EstherRogessi.
O hálito do inimigo é brisa na minha face e o seu rugido desperta-me para à oração, jamais estarei só!
Quantas pedras arremessaram-me no intento de roubarem os meus frutos ... Sou árvore, sempre frutificarei e morrerei em pé!
As pás de areia que jogaram-me no lombo... serviram-me de adubo: sementes, quando enterradas, não morrem!
Não desanime com o tempo infrutífero... Mesmo a mãe terra, por mais produtiva que seja precisa descansar, para voltar a frutificar.
Há homens com o poder de suscitar paixões avassaladoras... Há ações com o poder de transformar fornalha em cinzas, tão gélidas, que dessas nenhuma fénix ressurgirá!
Ser não é está!
A alma do poeta e do escritor, prima pelo amor às letras, consciente da responsabilidade de uni-las, em busca da estruturação de vidas...
O poeta, ou escritor ama e zela, por cada uma delas. Posto que, nem sempre fazer poesia é ser... mas, simplesmente, está poeta!
TAUTOGRAMA EM “A”
A afronta arremessada... Abaixo a alma.
Amo, amando, atinjo a aflita alma,
Ansiosa, agoniada, aspira à atenção,
Atinge à arte... Amarga ação!
Ainda que a vida insista em me vestir de mortalha,
rasguei as minhas vestes mortuárias.
O fantasma que impiedosamente me perseguia,
Transformei-o em camarada.
Não mais fico encolhida nos cantos da casa,
Não mais calo o grito que me sufocava...
Grito todos os gritos que calava.
As minhas noites escuras transformei-as em claro dia,
São de júbilo as minhas antigas noites de agonia.
Beijo a boca que ansiava,
Deixei de ser carne, hoje, sou navalha:
Escrevo!
Ansiei por ter-te e, louca quis prender-te em minhas mãos... Por momentos consegui, esqueci que és água – escoaste”!
Um país sem o vigor da Lei se transforma em arena sangrenta, onde os homens de bem e de fato são vítimas e gladiadores cruéis, os de dezesseis...anos de idade!
O poeta trabalha com às palavras, como as abelhas trabalham na colmeia... Algumas vezes, se encontra um ferrão!
Ser forte é conseguir a façanha de brilhar mais a cada lapidação da vida e manter-se inquebrável, igual ao diamante!
Somos obras d'arte - autoria do Divino - que delicadamente nos esculpe, a cada dia, através do tempo... Assim, como molda a dura pedra, através da água.
Manhã fria, chuva fina e contínua... A cabana à beira rio, que preguiçoso desce, abriga a minh'alma que em gemidos padece - banzo é o mal -, o tempo não curou-me; o vento açoitou-me prenúncio do temporal.