa. Somos a terra e se soubermos acolher as sementes, mesmo as doloridas, adiante, árvores frondosas surgirão.
É inegável que todos nós sofremos influências o tempo todo, ninguém cria nada, mas é bom pensar que o pensamento do outro em mim ganha meus significados, meus cheiros, meus contornos e por isso identidade própria. Mesmo a filosofia moderna não filosofa, apenas repete o que filósofos do passado disseram. E a jaula do pensamento tentando evitar que os próprios criem asas e ganhem o céu. Pensamentos livres são um perigo para os sistemas...
Não transforme o sofrimento em tijolos que virarão casa. A casa do sofrimento é blindada, sem frestas, sem entradas de luz. Sofra e construa pontes. Passe por elas, siga adiante e não fique lá.
Amadurecer é saber ser você mesmo, sem proteção, sem medo, sem necessidade de corresponder expectativas.
É o desenvolver da capacidade de enxergar vida no simples, no agora, no hoje, vinculando experiências, atrelando-as a sua percepção de vida que se desenvolve em paz, no seu tempo, em consciência.
Amadurecer não se parece com a identificação de esteriótipos, não está ligado ao envelhecimento, a sisudez de rosto ou comportamento. Não tem nada a ver com o tipo de trabalho que você tem, quanto ganha ou o que faz.
Amadurecer é deixar que a vida lhe fale, estar aberta, como uma fruta que se alimenta naturalmente da árvore até que amadureça e se desprenda sem esforço.
Amadurecimento não é decorrência de esforço, mas consequência de quem aprende a abrir mão da necessidade de aprovação, quem perde o medo da vida, quem cresce em confiança pelo simples fato de que um dia resolveu enxergar na simplicidade, nos acontecimentos do dia a dia, as maiores e mais importantes lições.
É quem perde o medo de projetar significado nas experiências e, por isso mesmo, cresce com elas.
Amadurecemos no caminho, enquanto permitimos que o fluxo natural da existência nos mova e, sem medo, aceitamos hoje o desafio de viver. Viva com simplicidade e verdade e o amadurecimento será um processo natural.
Lembre-se: todo nosso mundo exterior, todas as relações, todos os ambientes que nos encarceramos, são reflexos dos carceres da alma, da maneira como estamos por dentro. Ninguém pode de fato lhe aprisionar a mente se não houver concessão de sua parte. Libertando-nos, seremos livres em tudo.
Os verdadeiros vínculos não precisam de muitas vozes, muitas afirmações, muito palavrório. São os que, no silêncio, se afirmam e às vezes até na distância, se enobrecem.
Se as vozes que te cercam lhe distanciam de você, deixe de ouvi-las. Se, pelo contrário, lhe remetem a enxergar-se, a essas dê atenção.
Amor é uma coisa, apego é outra. No primeiro caso, a base é a liberdade. No segundo, o sufocamento, o auto engano.
Quem ama enxerga. Discerne a hora de ir, voltar, dizer, calar. Amar implica em ser sábio, paciente para maturação dos processos. É preciso ter calma para entender o tempo de cada coisa. É preciso ter calma e enxergar-se.
Se não estivéssemos tão focados em nosso ego, tão preocupados com nossos desejos, tão fixados em ilusões, tão presos ao passado, ao futuro, tão distantes do presente, se simplesmente estivéssemos atentos ao universo, ao maravilhoso universo de vozes, movimentos, encaixes, sutilezas que nos apontam o caminho, estaríamos muito mais descansados e confiantes.
Andaríamos em paz independentemente dos cenários, certos de que o mundo de fora sempre responde ao mundo de dentro. Não é a angustia que produz paz, nem a inquietude geradora de descanso. É o contrário. É um coração em paz, uma mente tranquila, o caminhar consciente que aplaina o caminho e interfere no cenário turbulento. De dentro para fora, sempre.
Dificilmente buscamos a solução dos nossos problemas. Solucioná-los dói, implica em reconhecimento de responsabilidades, em assumirmos desconstruções que nem sempre estamos dispostos a arcar. Queremos culpados que nos aliviem e façam catarses, queremos demônios que assumam nossos lugares e nos redimam se ser quem somos.
Ouvir melhor é fundamental para pensar melhor, para discernir quantas desimportâncias nos distraem, nos expõe às armadilhas como um inseto preso na teia de aranha. Perdeu o espaço, o movimento, a liberdade.
Aprendi a voar no que faço. Nos meus textos, na rádio, nos livros, nos vídeos. É um jeito de estar no céu, mas com palavras, De sair do chão, do lugar comum, das superficialidades do dia a dia e subir além das nuvens. Ir ao céu possível e abrir as janelinhas. Sobre as camadas de nuvens não há tempestades, o céu é limpo, há liberdade.
Os discursos que ouço de maneira geral em relação ao amor são dogmáticos e comerciais. Na religião, em muitos casos, vejo exploração de algo que não deveria ser; tanto as ocidentais quanto as orientais. Sacerdotes, monges, meditadores enriquecendo com suas “técnicas” e palestas. Mesmo a tal “Nova era”. Sinto ali muito mais um mercado (livros,workshop, palestras, etc… ) do que uma proposta humana. Sinceramente não vejo evolução nisso, nas mudanças de códigos ou de linguagens. Não acho que basta. Para mim evolução se projeta em humanidade, gentileza, inclusão não dogmática, natural que se estende no trato, na abertura, na intimidade, na consciência que não há maiores ou menores. Há pontos de vistas diferentes e, ao lidarmos com eles, exercitarmos nossa humanidade em simplicidade e amor. Perdoe se não é o que pensa, mas esse é o tipo de evolução que creio.
...o cientista fará cálculos, o poeta textos, o músico vai compor e nenhum deles saberá que estão falando sobre a mesma coisa, o infinito, o que também se projeta no mar, se estende no céu, no que chamamos de amor, tudo uma coisa só, manifestando-se na linguagem de quem diz.
AS OITO BEXIGAS: Todas sorriram na última foto. Sorriram sem saber que seria a última juntas. Ontem uma delas partiu sem aviso e sobrou a pele murcha, vazia; pálida semelhança com a que sorriu na última foto.
Agora elas velam. Com o tempo outras também partirão e a imagem da festa sobrará no retrato, ou na memória das que forem por último. Depois o retrato se perderá e ninguém mais falará sobre as oito bexigas da festa.
O que sobrou vai decompor, outras virão e terão o mesmo fim, como sempre acontece.
Ontem, quando uma delas partiu, rompeu a pele vermelha e voltou a ser sopro de menino. Libertou-se da embalagem festiva e ganhou ares, voltou a ser fôlego, enamorou-se do vento, voou.
Sobraram sete bexigas e elas choram suspensas no ar.
Queremos Deus, mas não vemos quem está em nosso caminho. Procuramos vida em outros planetas e desconsideramos a diversidade de vida do nosso. Queremos iluminação e nem sabemos o que é ser humano. Tememos a morte, mas vivemos com pressa, olhando pra fora, sempre a espera de algo que só existe dentro da gente.
Você vive o reflexo do que foi feito pelos que viveram antes, mas não é por isso que deixa de recriar seu mundo todos os dias. Não há dia em que você não tenha a chance de se recriar; fazer outras escolhas e começar um novo mundo a partir de você.
Uma das maiores dificuldades dos seres humanos é aceitar a liberdade. Muitas vezes preferem criar muletas, apoios e não sentirem a vertigem de quem de repente se vê livre. É mais fácil criar amarras para alimentar a sensação de que tem onde se apoiar. Para andar em liberdade há necessidade que comecem a caminhar sozinhos, sem se escorar nas paredes
Acidentes acontecem, desvios nos caminhos são inevitáveis, mas se retirarmos do nosso olhar o julgamento moral, começaremos a experimentar a sensação de viver em paz. Isso porque a paz não é fruto de uma vida estável, longe das surpresas desagradáveis do dia a dia. A paz é fruto de sua disponibilidade mental em entender que, apesar dos pesares, quem dá significado a cada acontecimento é você.