Fabíola Dantas
Abracei o caos
Aceitei a dor
Não sou mais uma lua
Tão carente de calor.
Da solidão extrai solitude
E tudo dentro de mim mudou
Feliz sim!
Hoje sei que sou
Encontrei em meu próprio destino
A chave que me libertou
Abri a porta
Revivi
Então eu vi
Que há muito mais luz em mim
Que não sou nenhum satélite a ser iluminado
Que a luz do Sol está dentro
Não ao lado.
Quem dera tivesse o poder das palavras
Pra fazer acontecer o que ouvi do coração
Que não houvesse dor na ausência
Que o pranto fosse só de alegria
Que mesmo a noite pudesse ver a luz do Sol
Brilhando em terra fria
Tivesse eu poder sob a tempestade
No comando da minha voz
Ela acalmasse
Fosse eu vento soprando
Levando a maldade
Mesmo em profunda agonia
Na canção falada a palavra
Dando origem ao que da vida grita o
Coração
Enlaço o amor em letra e melodia.
Nascendo em mim a composição
Como notas que caem do céu
Transforma dor em alegria
A carruagem
Tomou para si
Num intrépido frio gelado
Em meio ao sol do verão
E que só se sente na alma
Devolvemos a matéria
De um pedaço de nós
Perdemos o abraço
Do menino do sorriso largo
Agitador de várias paradas
Levado, mas sempre educado
Fez a gente perder a linha
E passar a noite acordado
Deixou-lhe o sopro da vida
No berço dos excluídos
Onde a mãe chora e a vó que ora
Vê seu mundo perdido
O fel amargo da perda
Estampa em cada rosto
A dor e o desgosto
De despedir-se do menino Léo
Quando nos conectamos com nosso Deus
Extraimos o melhor de nós,
Transbordamos amor
E a vida se multiplica
Gosto de escrever sobre o que interessa
Partilhar idéias, sem pressa
Como quem tira um som da vida
E segue a rima na batida
Voar no próprio pensamento
Sem falar do óbvio
Só das coisas que invento
Crio no palco do mundo
Pessoas e coisas que são minhas
Sons que ouço e reproduzo
Articulo com o ritmo da vida
Assim sou musa e também poesia
Nessas letras que discorro
O próprio som e a melodia
Não entrego tudo
Mas algumas doses por dia
Um pouco do que sou, eu dou
Só pra ver sua alegria