Fátima Arede

Encontrados 15 pensamentos de Fátima Arede

⁠Êxtase

A lua e o sol apaixonaram-se.
Amor fadado e condenado
Pelo destino separados
A lua cobria-se de tristeza!
Com o seu véu, na escuridão
Deus compadeceu-se dos amantes.
E concedeu-lhes a dádiva do eclipse
doces e raros momentos
em que os amantes reencontram-se
e no leito celestial proclamam o seu amor.
Espetáculo de rara beleza
Momentos de fascínio e êxtase
Luz que cega e ilumina a escuridão!

⁠Eternidade

No arrebol da poesia
entre o ocaso e a aurora
No coração do firmamento
espetáculo divino!
O sol cansado oculta- se
envolvido pelo manto da noite
dando lugar à lua e as estrelas.
Depois da noite, sublime alvorada.
O sol descortina-se e acorda a vida
Celebração de um novo dia!
Raios austrais de luz e cor
tapete vermelho em cima do mar
que alonga- se no horizonte.
Da tinta escorrem lágrimas
em forma de palavras
do mar se faz sol.
da vida, eternidade!

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⁠Mundo cor-de-rosa

Pudera eu voltar a ser criança!
No reino da fantasia
tudo é mistério e beleza!
Na imensidão do mundo
Passeio no meu jardim
colho flores e sonhos.
Visto-me de primavera!
Perco-me na floresta encantada
ouço os passos das árvores
que estendem os seus braços
em forma de abraços.
Pudera eu viveria num mundo cor de rosa!
Onde não há maldade nem desenganos
onde o sempre é para sempre.
Num mundo mágico assim!

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⁠Doce ausência

Deixaste-me uma rosa encarnada.
Cujas veias corre doce néctar.
Presente da tua ausência
Sobre o leito branco silencioso.
Maculado pelo vinho tinto derramado
Do amor vivido, saudades!
No mistério do teu olhar; emoção
A terna lembrança da tua presença
O gosto perene da paixão
A nostalgia gelada
Algoz da minha alma
Sangue que corre e inflama!
Na imensurável tristeza
Odisseia de sentimentos
Dor que fere e cura.

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⁠Jardim da alma

Cuida do teu jardim
Cultiva sorrisos
Rega com amor as tuas flores.
Flores que perfumam a alma!
Que recebam luz divina
Atente as ervas daninhas!
Que teimam em nascer
E consomem constantemente
Todo o bem-querer.
Cultiva sorrisos e esperança
Para que a colheita seja farta.
Um jardim bem cuidado
requer paciência e dedicação
Para brotar flores graciosas
Que ornam o coração!

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⁠Retalhos do tempo

No aconchego do tempo
Costuro com carinho e cuidado
uma colcha de retalhos
Na minha caixinha de costura
fios de linha coloridos e opacos
Tecidos claros com renda incorporados.
Do tempo passado desbotados
Acrescento tecidos vermelhos bordados
de sedução e amores passados
Cores que misturam-se entrelinhadas!
Fragmentos da vida coloridos!
Costuro e remendo retalhos de ilusões.
Sonhos de tecido desfeitos
Alguns pedacinhos alegres
outros de lágrimas drapeados
Bainhas com viés esmeradas
guardam os meus segredos encabulados
Com ponto cheio bem costurados!
Pedacinhos de pano indecifráveis
Na minha colcha de bordas inacabadas
Pretendo entrelaçar estrelas de sonhos
e bordar flores ornadas de esperanças.

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⁠Pingos de mel

Nuvens sombrias, rasgavam o céu.
Negras, escuras, tenebrosas!
Prenúncio de tempestades
Abriam-se as portas do Hades!
A lua assustada cobre-se com um véu!
Céu escuro, noite sem lua,
Sussurravam as estrelas adversas!
Escuridão opaca, incertezas...

Lentamente num compasso desacelerado,
uma chuva miudinha pinga no chão.
Som que vem do céu, acordes de piano,
dos teus dedos suaves, doce melodia!
Musica erudita, combinação perfeita de sons!
Inebriante...entorpece o coração.
Gotas suaves que fecundam a alma.
Carrega com ela as dores do quotidiano.

Ao amanhecer depois da chuva,
gotinhas de chuva misturadas com sol!
Desenha-se no céu uma curva
um lindo arco-íris pinta a tela celestial!
O cantar vibrante dos pássaros,
o cheirinho gostoso da terra molhada.
As borboletas que pousam nas flores cobertas de gotículas d`água.

Terra seca, ávida de amor
Gotas douradas, dádivas do céu!
Abençoada chuva que fertiliza a vida com pingos de mel.

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⁠Sou rosa encarnada
cor de sangue, viçosa!
Na minha fragilidade sou intensa!
Corre nas minhas veias
doce néctar de sensação!
Sou sonho e devaneios
Com o meu doce perfume
escondo a minha solidão

Apaixonei-me por um beija-flor errante
que atraído pelo meu perfume exuberante
flutuava e batia as suas asas
Deleitava-se sob as minhas pétalas
com doces beijos, sem pudor!
Inebriou- se no bálsamo do amor
Bateu asas e voou, sedutor galante!
Beija- flor eterno viajante!

É assim a tua natureza
voar de flor em flor
Vives de goles de amor!
As minhas lágrimas copiosas
em gotas de orvalho disfarçadas
quando olho para o céu.
Em eterno desalento
sinto as carícias do vento!

A minha natureza são profundas
e densas raízes no chão
A chuva lava as minhas lágrimas.
Não vou sucumbir de paixão!

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⁠Bailarina da lua

Dança sob a luz da lua
Desliza no palco da rua
Tal como folha de outono
gira ao sabor do vento
Em movimentos alegres e vivos
Com passos de elevação
Espírito solto, dança com o coração
Na ponta dos pés primorosa elegância
Nas mãos asas de borboletas!
Ninguém imagina graciosa bailarina
que as tuas mágicas sapatilhas
escondem sangue e feridas!
Ser bailarina demanda paixão
Elevação de espírito e determinação!
Rodopia com um sorriso no rosto
e com doçura no olhar
Doce bailarina teu destino é dançar
Num cabriole saltas e consegues voar!
És a protagonista no palco celestial!
As estrelas são codjuvantes
Num espetáculo magistral

Inserida por maria_de_fatima_arede

⁠Tinta d'ouro

A vida sorri no milagre de uma aurora.
Presente de mão divina
Iluminando os nossos pensamentos
O sol ainda adormecido.
Depois de uma noite, escondido
espreguiça os seus primeiros raios
que espalha-se como pó de pirlimpimpim
Flutuo nos meus pensamentos…
Na leveza da sua magia
Quimeras do meu sentir!

Raios de sol que vem com a alvorada.
Pujantes de brilho e cor
Rei supremo do firmamento
Senhor de tantos encantos!
Com fulgor lança o seu manto áureo
que cobre o imenso mar
Numa exibição sedutora
de lusco-fusco, puro êxtase!
Os seus raios de vida beijam a terra
e transbordam raios de amor

Ardente carícia de um toque
que aquece a rosa orvalhada
Que brilha linda e viçosa!
Espalhando perfume de amor.
Os raios de sol na relva
desenham uma trilha dourada
escrita com tinta d'ouro
pelo mais nobre poeta do universo!

A noite faz parte da vida.
mas a escuridão não é eterna
Que tem fé sempre alcança!
A esperança de um novo amanhecer

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⁠Eterno fado

O sol consumido oculta-se dando lugar
à noite que espreita delicadamente…
Deita-se devagar no horizonte atrás do mar
na esperança de vislumbrar a sua amada
Com deslumbramento no olhar
procura pela sua amada no firmamento
A lua ainda velada vê-se observada.
Embevecida, compõe-se vaidosa!
Com belas joias de prata adornada!
Para desejar uma boa noite ao seu amado.
Por breves instantes enamorados!
A noite impõe-se, indiferente, ao triste fado dos apaixonados, separados eternamente.
O “ASTRO REI” para sempre triste e desolado.
E a lua por sua vez, só e amargurada.

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Pintassilgo

⁠Um pintassilgo pousou na minha janela
Numa manhã de sol esplendorosa!
Ave de beleza singular
Que lindo o seu colorido!
Com a sua máscara vermelha
Cheio de energia e excitação!
Cantava a sua doce melodia
Como se quisesse chamar a minha atenção!

Canta o meu ilustre visitante,
com alegria e fulgor
Tu és pássaro viajante
Mensageiro de esperança e amor
Fiquei aprazerada e encantada
Com tal visita extasiada!
Numa grande ópera cantava como um tenor!
Intérprete de obras extraordinárias!

Na chegada do crepúsculo,
no fim do último ato.
Fecharam-se as cortinas.
É findo o espetáculo
E num voo magistral
Recolheu-se o tenor no espaço celestial!
Aguardo-te na alvorada nobre cantor.
Lindo pintassilgo de canto sedutor!

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⁠As quatro estações

Nas estações da vida
a minha alma veste-se de flores.
Passeia em jardins de cores
Trilha alegre e perfumada!

Na primavera vestia- me de sonhos
Vestido de cetim, cor de auroras!
Passeava em jardins secretos
Onde pousavam borboletas alegres e ternas.

No verão vestia- me de certezas
Pétalas vermelhas sensuais e graciosas!
Desfilava na passarela da vida.
Vestido vermelho, seduções ousadas!

No outono visto- me de liberdade
Vestidos serenos, bordados multicolores!
Flores tardias, igualmente belas!
Avenidas douradas, primaveras travessas!.

No inverno, vestirei- me de esperanças
Fluído vestido de seda, pérolas brancas!
Em alamedas de árvores desnudas
Na alma, raízes profundas!

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⁠Caminhos

Deambulo pelo mundo, corajosa
Pela partida ansiosa…
Na bagagem dispenso banalidades
Levo comigo uma mala de sonhos.
Sapiente de que nada é meu!
Percorro caminhos de pedras e montanhas.
Longos e penosos, escuros como breu!
Que me intimida e desafia!

Por vezes eu desatino, no meio de tropeços.
Arrasto pesadas correntes
De desencontros, tristezas e tormentos
Perco-me nos meus pensamentos ...
Questionamentos e ambiguidades
Devastadores caminhos de iniquidades
Por vezes a minha alma gela!
o meu corpo no tempo congela

Procuro incessantemente a minha essência!
Perco-me, desvio-me, reencontro-me…
Porque a minha vontade é soberana!
No eco silencioso dos ventos auspiciosos
Ouço a minha voz em forma de oração.
Confio a ti o meu destino.

Inserida por maria_de_fatima_arede

⁠Ocaso

Vem chegando a fria brisa.
Do inverno, árvores desnudas
Paisagens grisalhas
Da caminhada da vida
No recolher, missão cumprida!
Desfrutei cada segundo
Das maravilhas do mundo
Na essência do meu ser
Vivi intensamente cada primavera
Adornada de flores e amores!
Celebração da vida em flor

Deliciei- me nas coisas mundanas
Porque metade de mim é pagã
Na retina fica gravada a imagem
Do meu último sorriso...
Não levo nada na bagagem!
Apenas o amor que dei e recebi.
Os momentos de carinho
Que partilhei com a família e amigos
Esses, levo no coração.
O meu legado são meus escritos.
Páginas amareladas da minha história!

E, num último ocaso da vida
Assistirei à beleza do por do sol!
Que descansa nos braços do mar.
Também eu repousarei…num último olhar.
Abro as minhas asas no silêncio da partida.
Chega a dama da noite com o seu
longo manto escuro, corpo esquálido
Senta-se ao piano, com as suas longas mãos.
Toca brilhantemente a última sinfonia.
Mergulho no silêncio da noite escura.
No vazio do nada, a derradeira cerimónia

Inserida por maria_de_fatima_arede