Fabrício Hundou

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bora livre
chinelo de vento
demora num gerúndio
y um bocado de
sonhos

Inserida por FabricioHundou

QNM

meu endereço
onde padeço
onde me reconheço
quês, nadas, Marias
porquês

rua cheia de Guiné
vestibular pra não perder a fé

já tive cabelo bom
cúspide pra ser preto
y dipôs doutros entusiasmos
expecto somando desejo
ainda quando não percebido
mesmo que um lapso ríspido
me arrete

(desfibril-a-dor)

amanhã não sei se esqueço
s'eu ninar
ou rezar
é banzo - de qualquer
jeito

Inserida por FabricioHundou

EXCESSIVO PÁSSARO

Existe em mim uma carência que se renega quando encarada, faz da fuga uma jornada; um bocado de entorpecentes astrológicos. Língua solta em escrita-queixosa. Piada, piada, piada.

(Sol Sagitário-Capricórnio/asc. Câncer/ Lua em Áries/Vênus, Mercúrio, nod. Norte em Sagitário)

Por excesso de inteligência/lúdico/criatividade as transformações ganham justificativas ou são quantificadas no meu paradoxo. Sustento há pouco tempo essa teoria. Muitos dias de terapia frente ao espelho! - não necessariamente Narciso vi. Aliás, quis ver.

Qualquer emoção eu cegamente sei nome y origem. Amo sem receita. Muitas justificativas que dei [pra mim mesmo] tornaram-se poemas. Algumas composições são meramente fantasias-reais. Perceba eu justificando. Perceba-me poetizando.

Tenho muito apreço pelo uso de hífen. Ensinam-me à tudo separar.

Falar no/do passado me estanha a saudade. Mistura de tesão, drama, banzo, verdade. Medito peridiocamente. Tomo banho de Anil. Acendo vela com copo de água. Uso guia. Presenteio com búzio. Rezo Ave Maria. Vejo Oxum.

Não é bem "pássaro" a metáfora biográfica. Piava! Oito e Oitenta. Infinito. Hipócrita. Aprendiz.

Quando demoro em alguma casa, logo penso na finitude. Defendo o aluguel, sou quem esbraveja o neoliberalismo do arbítrio. Já acordei em muitas casas. Em termos de moradia, mudei poucas vezes. Por ter muitas relações, acho que posso fazer escola dos relacionamentos. Até posso, mas inclino à autoestima ou excesso de segurança - acabo vasto na solitude. Fico pouco tempo porquê aro e mexo em Terra, construo logo outra casa...viro cidade: mapa astral.

Junto!

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GAMBOA

o mar da Gamboa
faz nas pedras
ijexá em 10bmp

cortejo pra maré
fanfarra pra quem vier
as ondas se cacheiam

saudade é terapia
do soprar pra dentro
y fora

já me benzi muito naquelas águas
já me benzi muito naquela calma

Inserida por FabricioHundou

alguém muito cheiroso
sentou aqui há pouco
no banco em que estou
vista pra janela
camarote de curioso-aprendiz
lugar de quem atira paixão
assobio de
bem-te-vis

Inserida por FabricioHundou

cartografia d'água
cesária do Tumucumaque
Òsun Aboto/Oxum Yaboto
lágrima boricada
rua de correnteza
neto Xacriabá
cidadania ribeirinha
amor flutuado
Asc. em Câncer
Saturno em Aquário

Inserida por FabricioHundou

ANÁLISE CINESIOLÓGICA DO ABRAÇO

desejo-lhe escafandro
ruas no oceano
olhos y guelras
faz jus adivinhar o mar

júbilo não vai lhe faltar
júbilo não vai lhe faltar

Inserida por FabricioHundou

INSTANTE

agora, depois de tudo/
antes de tudo:

praticar a teoria do
sentir a alegria
no momento que vier

abundante

da Lua Cheia à
Lua Minguante

instante

Inserida por FabricioHundou

SEGU-IR

difícil mesmo
é jogar frasco de perfume fora
ou sacola-embrulho que veio presente;
desviciar-se de café
perdoar desleixo
ver algo novo se quebrar

difícil é esquecer do que falta
lembrar do que essencialmente é

risco é desejar outra infância
desapego é não querer a volta
segu-ir o sinuoso Aweto
paradoxos do soprar o fogo

deixar ( )
embora

Inserida por FabricioHundou

SALVADOR-DE-MIM

Baía de Todos os Santos
como o cheiro do dendê
os mosaicos de Bel Borba
o vulto de salitre
saudade em toda a Orla

Inserida por FabricioHundou

ODOYÁ VIRÁ

Antônia Francisca
à beira da Orla
o mar passando café
y ela mandado beijo
pra quem passa ou
a quem nunca
virá

Inserida por FabricioHundou

NESGA FOGO

Badé girando o mundo do fogo
Kaô - sem queda no voo

a gratidão não cabe num verso
a gratidão não cabe num verbo

ninguém é a rua n'qu'eu moro - viu?
retinto da água de rio

pralém do céu que invade
infinitudes particulares
febre y curiosidades
de Áries

Inserida por FabricioHundou

PÁSSARO GOTA-GOTA

portar um tempo pra repouso
a tolerância ao estático
sustentar o aqui-agora
parece quase um obstáculo
o bicho pássaro
desconhece a demora

virou um outono sem urro
asa delta sem vento
misturou-se à indiferença
conheceu Canário-da-terra
um pintassilgo
uma rolinha

dizem que nós vamos voltar
y há rejeito à extinção
esvoaça teu cabelo
espécie de liberdade
mar que conhece o chão

chamasse pra conversar
piou, ruminou, cantou MPB
fez festa/faz festa
dançou ijexá em minha BOCA
foi-se embora com espelhos

(também gosto
presença

gota

em

gota)

Inserida por FabricioHundou

OUTRO OURO

nem
cambaxirra sabe a altura
da sua liberdade
y bem vê
transição
em câmara anecoica
sem saber o tom, próximo
dum sussurro-gemido em
pé de orelha - que nunca vai sentir
cheiro de adubo que perfumou cedo
nem sentir moral que castra;
a tendinite que ataca

nem hei de reclamar do tempo
que foi dado aos poucos
sem saber qual dos dois amores
tem + ouro

mas

pra barrar tanto aguadouro
nem só hedonismo há
(Urano em Touro)

cambiar pieles
gozar com cãimbras
arrepiar pescoço
até que
no Cerrado o outono
resfrie

banzo de
cambaxirra
rouca
uivar

Inserida por FabricioHundou

Búfala, totem, wi-fi de mim,
águia, arraia-pássara. Minha mãe vai saber - vou dizer.

Inserida por FabricioHundou

Faço poesia até da própria poesia - parida de espelho; o timbre do eco.

Inserida por FabricioHundou

MÁSCARAS Y BOASCARAS

algumas caíram na primeira lufada
pelo desuso uma dessas foi guardada
a que caiu nunca tentou ser segurada
lantejoulas y band-aids
reparos pra novas datas

máscara do Máskara e qualquer objeto pude ser
dia que fui átomo/resma/abridor de lata
fui botão namorei zíper
cansei ao experimentar espelho
do hedonismo
ao tédio do desejo

máscara de gás y às tiranias não temi
ladrei / militei
dei às ruas cortisol / rebeldia / nem pleito eu tinha
justiças lacrimogêneas ainda assim
me feriam

máscara de Maragojipe para as tradições que
que adornaram as minhas sábias alegrias
ápices carnavalescos
amores que disfarço em frágeis fantasias

máscara cirúrgica - na Gira / na crença (eis anestesia)
estou quase pronto pra transmutar
um corte na terra
a raíz da história se aduba no mesmo corpo-lugar

máscara de argila a beleza de se cuidar
eperiquitar-me todo
as manchas de juventude
cada trecho é um conto a se contar

máscara balaclava talvez me atice
ao assalto da mão-amada - roubar pra ler?
não me reconhecerão suspeito
roubar o tempo da paciência
inocento-me pra aprender

máscara de oxigênio em todas as circunstâncias
que a teimosia de não praticar
diariamente pranayamas
evitar tabaco / lactose
lembrar que meditar é uma simbiose
do fora pra dentro
a mudança é de dentro pra fora
sem máscara sobrevivo
sou poeta que
sobra

Inserida por fabricio_hundou

aproximAR


ora as frestas das pálpebras
a vassoura não alcance

uma lufada - epahey-vento (de dentro) traz à Virgem enquanto Lua

a crítica
crua, nua, vegana
racionalmente água
filha de pedra

sabe
com uma linha da mão
coser retalhos prum vestido que será trajado em sua casa limpa
pós faxina
onde coração y pés precisam se aproximAR - não tão coletivo
Acuário sem seus delírios

o
fôlego
é um timbre
próximo

Inserida por fabricio_hundou

QUERO SER CADA VEZ MAIS TARTARUGA

Fui mergulhar.

Inaugurando o Solstício veraneio, experimentando as folhas da nova idade, em uma tarde na praia da Gamboa - uma das que tenho afeto/admiração - pedi Agô às águas da Baía de Todos os Santos y me lancei às correntezas. Quando ao sol em queda tocando o líquido infinito, eis que vejo uma tartaruga marinha a se alimentar.

Receptor de todos os símbolos que sou, tomei logo como dádiva. Naquele instante, eu também era tartaruga marinha. Meu casco, ainda que duro, levitava submerso. Meu fôlego de caçador se qualifica a cada mergulho profundo. A solitude da tartaruga me deu coragem para mais. As minhas fomes também me exigem apneia ou a calmaria só me seria distância.

Inserida por fabricio_hundou

VÁ (5X)

porquê não demoras
o en(canto) é veloz
sonhar é o orgasmo

a flecha que dispara cega
acerta a c'alma
à paixão se entrega

o coração sagitarianamente palpita em:

vá vá vá vá vá!

y o cérebro-pedra-bruta silencia
Capricórni'agoniza
castra
acolhe
deseja prioridades
um calor beijado

você
você
Lua

Fabrício Hundou

Inserida por fabricio_hundou

8ITENTA POEMAS PRA LUA

não trouxe os fones de ouvido
só enchi cinco dedos d'água a garrafa
carrego mudas de jibóia no colo
y uma tela de várias polegadas
no fundo do ônibus
transmite a Lua Cheia em Câncer
enquanto minha saudade-praxe
some na escuridão marítima
aparece numa poesia desconexo
contente ao
ermo

Inserida por fabricio_hundou

pra pedir o sol
chamai ao vento
relacionar-se bem
Tempo ao Templo

a mãe de Santo tá com calor:
vai chover
em meu Terreiro

a mãe de Santo tá com calor:
vai chover
em meu Terreiro

Inserida por fabricio_hundou

REFRÃO

bater continência
só para o Sol
y que meus dedos cosam firmes
cada fio
rastro
clarão

Inserida por FabricioHundou

MURIÇOCA ZUMBIDEIRA

arranha o ar
na fuga das minhas palmas (estaladas)
esquivamos juntas
vai me picar?

como se
quisesse me dizer alguma coisa
a muriçoca zumbideira grita metálica
um eco sem estribeira

eu
pouco hábil a concentração
disperso em vão
mas
logo desperto sob à coceira

foi injeção?
bicha picadeira!

como que com raiva
de não conseguir minha atenção
se iguala miudamente
à comparação entre
ser predadora
y viver de sangue
a vida
inteira

Inserida por FabricioHundou

na perdição nada se naturaliza
tudo se transborda
todo canto é visto
todo o vazio vai embora
evasão de aprender a tabuada
uma reza pra cada trovoada
nem a tarraxa do brinco é achada
não tem culpado nem cupido
Sangô blindou a chumbo
as minhas
portas
Justiças y
vindas

Inserida por FabricioHundou