Transformada a pedra em pó
Ficaremos suspensos na vertical
Do lugar de queda
As flores de plástico
Não murcham no tempo
Nem brilham ao sol
Declinando os cinco sentidos
Como se fossem verbos meus
Conjugo o sol e o tempo
As chamas das palavras certas
Não se apagam
Nas cinzas do presente
O meu instinto é uma ave
Pousando ao acaso
Sobre as nuvens passando
No etéreo do meu corpo zenital
Fazendo a vertical do lugar
Reduzo o todo a um ponto
Podemos forjar os metais
Ritmando as pulsações do fogo
Mas apenas o ferro criará alma
Se não existissem os espelhos
Nós seriamos apenas
A nossa sombra no chão
Nem todos os gritos
Têm a mística poética
De voar até ao infinito
Nunca penses que dobraste um bambu
Ata bem o seu colmo
Ou sentirás o seu coice
Do arado restará o óxido de ferro
E dos sonhos apenas o vapor
Só os livros continuarão como aves
A poesia é uma nascente
Nos acasos do silêncio
Alcançando mais longe
Antes do poente
Aprende com o sol
A verdade do tempo
Os espelhos quebrados
Desfocam o mundo
Contando a vida em fascículos
Vencer é resistir à vertigem
No equilíbrio vertical
Que contraria as leis da gravidade
As rosas são belas
Até ao momento em que os acúleos
Nos rasgam a pele
No filão das palavras
Os garimpeiros são os poetas
Escravos da sua liberdade
O tempo é uma sombra fugidia
Passando em geometria
No girassol dos olhos
O destino é um fruto incerto
Sobre uma árvore na madrugada
Esperando os sortilégios do sol
O destino é uma linha recta
Que se vai divertindo no caminho
Fazendo meandros no rio