Fernanda Timbira
Como se eu estivesse correndo, fugindo, fluindo de algo deleitoso e talvez enigmático. Minhas reflexões desviaram dos teus olhos por diversas vezes e eu nunca ousei questionar. Ligeiramente pude sentir a ternura dos teus lábios escaldando meu corpo;
Uma experiência um tanto ridícula, evitar teus olhos. Unicamente conversando, pude pressentir o rio de mistério que é você.
Ao tocar na pele pálida e suave dela – sinto o meu sangue ferver. Com toda malícia agarrada nas mãos, estou explorando brutalmente o corpo dela. No escandaloso auge do acontecimento ela foge dos meus braços como se fosse um fantasma a correr na escuridão. Então – sigo seu ato e nem se quer um rastro de ternura e gratidão.
Minha pele arrepia quando imagino a fricção dos nossos corpos. Seu cabelo, seus olhos, sua cor, seu beijo...
Tudo tão ativo e custoso de evitar.
Aprecio sua foto e prendo nas recordações o seu melhor sorriso. Permaneço em silêncio ao saber da sua vida pelos outros, pois sou observadora e te observo dia e noite.
É com enorme constrangimento que eu permaneço parada no tempo. Nenhuma gota de pensamento é capaz de alimentar e animar minha pobre alma.