Fábio Murilo
Não sei porque com a idade os cabelos ficam brancos na cabeça, mas, nas sobrancelhas e areas adjecêntes não, que não precisavam tanto. É injusto isso, RS.
Seu Nivaldo é um cidadão que mora aqui perto... É um cara que vai pelo certo, compra e exige a nota fiscal, por exemplo, seja do que for, mesmo que achem ele chato, mas, vamos pelo certo, o certo é certo, essas coisas. Na rua de seu Nivaldo tem duas fileiras de arvores, que ele disse que foi ele mesmo plantou as mudinhas, e hoje estão enormes dando sombra. Também tem uns bancos de cimento que ele mesmo fez. E uma ponte de material alternativo atravessando o rio, que no passado já foi maior, dizem que vinham carros com famílias para tomar banho e passavam as tardes, a agua era limpinha, mas aos poucos foram aterrando para fazerem casas, hoje é só um córrego, um canal barrento, embaixo da ponte de seu Nivaldo. Agora seu Nivaldo conseguiu com a prefeitura que sua rua no final de semana fosse interditada e virasse uma rua de lazer pros moradores se divertirem, os adolescentes praticarem skates. Seu Nivaldo não ganha nada com isso, nunca foi nada, nem sindico, nem líder comunitário, nem pretende ser nem vereador, presidente do Brasil, apenas seu Nivaldo, o homem que gosta de ir pelo certo, aquele faz e consegue as coisas, que faz essas coisas porque acha que devem ser feitas, porque acha que é o certo.
Nilson morreu! " "Teu marido?", "Não, o mestre dele". Disse Jandira. O velho professor de karatê que a anos sofria de uma dores ao lado da barriga e tratava tudo no chazinho caseiro: Deve ser o figado... Deve ser isso... Deve ser aquilo... Deve ser... Deve ser... E nada de doutor de jaleco. E nisso ja a anos e sempre com aquela dorzinha de estimação. Só sei que um dia a dor apertou mais forte do que de costume, mas, tão forte, tao forte, que ele desmaiou. Socorrido, veio a óbito no hospital. Abrilham-lhe a barriga pra investigar e tinha um caroço enorme, do tamanho de um coco! Tiraram um pedaço pra fazer a necessária necrópise, e qual foi a surpresa, não era coisa ruim, era simplesmenre um cisto que haverá crescido, dimensionado tanto, a tal ponto com a passagem dos anos, tomando assombrosa dimensão. Erupção cutanea facilmente tratável, estirparvel, tambem conhecido, popularmente por furunculo, cabeca de prego, carnegao, e tirado totalmente todo trageto, não volta mais. Chatinho, mas, totalmente benigno. O velho e corajoso mestre de karatê morrerá devido a perca de sangue que se acumulam nessas patologias cutâneas e, devido a idade avassada, e a perca tanta do fluido vital viria a ser fatal. Morrerá literalmente vencido pelo medo.
Muitos dizem, "não faltara oportunidade", sei lá, eu lá sou o dono do futuro, "A gente tira um dia" (se tirar um dia faltara no calendário, o tempo já passa rápido e tirando mais do pouco que tem...). Um dia de sábado cismei e queria ir rever uma cachoeira num município vizinho de Primavera, só fui uma vez e era muito criança, e ainda lembrava, menino guarda essas coisas diferentes, era no meio do mato, e se andava um bom tempo. Propus a uns parentes que se mostraram entusiasmados com a ideia, e combinaram de ir um dia... Um dia quando... Dia 26 do próximo mês, daqui a duas semanas, daqui a pouco... Fosse eu esperar... Até hoje. No outro dia, domingo, fui só, sai as 7, 8 horas, de buzão mesmo, mas, queria ir e pronto, cheguei, finalmente, quase 12. Surpreendi-me ao chegar, tinha carro pra levar e trazer, onibus de escursão indo e voltando, tinha uma muralha parecendo a de Fazenda Nova, algo imitando um castelo medieval e estavam cobrando pra entrar, paguei, tinha restaurantes, dancing, e no dia se apresentaria a banda Labaredas, pra quem gosta de dançar, toda uma estrutura. E a cachoeira lá, bonita! Tirei fotos e voltei no final do dia. Fui outra vez depois do inverno, onde ela tava mais cheia, selvagem, raivosa, tensa, rugindo, derramando seu véu espumoso e exagerado que havia carregado até a ponte. Carpien Dien!
Poxa tentei sair um pouco daqui, juro, mas não deu, e assistir um pouco de TV, coisa que já deixei de fazer sistematicamente a mais de 15 anos. Sentei ainda agora no sofá da sala pra saber um pouco, no Fantástico, sobre a vida, a trajetória do líder da Revolução Cubana Fidel Castro, entre outras coisas, até relevantes, interessantes, ai teve uma hora que começou a falar das amantes dele, uma a uma, depoimentos das senhoras, ainda vivas, nossa como pude viver até agora sem saber dessa futilidade, nem imaginava que ele tinha namoradas :O. Depois, logo em seguida, entrou outra matéria sobre pais que se recusam a pagar a pensão alimentícia dos filhos, agora poderão usar também tornozeleiras, se acaso presos, e ficarem em liberdade. Difícil imaginar como é que o cidadão bota um filho no mundo e não assume, não tem peso na consciência de não dar o básico, cumprir com suas obrigações, e ter que ser forçado a chegar junto, por terceiros a sustentar a sua prole. Um filho é uma extensão do corpo, como o braço, a perna, é sua continuação ali, não pediu pra vir ao mundo, é o cumulo da irresponsabilidade, um pai assim é um psicopata, tem um desvio de caráter, ou não tem caráter mesmo, não é normal. Nem um animal, age assim, por instinto, as vezes até assume a cria dos outros. E muitos ainda tem orgulho de dizer que tem uns filhos por ai, encher a boca e se dizer pai, pai é quem cria, como se diz. Um imbecil, que nem participa, que se faz presente no sentido de marcar presença. Falando em presente... Conheci um que trabalhou comigo e mostrava a todo mundo a foto da filha, na carteira, uma filha que ele tinha por ai, como dizia, como se isso fosse um troféu. Um dia, não sei como, essa filha conseguiu localizado e disse que queria conhece-lo, ele combinou no intervalo do almoço, de se encontrarem na frente das Lojas Americanas. Chegando lá foi logo entrando na loja, tou imaginando sem nem beijar a menina, e lhe oferecer um PlayStation, esse poste, essa anta, essa porta em forma de gente, ia dar a filha um presente de menino, e ela disse, com a maturidade e sensibilidade que faltava a esse que se dizia seu pai, que não queria o presente, queria era passar a tarde com esse o desnaturado, comer uma pizza, conhece-lo melhor, e esse Pai com aço, palhaço, sabe o que fez? Deixou a moça lá, devolveu o PlayStation e foi embora, chegado na sala irado dizendo que a menina recusou seu presente caro, coisa e tal. Posteriormente casou com uma senhora e descobriu, depois, que ela não podia ter filho, e teve que adotar um menino o qual cobriu de todo mimo e conforto. Muito nobre esse gesto, valido, mas, sei lá, que coincidência interessante. Voltei pro quarto e agora tou ouvindo daqui outra coisa sem graça, enervante, Domingo Espetacular com um quadro com Paulo Henrique Amorim com aquela voz irritante, pior que é a voz dele mesmo, não tá imitando, tentando ser engraçado num quadro sobre uns bichinhos engraçadinhos, maior leseira, meninice. Vou me esconder por aqui mesmo até a hora de dormir. Desculpe pelo desabafo e meu status quilométrico a lá discurso de Fidel Castro, rs.
Há um determinado programa de TV intitulado Escola do Amor que passa aqui na Rede Record, pertencente a Igreja Universal que "ensina" as pessoas a conviverem melhor em seus relacionamentos, namoro também, não sei, não acompanho. O apresentador dividindo o programa com a esposa, chama até os telespectadores de alunos. Mas, essa questão é uma coisa tão estritamente pessoal, tão relativa, no meu entendimento, que é como discutir o sexo dos anjos, como se diz. Não dá pra horizontalizar, generalizar. Parei um pouco quando ia chegado do trabalho para ver um pedaço que já estava passado e eles, o casal mais perfeito do mundo, orientavam uma moça que contava minúcias, particularidades dela com o esposo, escancarava sua vida pessoal pra todo mundo saber, de tal maneira que me causou um certo desconforto, constrangimento e pedia aconselhamento. Eles enrolaram, enrolaram, desconversaram, saíram do assunto, fizeram conjecturas, até supuseram que ela também estivesse errada, enfim, numa exposição desagradável do que não nos diz respeito. Sou mais a sabia, secular e gratuita sabedoria popular que, cautelosamente, diz: "Em briga de marido e mulher não se mete a colher".
Hoje choveu muito aqui em Pernambuco, região metropolitana. De manhã tive, muito a contragosto, de sair. Acordei as nove e meia, e um toró caindo, desanimador... Normalmente não sairia, mas tive que ir mesmo. Nem guarda chuva eu uso, detesto, sai correndo na hora da estiadinha, exercício forçado correr na chuva, pular buracos e poças d'água. A cidade parece que é feita de açúcar, fui prá Afogados. Afogados... Olha ai, como se não bastasse, ô lugar pra gostar de agua, um bocado de canto tem: Afogados, Caixa D'água, Águas Compridas, Água Fria, Aguazinha, Peixinhos, Brejo, Ilha do Leite, Ilha do Retiro, Rio Doce, Porto da Madeira, Caçote... Porto da Madeira?! Caçote?!, Sim, Porto, Caçote=sapo, tem a ver com agua também. Nesses dias de chuva, pronto, junta tudo, escorre e alaga. Sem contar que é cortada por dois rios. Levei um tempo danado pra chegar em Afogados, o tempo que eu levei dava pra viajar pro Rio, (Rio? Ih...Mais agua), São Paulo, visitar vocês. Teve uma hora que me arrependi de não ter levado uma maquina fotográfica, não tenho smartphones, e ter tirado umas fotos da janela do ônibus, parecia que estava num barco, escritinho, atravessando um rio, as ruas mas apropriadas para transportes náuticos. Náutico... também tem um time com esse nome, mais agua. Fui em Afogados e na volta passei em Peixinhos, chegando em casa as 4 da tarde.
Domingo ao voltar pra casa, finalzinho de tarde, no micro-ônibus, testemunhei um episódio surrealista e inusitado, no mínimo. De repente um rapaz vestido de maneira simples, camisa vermelha de malha, desbotada, tipo antigas Hering, gritou, chamando a atenção de todos: - E agora como é que eu faço pra pagar a passagem?! Olhei com indiferença, sem entender... Foi quando uma moça, próxima, disse a ele: - Oxi, já passasse, o motorista nem notou, quem manda ele ser otário. Ao que prontamente ele a interpelou: - Mas eu passei na catraca e não paguei! Prontamente sacou da carteira uma nota de 2 reais e se dirigiu ao motorista/cobrador que estava entretido papeando com uma mocinha bonita sentada ao lado e prestando atenção na transmissão do jogo do Sport, recebeu a passagem e deu o troco e nem olhou pra ele, nem agradeceu, nem nada, hipnotizado que estava com a formosa jovem. Enquanto o rapaz voltava pro seu canto dizendo, sem o menor constrangimento e desconforto em alto e bom som, convicto: - Sou um cara honesto,se passei, tenho que pagar a passagem! Com a maior naturalidade do mundo, como dois e dois são quatro. Vale o registro.
Ontem quebra-quebra aqui das torcidas (des)organizadas. É sempre assim, dessa vez seguidos de arrastões e pra variar, depredação de ônibus, selvagens tribos urbanas de marginais ameaçadores correndo e gritando de madrugada. Além de aborrecentes tem até uns homens veios barbados. Dias desses num domingo ia num ônibus e alguns delinquentes fardados com suas devidas camisas dos times, fizeram sinal pro ônibus parar, o motorista querendo evitar confusão abriu a porta traseira pra eles subirem e viajarem de graça, né que esses acéfalos, psicopatas juvenis desceram na outra parada, sem ter nem pra que, nem era a parada do estádio, sem antes quebrarem um dispositivo vermelho, que não conheço o nome que fica acima da porta e controla o abrir e fechar, e a porta não fechou mais, pelo simples prazer de contrariar, ir contra as normas, mostrar poder. Essa horda estúpida deveria usar toda essa inutilidade, essa babaquice institucionalizada, que não leva a nada, pra protestar nas ruas, cobrar seus direitos, engrossar as passeatas de protestos, isso sim seria louvável, seria corajoso, edificante, construiria, encheria a vista. Esse comportamento imbecil passa simplesmente pela educação domestica, começa tudo ai, filhos bem educados são outro nível, dão mais futuro. Que esperar de uma juventude dessas. "Ensina a criança no Caminho em que deve andar, e mesmo quando for idoso não se desviará dele!" - (Provérbios 22:6).
Festas Juninas... Logo cedo meu tio Zezinho comprava papel de seda na lojinha e fazias balões coloridos, juntando as folhas, usando como cola o grude, de grudar, que nada mais era um composto caseiro feito com o cozimento de Maisena acrescida com água que a medida que era mexida na panela no fogo, se transformava numa excelente cola e já começava a confeccioná-los logo de manhã, se eu não me engano, quatro, seis e depois punha pra secá-los no varal do quarto dele de pendurar as roupas.
Fogueiras... Faziam-se tantas... Hoje vi só uma, duas, três,
talvez sete no máximo perdidas nas imediações. Teve uma que eu achei bonito após acender o cidadão que fez a fogueira disse de si pra si, “Gloria a Deus, e a Jesus cristo, mais um ano acendendo a fogueira”, outro, da fogueira maior, essa da foto, disse que para o ano vai fazer uma maior ainda que é pra não perder a tradição. Pessoas simples, mas, de bom coração. Coisa assim, e não tinha esses fricotes de incomodar, fazer mal a vista a fumaça, era um ardor gostoso que só, todo mundo com os olhos ardendo, vermelhos. chorando mas de felicidade.
Quadrilhas, hoje totalmente diferentes das de antigamente. Hoje parece escola de samba, maior doidice. Cada um faz sua coriografeia, digo, coreografia,
como se houvesse algum Carlinhos de Jesus, um entendido nelas. Quadrilhas só de piratas, dançadas ao som de musicas bregas. Acabou as de casamento matuto, dos Alavantu (do Frances, avancar) e Anarriê (voltar), brinque! Quadrilhas internacioná!
A noite se acendiam as fogueiras. Acender fogueiras era uma coisa perigosa, era risco de vida na época, não propriamente pelo fogo, mas, tinhas umas historias que se ela não pegasse fogo, nem a pau, no próximo São João o "caba" não estava vivo! Minha nossa! Que perigo! Se chovesse então, era um terror, tinha quer acender nem que jogasse uma dinamite em cima, por vias das por vias das duvidas, é claro.
Meus tios Zezinho e Wilson soltavam os balões, coisa mais linda no céu, balões competindo com as estrelas. A mesa da terceira sala, próxima a janela do terraço, cheia de guloseimas da época, canjica, aqui é de milho mesmo, não é munguzá, feito ai no sul se diz, pamonha, bolo de milho, pé de moleque... Era só pegar na janela, enquanto soltávamos fogos, uns de nomes feios, que não dá pra dizer aqui, só sei que estouravam na terra e no céu. Festa junina quando eu era menino era bom, hoje ta acabando a tradição, essas coisas puras, autenticas, ingênuas, de então.
Fábio Murilo
Stephen Hawking diz que tudo começou com o Big Bang,
uma grande explosão que gerou lagartixa, cérebro humano, mulata sambando, martelo, uma porrada de coisa, um acaso gerador, o equivalente na bíblia, entendo, a vontade de Deus o faça-se a luz Pergunto,
O que gerou a explosão de Hiroshima? Um monte de entulho, destruição.
Fala em realidades paralelas, lugares com pessoas morando, que a gente não vê, passando na nossa frente, e que tambem nao vee a gente, se entrecruzavam feito num bolo xadrez. Uma vez ouvi até um discípulo dele relatar num documentário que ouviu um senhor ter dito ter ido ao banheiro e ver uma mulher saindo, no que ele prontamente
na sua frente, essa senhora encantar-se, desaparecer no ar. Explicou debochado que não se tratava de um fantasma, fantasmas não existem, era apenas um ser de outra realidade que acidentalmente tinha passado pra cá e voltou, só isso.
E isso tudo é ciência, física quântica. E isso é científico, acreditem, a Bíblia também diz parecido, fala de mais de um céu, varias moradas. A física quântica diz que existem no espaço uns buracos negros, enormes, que capturam até a luz, que o espaço se dobra e o tempo é uma ilusão, encantamentos, mistérios, não tem nada de sobrenatural é natural mesmo, é parapsicologia, coisas extraordinas como pegar fogo do nada, auto combustão.
Pensar, por exemplo, que a terra gira no espaço, aparada por nada embaixo ou pendieasa em cima, caprichosamente redonda moldada e a gente de cabeça pra baixo. E se sair de sua rota um pouco ou a gente congela ou assa, no espaço, um balé perfeitamente sincronizado. No entanto, apesar de acreditar nessas coisas extraordinárias, muito alem da imaginação, Stephen Hawking dizia não acreditar em Deus, era ateu.
Um senhor me deu um livro e tinha isso: "Ele é o que está assentado sobre a redondeza da terra (como sabia que a terra era redonda, se não tinha foguete, nem satélites nessa época e muita gente morreu na idade media por afirmar que a terra nao era plana e pessoa indo até o final caia do outro lado) e mais, cujos moradores são como gafanhotos (sim, também, minúsculos, só podiam ser vistos assim do espaço, do tamanho de gafanhotos, formigas) é ele quem estende os céus como cortina e os desenrola como tenda para neles habitar'' (Isaías 40:22). Isaías viveu há mais de 2000 anos atrás.
Dias desse ia no ônibus e um cidadão revoltado, não era a primeira vez que tinha visto e ouvido ele, esbravejava, falava alto, conclamando o povo, digo os passageiros, a se mobilizarem, dizendo que o povo é muito acomodado, só quer saber de WhatsApp, que a passagem aumenta e ninguém faz nada, que fazer greve não adianta, que não deveríamos votar mais em ninguém e coisa e tal. Tava gostando da disposição do cara, da manifestação atípica de civilidade, da coragem. Ai interrompi-o... - Amigo, sabe se o bairro tem algum líder comunitário? Fazer greve adianta sim, melhor que não fazer nada. Já pensou em ser líder comunitário, tomar a frente, encabeçar o rebanho? Tem jeito, espírito de liderança. Ele nada respondeu, continuou clamando no deserto.
Dona Lia morava numa área pobre, mais precisamente numa favela, aqui no Recife, ai todo mês tínhamos a ideia, na sala que trabalhava, de fazer uma vaquinha e pedir pra dona Lia cozinhar pra gente algo diferente todo final de mês pra variar, almoçar. Pirão, feijoada, dobradinha, mão-de-vaca e assim vai, essas comidas da pesada e substanciosa. Ai uma vez, Vera, uma das colegas foi levar os ingredientes pela manhã para preparar, o prato diferente daquele mês e voltou comentando que dona Lia parecia uma doida, pois ao se aproximar da casa dela, viu-a dançando sozinha ouvindo o rádio de pilha. Mas era próprio de dona Lia essa alegria sem porque, frequentadora assinou-a, inclusive, todo ano, do Festival de Seresta realizado em nossa capital no Marco Zero, não perdia um, voltava tarde da noite no primeiro bacurau e também gostava de carnaval. Dona lia não tinha carro na garagem, era pobre, morava numa casa simples na Ilha de Joaneiro, área de conhecida e extrema periculosidade, bocada, demonstrava ser feliz, vivia de bem com a vida, apesar, gozava de uma felicidade nada racional, convencional, um fogo, um fôlego de vida, era rica de espírito. - Fábio Murilo.
Uma vez vi uma senhora cujo filho ao compra um doce no vendedor que ia passando, ao voltar, constatou junto com ele que que o troco estava incompleto, mandou ele voltar e cobrar do cidadão. Ele foi sozinho. Vá lá, ela disse, diga que o troco está incompleto. O menino tinha uns dez anos. Ela ficou só olhado e esperando que o filho descascasse o abacaxi, achei o máximo aquilo.
Num outro caso o filhinho caiu, a empregada correu para socorre-lo, a mãe gritou: - Não! Ele chorando e a mãe dizendo: - Levante! Você consegue!
aos poucos ele foi levatando... Ai só assim, em pé, ela permitiu que a empregada pegasse nele. Ainda disse - Não quero filho dependente!
Lembrando de uma história ouvida uma vez durante uma viagem de ônibus de um passageiro contando sobre um determinado amigo cozinheiro de um restaurante no tempo que trabalhavam juntos. Dizia ele que ele tinha uma prática curiosa, nem tanto ética, criminosa até, mas era assim que ele fazia, quando um cliente não se agradava de uma comida dele e reclamava ao dono, feito no dia do suco em que o cidadão se queixou ao proprietário do estabelecimento que o suco estava sentido, ou seja feito com frutas podres. O patrão chamou o cozinheiro responsável para ouvir diretamente a queixa, ao qual se defendeu dizendo que não, era impressão estavam frescas, boas. No que o cliente que tem sempre razão ficou mais revoltado ainda aumentando mais a voz: tá dizendo que sou doido! Que não tenho paladar! Pois é... Ele foi humildemente e resignado preparar outro. Durante a confecção do novo suco ele cuspiu dentro, escarrou, cutucou o nariz e outras nojeiras que dava na telha e voltou com o suco no capricho! E ainda esperou o cliente que tem sempre razão provar e perguntou se agora tava bom. O cliente vitorioso e senhor de si exclamou: Agora sim! Esse sim! Tá uma delícia. E como se diz vingaca é um prato que se come frio, ou suco que de bebe bem gelado as vezes. Tudo é modo como se fala com os outros, o tom de voz.
Vinha no ônibus, ainda agora, na companhia de um bêbado intelectual, isso mesmo, intelectual! Que entre um gole e outro de cachaça da marca Pitu em latinha, vinha dizendo a duas crianças, nos seus 7, 8 anos, talvez menos, que Lutero no século dezessete (veja que riqueza de detalhes), o fundador da igreja evangélica, era padre e rompeu com igreja Católica, fundando o luterismo. Que a Bíblia católica e evangélica é a mesma coisa, faltando apenas 4 livros que Lutero suprimiu, e no final Lutero morreu padre mesmo. Disse também que o maior cientista brasileiro foi Santos Dumont, que influenciou até na economia. Depois perguntou as crianças quem tinha descoberto o Brasil, elas disseram, Pedro Alvares Cabral, essa todo mundo sabe desde criança, coisa mais fácil do mundo! Mas, ele disse, não! Errado!: Vicente Pizon, o nome do descobridor, descobriu primeiro, chegando ao Cabo de Santo Agostinho. Foi uma conversa de bebo diferente, rs.
Ontem vi aqui na TV uma psicóloga dizer que criança que mija na cama é porque está estressada. E as vezes até adultos, já ouvi dizer. Lembrei do Ronaldo um famoso larápio de minha infância, o único do Alto, que o Alto nunca foi de ter isso. Pois bem uma vez a mãe do Ronaldo pós ele pra secar de joelhos na calçada a rede na cabeça por tê-la mijado durante o sono pra todo mundo ver. E tinha umas até que obrigava os filhos a darem umas voltas no quarteirão com a rede ou o colchão na cabeça cantado bem alto pra todos ouvirem: "Eu mijei na cama!", "Eu mijei na cama!", "Eu mijei na cama!", coisa bem medieval que pra ele parar desse contumezinho feio. Pois é Ronaldo quando cresceu virou bandido. Uma vez até a polícia chegou de repente e pediu que pusessem um ônibus da Olindende atravessado, fechando a rua pra ele não fugir pois souberam que ele tava na rua 21. Mas ele escapou novamente mijando agora na sociedade. (16.08.2020, as 11:16)
Ninguém briga pelos túmulos do cemitério. Qual o mais bem localizado, na sombra, de frente pra rua, pro nascente, embaixo de uma árvore, na frente, atrás, no meio. Vaidade inútil, aliás, a última. Plantadas na terra, choro de praxe, por conveniência, alguns elogios, meditação sobre a transitoriedade, fragilidade, da vida, só na hora, depois, tchau. O sol não deixará de brilhar por causa de tu, seu lugar sera facilmente ocupado, disfarçado alivio até pra alguns, até, pode crer. Uma vaga de emprego a mais, mais comida sobrando, um a menos. Nem Tomaz edison que inventou a lâmpada elétrica, nem Santos Dummont o avião, nem um artista famoso de televisão, irão ser lembrado toda hora, chorarão todo dia, não viverão sem, fez falta por causa disso. Quanto mais um reles palito da caixa de fósforo, ínfimo grão de areia entre um milhão, mais um cidadão.
Ana banana foi criada com todo amor e carinho e cuidados. Já moça feita, os filhos nunca crescem, a mãe dela tirava todas as espinhas do peixe e botava num pratinho pra ela não não se engasgar, milho também tirava os caroços pra ela não se esforçar, own...
Um dia ela ia entrar na C&A e o ônibus molhou ela da água da chuva empossada. Ana banana ligou pra mãe e pediu que a socorresse, super mãe levou prontamente roupas limpinhas pra ela num táxi pra que ela terminasse as comprinhas.
Uma vez ela contou também quando foi ao quintal viu a mãe no chão a tempos caida e gritando pedido ajuda enquanto Ana Banana e o pai assistiam televisão e os dois caíram na gargalhada, acharam muito engraçado. Outra vez, deu, merecidamente, como faz toda filha de presente no dia das mães, um celular, mas, quando a mãe ligava pra ela, irritada, desligava insistentemente na cara da mãe, até ela aprender a ligar direito, pois havia ensinado na noite anterior. Outra vez a mãe levou no trabalho pra ela lanchar a tarde uma Tupperware cheia de pedacinhos de bolo devidamente cortados, quando a mãe saiu, ela deu tudo pra gente e disse que não gostava. Ana banana criada com todo amor e carinho.
E tem aquele parente que trabalhava numa casa de ração, em que um dia entrou uma cliente solicitando remédio pra dar ao rato. A turma aqui tem mania de chamar veneno de remédio, indistintamente, aí ele prontamente deu 1.080, chumbinho, algo assim. Aconteceu que daqui a pouco ela voltou aos planos acusando-o.: "O senhor matou meu rato!" Oxi! Entendeu nada. Chamou ela pra, inconsolável, sentar num canto e se explicar afinal o que ela tava querendo. Aconteceu pra surpresa dele, depois da devida confusão, digo, explicação, que o tal rato era na realidade um hamster e ela queria realmente uma vítima, um remédio pro bichinho doente. Pobrezinho...
Agora no ônibus que estou viajando, a caminho do trabalho, um crente com máscara modelo colar, pregando, espalhando corona vírus, em vez de dar bom dia, falando em desgraceiras em plena manha de segunda-feira, condenando ricos, como se ele também não quisesse ficar, gregos, bebos e troianos, relatatou certa feita que tava num hospital onde se encontrava um doente terminal foram pregar pra ele pedindo pra se converter e ele nada, e eles então insistindo, antes que morresse. Numa última tentativa ele já dando o suspiro final, tentaram outra coisa, disseram que se ele piscasse os olhos séria um sinal afinal, um aceito, uma hora ele piscou, óbvio, todos! Essa historia que nao se converter pelo amor sera pela dor, ha controvérsias, no meu entender, pelo amor ou convicção, opção, decisão, concordo, mas, pela dor ta desesperado, com medo de morrer, aí ficam mansos, procuram até uma igreja pra se converter pra ficar livre das mazelas físicas e espirituais, mas, logo que melhoram voltam atrás, ou seja nao era autentico. Jesus disse: "Nenhuma ovelha que meu pai me confiou se perderá", irá todo mundo, dá a entender. Igual um amigo, também crente, pregando no trabalho pra um popular, enquanto o atendia, dizendo que o céu era uma maravilha... Aí o cidadão só olhando calado, ate que uma hora perguntou, quando ele calou: Se no céu tinha galo da madrugada, o homem da meia noite, a mulher do dia, e ele disse que não, claro, quem já viu?! Oxi! Tem coisa melhor. Então o pagão perguntou: O que? Coisa melhor, tem nem comparação! Diga pra eu comparar? Bem... Sei nao, mas, tem. Então quero morrer agora não, adoro carnaval, era o céu dele. Um pardre inclusive uma vez comentou, comparando, não lembro se Dom Helder, uma faca, disse, que corta o alimento no preparo do almoço, corta o pão no jantar, se um mesmo morador dessa casa num momento de fúria se valer da mesma e matar o vizinho a culpa é da faca?
Sabendo agora da recuperação de Vanusa voltando a respirar sem aparelhos e lembrando que dias atrás a filha se despedindo lembrei de uma colega hipocondriaca cujo pai tinha uma doença prostática só não sabia, "a dúvida é o preço da pureza". Um dia um chefe do setor disse pela manhã: - O pai de fulana... Morreu?! Não, tá bem mal, hospitalizado. Essa doença é fogo! Ela tirou uma licença do trabalho para acompanhar. Um mês depois quando a licença acabou voltou com o olhar perdido, aspecto depressivo. A gerente entrou na sala e perguntou pelo pai dela, ela disse que continuava na mesma. Já tava até vendo a esposa, mãe dela, no céu se abrindo chamando-o. A gerente comentou, ir, é um aviso, tem jeito não. Pois é... comentou. Que horror! Quanta negatividade! Comprei a vida, digo, briga do velho, passei a orar por ele diariamente. Só sei que os dias foram passando o velho resistindo, e passando e nada do que parecia certo, suprendentemente ia até apresentando ligeira melhora. Comentei com outra colega: Olha! Ela disse: É a melhora da morte! Minha nossa! E ele foi melhorando, melhorando, melhorando até receber alta. Sabem o que era, era uma virose que devido a idade avançada, sistema imunológico não é mais o mesmo, mas, ainda funciona. - 05.1.2020
De uns tempos pra cá passou-se a se chamar favela de comunidade. Só que o fato de mudar de nome não mudou de fato! Aliás, comunidade continua um título preconceituoso. Outros cantos de chamar bairro: Bairro de Boa Viagem, bairro da Madalena, Bairro do Espinheiro, ou simplesmente só pelo nome da localidade direto sem o substantivo: Dois Unidos, Dois Irmãos, Casa Amarela... Mas agora é comodidade, é Comunidade da ilha do rato, Comunidade do Entra a Pulso, etc... O nome disso é dourar a pílula.
Hoje de manhã dei uma saidinha e na volta, repentinamente, o ônibus parou, o que terá havido? Tava entretido com minha leitura, por um instante achei até bom de certa forma iria terminar de ler o livro, faltavam poucas paginas. Mas, foram passando os minutos, as pessoas já descendo do coletivo, indo a pé pra casa e nada do ônibus sair. Eu levantei para verificar o que estava havendo.. Uma moto parada, simplesmente, segurando o transito de um lado e de outro da pista, nos dois sentidos contrários, o dono, sabe-se lá onde. Demorando... Um atrás de mim começou a resmungar, dizendo coisa com ele. Falei que era bom que nós descêssemos e puséssemos a moto na calçada pra desobstruir a pista. - Não, disse ele, ai é confusão. Se tivesse um guarda do Detran para multa-lo, concluiu. Você liga e espera, disse, irônico. Nesse meio tempo apareceu o motoqueiro folgado, montou na moto e saiu, o transito voltou a flui. Situação semelhante ocorreu tempo desse num bairro vizinho, também ao voltar pra casa num ônibus, me deparei com um súbito engarrafamento no caminho. Pus a cabeça fora da janela pra reparar, e em frente divisava uma fila enorme de carros, motos, ônibus... Eram quase três horas da tarde, ainda não tinha almoçado, fui ficando irritado, desci e fui verificar o que tinha ocorrido. Certamente um trágico acidente, alguém estendido adiante, um choque de dois veículos, cano furado... Ao chegar no local vi apenas um carro parado no meio da pista, perguntei que tinha acontecido, se tava quebrado... Cadê o dono... Disseram que tinha entrado num beco levando um bolo e não voltou mais. Foi levar um bolo?! Deixou o carro no meio da pista... Saiu com um bolo e entrou num beco... Que surrealista! Essa era a razão de todo esse congestionamento?! Não acredito! É muito desaforo! Ai eu disse, na hora, junta quatro, cinco homens e vamos botar esse carro na calçada, que onde esse carro deveria estar. Mas, brasileiro é aquela leseira, os motoristas dos ônibus nem ai, tranquilões, podia passar a tarde toda, entrar pela noite, só faltava sentarem numa mesa e tomar umas cervejas e papear, umas viagens a menos quanto mais o tempo passasse, tavam até gostando de certa forma. Daqui a pouco, apareceu o proprietário espaçoso, foi abrindo a porta com a maior naturalidade. Ai eu disse: "- Ei, sem noçao!!!! Olha o que tu fizesse!" E ele nem ai, olhou com glacial indiferença, com uma cara enjoada, nada disse, terminou de entrar no carro e seguiu seu caminho. Tai uma boa sugestão pro Silvio Santos, pro quadro Pegadinhas, modificando a parte do motorista, ele não voltando mais, queria ver como as pessoas se comportariam, suas reações, o que de efetivo fariam, ou não fariam para contornar o inusitado problema de falta de óleo de peroba na cara de alguns.
- (Fábio Murilo).