Esdras Goulart Bueno
Transformação
Para que tanta guerra?
E tempestades de destruição,
Se os motivos, no final
São sempre em vão.
Para que tanto ódio?
Contra o próximo sentir,
Onde não há diálogo
Para um consenso surgir.
Para que tanto preconceito?
Respaldado em razão,
Razão esta, que não sustenta
A sua própria definição.
Para que tanta ganância?
Da sede insaciável pelo poder,
A ponto, de extinguir
O lado "humano" de ser.
Para que tanta inveja?
Rodeada de tanto rancor,
Que ignora as consequências,
Causadas por seu dissabor.
Para que tanta desunião?
E exaltação da individualidade,
Fazendo do egoísmo
A sua maior vaidade.
E todas estas indagações
Infelizmente é uma verdade,
Infiltrada nas ações
De toda a humanidade.
Afinal é muito cômodo
O erro do próximo apontar,
Difícil mesmo é o contrário
Os seus erros enxergar.
E começa neste acaso
Os conflitos e a intolerância,
Que sempre por trás carregam
A amarga ignorância.
Mas pense agora um instante
Há ainda uma solução,
Uma simples e poderosa palavra
A "transformação".
A transformação interior
Dos sentimentos e da razão,
Buscando o entendimento
E também a compreensão.
Não precisa de guerra
E as mãos de sangue, sujar
Às vezes uma simples conversa
Pode tudo acertar.
Que se cultive o amor ao próximo
E que cresça os laços de união,
Pois aos olhos de Deus
Somos todos irmãos.
E que pai que fica contente
Vendo seus filhos brigarem,
Quando na verdade deveriam
O amor e a paz compartilharem?
Que tenhamos mais caridade
De ao próximo ajudar,
Pois todo bem que fazemos
Um dia a nós irá voltar.
De que adianta guardar riquezas
E maravilhas materiais?
Um dia partiremos deste mundo,
E destas coisas levaremos, quais?
O que levamos desta vida
É a nossa experiência,
As lembranças, os sentimentos
A esculpida vivência.
E o que deixamos na vida
Além das pessoas que amamos,
É o resultado de nossas ações
Enquanto aqui moramos.
Assim, reflita um instante
Deixo aqui uma pergunta no ar,
Ao decolar do aeroporto da vida
O que pretende deixar?
Sintomas de uma reflexão
Vejo
A alegria reprimida
De uma criança sozinha
Caminhando pela rua vazia.
Vejo
A alegria mascarada
De jovens que furtam e corre
Comemorando o feito em disparada.
Vejo
A infância já doente
Que usa de um esforço muito grande
Para uma criança inspirar.
Vejo
O Carpe Diem exaltado
Pela geração jovem que insiste
Fazer deste um conceito errado.
Vejo
A perspectiva da nação
Mergulhada em ira, e desespero
Regida pela ganância e a corrupção.
Vejo
Corações humanos sofrendo
Que buscam conforto na fé
Para então continuar vivendo.
Vejo
A fé sinônimo de esperança
Sendo usada para arrancar
Das pessoas a sua confiança.
Vejo
Deus cada vez mais presente
Na boca de muitos especializados
Cuja humildade já está ausente.
Vejo
O jogo que o homem a vida impôs
Mas não quero acreditar!
Pois neste o vencedor
É aquele cujo a humanidade,
Está disposto a matar!
Desabafo
E pela noite escura
Deitado em minha cama,
Sinto meu corpo queimar
Ardendo em labaredas e chama.
Quanto ao espírito?
Cansado da paciência,
De esperar na prisão do tempo
Pelo fim da sufocante carência.
Esta embala os meus sonhos
E neles tecem sem parar,
Os desejos mais intensos
De sentir e tocar.
Cansei de sempre ficar
Sendo um mero observador,
Contemplando os casais
E tentando entender o amor.
Escravo da razão
Que ao meu coração cegou,
Tirando lhe da vista, a emoção
Que este nunca mais contemplou.
Almejo a liberdade
De poder me entregar,
A tão esperada experiência
De alguém poder amar.
Já vejo em minha frente
Pairando sobre o ar,
A Dona, encantadora
Que para mim, está a olhar.
Oh Dona! Como és tão bela
Quanto brilho em seu olhar,
Deles saltam reflexos
Que fazem a mim intimidar.
Teus cabelos, lisos e soltos
Que por seus ombros estão a descer,
Como uma droga, o seus aromas exalam
Fazendo me entorpecer.
E o vestido vermelho?
Te destacando a todo instante,
Te tornando ainda mais bela
Mais até, que um diamante!
Então, a ti faço um apelo
Pode tu me ajudar?
Me envolve, em teus braços
E faça os meus sonhos concretizar.
Assim, que o sentir e o toque
Possa ser apenas um complemento,
Deste cântico de amor
O nosso precioso momento.
Que a conexão de nossas almas
Se resulte nas explicações,
Das batidas frenéticas
De nossos corações.
Faça me sentir sem graça
Renda-me se for preciso,
Com a sua poderosa armadura
O amanhecer do seu sorriso.
Então, que as emoções
À nós, tenhamos compreensão,
Onde para mim o significado
É construído com a carícia de sua mão.
Dona de mim, não esqueça
Do que agora vou te falar,
És o meu sonho duradouro
Que a solidão, me fez um dia elaborar.
A consciência do saber
E a cada dia uma nova descoberta
Seguida de uma invenção,
A justificativa? É em nome do progresso
Levando a sociedade humana, à evolução.
O saber é sublime
Um fruto do conhecimento,
Mas também se torna fel
Quando a curiosidade,
Não busca o discernimento.
Uma coisa é agir
Em prol de uma solução,
Para o bem estar coletivo
Zelando assim pela proteção.
Agora, outra é usar
Do capricho da ignorância,
E buscar no berço da ciência
Propósitos sombrios em abundância.
Nesta vida há um limite pra tudo
Mas sendo infinito o conhecimento,
É necessário assim aplicá-lo
De maneira equilibrada,
Medindo-o a todo momento.
Se fosse então perguntado
Qual o limite para o saber?
Este parte do princípio
De ao próximo,
O mal nunca arremeter!
Pois é sempre bom lembrar
Que o conhecimento é como a eternidade,
Onde cabe a nós compreender
Que não há como obtê-lo tudo,
Se tempo nos falta, quanto mais a humildade!
A inspiração de um universo de sentimentos
O menino que esperou bastante
E até chegou a se lamentar:
Será que um dia terei
Alguém, que possa finalmente
Meu coração acalmar?
Alguém que perceba em mim
As inquietações da alma,
E que quando ao me olhar
A esta então acalma.
Alguém, que ao meu corpo liberte
Surpreendendo me com a sua mão,
Fazendo com que o meu coração esquente
Ao aumentar a sua pulsação.
Alguém, que esteja presente
Mesmo quando a distância é real,
E cuja imagem, presa em minha mente
Faz da saudade, um sentimento banal.
Alguém, que faça renascer
A vontade em mim de viver
Tecendo sonhos, e objetivos,
Para que as boas realizações
Em um futuro possa colher.
Alguém, que me leve a indagar
Durante um abraço apertado,
Por quê é que demorei tanto
Para então ter te encontrado?
Alguém, que mesmo sem auréola
Me faça sempre duvidar
E agradecendo a Deus pelo presente,
Um anjo que em minha vida
Veio a pairar.
Alguém, que já não é imaginação
Existe, e a mim se revelou,
É melhor do que qualquer criação
Que minha mente elaborou.
Encontrei a minha Dona!
Assim posso falar,
Não há nada melhor na vida
Dê ao amor aproximar.
Ele é acolhedor
E te faz compreender,
Que o sentido de sua existência
É cultivá-lo com prazer.
Então, a partir de agora
Vou assim sempre praticar
O plantio deste sentimento,
Que em meu coração
Nunca deixarei faltar.
A plantação será extensa
E devido a superprodução,
Não caberá tudo em minha alma
Mas já encontrei uma solução.
Compartilharei com minha Dona
O lucro desta boa produtividade,
O meu amor puro, e saudável
Regado com ternura, carinho e reciprocidade.
Caberá então a ela
Deste resultado decidir,
Aceitar a minha proposta
E do meu amor usufruir.
E tomara, que assim gostando
Deste produto de valor,
Ela possa também cultivá-lo
Em sua lavoura do amor.
Quem sabe um dia desses
Posso me surpreender,
E então da minha Dona
O seu amor receber?
Este poema pode parecer uma história
Ou uma fonte de inspiração,
Mas saiba leitor, que em sua essência
Está intrínseca do autor,
A emoção!
E para terminar estes versos
Peço desculpas,
Por levar as estrofes a exaustão,
Nelas deixei apenas uma ínfima parte
Do desabafo deste autor, em sua criação!
Antagonistas
Tantas vozes, muitos rumores. Línguas dançando em um ritmo descompassado. Era tanta opinião marcante, que tornava difícil entender a cadência da universalidade do som.
E depois de tudo dito, ainda faltou compreensão! Atônito, senti o peso do silêncio em meus lábios cerrados, enquanto parecia escutar o eco de palavras no ar.
Infelizmente, os dois antagonistas por exercerem tamanha força, acabaram por se anularem entre si. Impensável casamento prematuro e trágico, nem pra deixar de lembrança um sentido ...
Em uma só voz
Em uma só voz todos clamam, alguns reclamam, outros se calam. Em todas as vozes, é difícil decidir, quem e quantos ouvir para então a igualdade lançar. Faz se então estratégia de amostragem, doutrinam que segmentar em grupo é vantagem, uma representação de opinião. Mas para funcionar tal técnica é preciso, fazer de muitos somente alguns juízos, com alguém que tenha persuasão. Pois parecendo justo para o senso comum, para quê refletir que de um todo para um, haverá na individualidade, total insatisfação?
O complexo da simplicidade
Há quem diga que a simplicidade é uma mesmice: transparente em sua essência e facilmente reconhecida em seu sentido. Assim, ela está em toda a natureza do que contém vida, simbolizando o mistério tão desvendado pelos homens, que ao chegar no final de inúmeras conclusões, esta ainda se torna sem solução.
Não é o fato de compreender o que é simples, mas apenas saber apreciar este mesmo. A partir do momento em que há a busca pelo entendimento, a simplicidade perde o seu conceito, e se transforma em indagações. Esta abre porta, para a ascensão do ego e da razão, tirando do espírito o poder do sentimento.
Pois buscar as respostas para que os nossos olhos já comtemplam, extingue toda a beleza do mistério envolvido, e então passamos a provar o gosto da pós ignorância: cega-se os olhos do coração, e abre-se a visão do intelecto. E aqui, neste momento, surge uma reflexão: “a simplicidade é de uma pureza que não requer explicação, e para os que discordam desta afirmativa, alienam-se na complexidade, vivendo na sombra de uma iludida e infinita solução!
O julgamento
E aconteceu que houve um julgamento inédito, lá na terra dos sentimentos. O juiz era o Equilíbrio, muito conhecido em sua região. Então, logo trouxeram os réus: a Raiva, a Tristeza, o Medo, a Inveja e a Ignorância. Todos eles eram acusados de cometer crimes graves, ao influenciar o comportamento dos seres humanos.
Ao iniciar o interrogatório, a Raiva foi a primeira a ser interrogada. Em sua defesa ela relatou:
- Eu não sei bem o que acontece, só sinto que estou dormindo e, de repente, passa dentro de mim uma onda de energia que de tão grande, queima por dentro. Neste momento, como forma de amenizar a dor, grito bem alto e o resto vocês já sabem!
Seguida da Raiva, a próxima foi a Tristeza:
- Olha, o que eu sinto é um vazio profundo,
onde sou acometida de uma fraqueza intensa. Quando estou assim, para amenizar a angústia eu grito com toda a força, o resto vocês já sabem!
Após terminar, a Tristeza sentou no banco, e veio então o Medo. Ele assim confessa:
- Tenho um problema que não consigo resolver comigo mesmo. A fobia do futuro! Só a ideia de pensar nele me causa um desespero tamanho, que me faz ficar inquieto, então para amenizar esta loucura, eu grito incessantemente, o resto vocês já sabem!
Depois da confissão do Medo, vem a Inveja que depois de muito relutar, se dispõe a falar:
- Meus caros, parece até uma ironia dizer isso, mas eu sinto tanto medo ultimamente! Medo de ser esquecida, e nunca mais lembrada! Assim, para amenizar isto, sou tomada por uma onda de choro, a fim de despertar a atenção de alguém que se importa comigo, o resto vocês já sabem!
Acabando o depoimento da Inveja, vem o último sentimento, a Ignorância, que então
diz:
- Todos me veem como algo ruim, mas isto é injusto ao meu ver. Tudo que prezo é pela minha essência natural! Então como forma de me proteger de qualquer tentativa de mudança, eu me isolo em um canto escuro, vendo os meus olhos e tapo meus ouvidos! O resto, todos vocês já sabem!
Tendo todos os réus falado perante o juiz, este ouviu atentamente cada um, em silêncio. Em seguida, segurando uma caneta, se pôs a rabiscar no papel que estava em sua mesa. Assim ficou alguns minutos, enquanto os sentimentos, ansiosos e com um certo temor, se entreolhavam buscando entre eles um conforto.
Foi então que o Equilíbrio resolve levantar da cadeira, olha a todos no tribunal, respira fundo e começa a discursar:
- Senhores sentimentos, depois de ouvir a defesa de cada um de vocês e, com base na denúncia feita pelo mundo dos humanos, eu os
declaro absolvido!
Percebe o espanto daquela sala cheia, pigarreia rapidamente e continua:
- Os seres humanos são criaturas incríveis dotadas de uma inteligência notável! Desta forma, há uma razão para que estes réus não sejam culpados: eles são meros artefatos criados pelos homens!
- Se me perguntarem de quem é a culpa eu digo, de nenhum dos dois lados! A culpa é de um terceiro fator chamado de "Extremo"!
- Cada sentimento aqui hoje indiciado, se manifesta na essência das pessoas por meio da energia canalizada por estas mesmas, que de acordo com o momento de suas vidas podem ser extremas!
- Ora, a Raiva na dose certa, pode ser uma aliada para se conquistar a coragem e a força. A Tristeza, na medida certa pode instaurar um momento de reflexão com um foco mais espiritual. O Medo em quantidade certa, pode despertar a atenção e resgatar
um cuidado, outrora precário e imaturo. A Inveja? Em uma porção equilibrada ela pode incentivar uma admiração, seguida de um espelho para a motivação em não ficar inerte. E a Ignorância ... em um limiar certo, tem o poder de poupar situações desagradáveis onde possa futuramente, levar ao Arrependimento!
O juiz faz uma pausa, e conclui, olhando para os Sentimentos:
- Mesmo eu absolvendo vocês hoje, não significa que não voltarão a este tribunal! Infelizmente, é preciso tempo para que os humanos entendam o que acabei de explicar aqui. E enquanto não chega o entendimento, inúmeras queixas continuarão a chegar aqui, contra vocês e outros tantos sentimentos!
- Mas lembrem-se que apesar de estas queixas não diminuírem, elas mudam de emissor. Os mais experientes, com o passar dos anos, compreendem a realidade e chegam até mim. Pois acusá-los é a única chance
deles, de alcançarem a liberdade do Equilíbrio!
- Declaro encerrada esta sessão!
O repeteco canção do infinito
Mas são tantas respostas respaldadas sobre colunas de perguntas, que sou levado a questionar:
- Quando fica pronto esta construção?!
Novamente a estrutura sofre um abalo, e se desmorona.
O peso do desconhecido é proporcional a inquietação da dúvida.
E não há problema nenhum em reconstruir os pilares do zero, afinal temos tempo pra isso.
Só reparei que o infinito, de longe ri desta triste ilusão, e talvez ele pense:
- Caros, só mais alguns ciclos de cargas na bateria do tempo, e que no fim, o número de tentativas sejam para vocês como uma consolação!
Por entre as linhas de uma opinião
Estão lá agora, os engravatados estudados no poder, pregando aquela velha história, a política democrática. Defendem com unhas e dentes, os seus discursos hipócritas, repletos de palavras esculpidas em luxos de conceitos e significados, fazendo ficar boquiabertos a maioria dos pobres de entendimento, e quanto aos esclarecidos? Levam ao tédio profundo. É como um disco de vinil arranhado em uma vitrola antiga, sempre repetindo os fragmentos já até decorados pelas paredes pálidas. Pois se tem uma coisa que os poderosos da nação sabem fazer, é falarem bem, argumentarem e distorcerem as suas próprias consequências, que vão para estes como setas lançadas em uma perfeita pontaria planejada, mas que cujo trajeto de impacto se desfalece nas cortinas dos ventos da mentira, e da desculpa.
E então a verdade vem, se arrastando por entre as negações das línguas ásperas dos lobos, que cuja aparência é semelhante a um cordeiro. De repente, tudo parece ficar mais esclarecido, e o caos se revela como um gigante escondido, nas entranhas das promessas ilusórias, onde estas, mesmo perdendo o seu poder, ainda é usada como ferramenta de defensão pelos covardes sanguessugas.
Vaso ruim não quebra! E agora vejo o porquê, eles conseguiram a honraria do significado de tal frase merecer!
Mas que possa ficar esclarecido uma reflexão intrigante: o bem feito ao próximo, ajuda a elevar e evoluir a alma humana, sempre de maneira constante. Agora! Se é o mal escolhido, para no coração morar, ao indivíduo com o tempo, este irá pesar! E o duro vaso negro, de uma vez não irá se quebrar, pois toda a maldade lançada por este, no seu interior está a morar! E ela é como uma cola, a tudo em volta vai envolver, levando o vaso a se sufocar, até a agonia e o desespero subitamente o acometer! E o fim é doloroso! O vaso parece não aguentar, e então olhando por fora, vejo-o rapidamente trincar! E cada trinca se comporta como uma dilaceração, se transformando em artérias dilatadas, já sem esperança de recuperação. De repente algo diferente, acontece em um tom de ironia, a maldade pegajosa ri com toda a força e euforia! Ela passa a segurar a explosão, que cuja as trincas do vaso, estão prestes a neste causar, puxando-as para dentro, tornando a parte externa a novamente se juntar. Uma verdadeira canção bizarra é possível daqui ouvir, o vaso tentando em vão e a todo custo, de si mesmo fugir! E a cola má, cuja essência, um dia foi do vaso um companheiro, a este atormenta cantando, E O FEITIÇO VIROU CONTRA O FEITICEIRO!
Porque o tempo é fractal
Dizem que o tempo passa ...
- Ele tava alí agorinha!
- Foi há alguns anos que se foi ...
- Não perca ele por nada na vida!!!
Fala alguém.
Êh tempo! Quem és tu para afligir a todos? Provoca medo em uns, acelera o ritmo de outros, sempre sorrateiro e constante. É você uma lenda, imortalizada na existência da humanidade? Ou será mais uma abstração que estes criaram, acreditando que era verdade?
Poisé... eu acreditei, aliás por muito tempo! Neste Tempo que é um nada, vigarista de identidade, faz-se de dia, mês e ano, fia no espaço a sua idade. Carrega a culpa, a cura, conta histórias e distribuí experiências, segmenta a si próprio em passado, presente e futuro, alucinando a consciência.
Sabe, isto tudo eu diria ao tempo se pudesse o encontrar. Porém, onde ele está?
Na distância entre nós, na expectativa do abraço até o contato das mãos, no
alinhamento de dois olhares, no palpitar do coração.
O tempo nunca passa, não vai passar e nem está passando. O tempo é a percepção que temos do quão perto ou longe estamos. E o sentimento é o autor presente desta despretensiosa marcação, que conduz em um ritmo fractal o embalar de nossa ação.
Ficamos impressionados como ele está correndo, fugindo de nós, como se fosse algum tipo de vilão, porém caro leitor, não se iluda!
Este tempo tão temido, é apenas um reflexo que elaboramos para elucidar o poder da evolução, mas na corrida para nos desenvolvermos, tornamos ele o ouroborus de nossa própria pretensão.
Realidade mental
Quer um feito mais extraordinário, que relembrar?
Projeções de momentos a frente se vaporizam
Condensam imagens que um dia os olhos filmaram,
Logo, é possível sentir o cheiro, o gosto, e toda a sensação espacial envolvida
Dá até pra revisitar os sentimentos daquele instante ...
E você se move nesta experiência sensorial fantástica:
A emoção te permite aprofundar no plano
Captando as coordenadas das percepções desta viagem,
Para então, te fazer posicionar frente aos detalhes.
Tecnologia inata e sofisticada
É esta realidade mental,
Onde você revive o que viveu
De uma maneira tão autêntica,
Que a nostalgia brota de um jeito bem natural.
Sendo eu, me capturei!
Certo dia, naturalmente reivindiquei o meu Ser. Porém, notei que era tarefa difícil. O Ser já tinha sido! Tentei correr atrás dele impedindo-o de escapar, muito tarde! Havia se transposto na lembrança.
Pensei então:
- Fácil! Sondo-me as lembranças e recupero o que a pouco fugira!
Localizei o fio do momento em minha mente, isolei a essência e finalmente senti o que era aquele Ser. Instantes mágicos de uma misteriosa incorporação dos sentidos, até que:
-Cadê!
Sumira em mim o fragmento daquela identidade existencial. Concentrei novamente:
-Preciso lembrar do eu ter sido naquele instante...
Silêncio, profunda frustração, perdi este
momento do Ser, mas:
-Ser não é ser? Sendo assim, não há como ter sido!
Afirmei em tamanha perplexidade ao perceber a absurda simplicidade do paradoxo da existência.
Ora, estou Sendo a todo instante, ininterruptamente. É a misteriosa continuidade da vida. Por isso, estranho tamanha normalidade desta finita, mas também eterna, vibração. Paro! Me observo, e tento me prender na tábua do tempo. Talvez faço isso, para compreender a totalidade de mim:
-Funciona! Sou assim! Eu me lembro!
Disse pra mim rindo, como quem desvendou o mistério, sim, tudo explicado ... me lembro do passado:
-Espera! Ser só pode ter sido porque o capturei dentro de mim.
Ilusão! Não há como prender a essência em
uma lembrança, nesta só há um limitado rascunho da instância do tempo. Enquanto estou resgatando o que aconteceu, continuo a Ser simultaneamente, assim, de espontâneo!
Posso tentar, estando eu Sendo, me copiar como um pintor que registra na tela um momento contemplado pelos seus olhos. Mas durante isso, estou perdendo a vista de mim no que estou a Ser.
Ao que me parece, o passado é uma fantasiosa prisão criada para elucidar um esboço do que Fomos. E muitas das vezes este último se materializa como o que Somos!
Penso que existir é como as águas dos rios, correm sem cessar e de forma única, não refazem o trajeto já feito... não! Não essas águas que foram.
Sinto que precisamos de um certo controle sobre o Ser, por isso criamos o Sido. Curiosamente, desta maneira, trabalhamos
com a morte, ao invés da continuidade. Porque o ter Sido soa como póstumo, ao invés da vivacidade do Ser.
Podemos até pensar que fomos inteligentes ao criar engenhosa estrutura de retenção.
E tudo bem se isso for verdade.
Porém, Ser ao comparar-se com Sido, pode resultar em um sintoma, que talvez explique ao humano a sua crônica crise de identidade.
A voz do eu
Um corpo pode ser uma bela e impactante escultura, porém só a alma que é artista nata de contar histórias. O silêncio pode bastar os olhos, para ver a sensual silhueta do som, mas sinfonia mesmo é somente a voz do eu.
Ensaios de um amor
Podia ser nós dois, eu preciso de você para ser eu, tomo-te como espelho, para recuperar o meu reflexo. Mato-te em mim!
Projeção
Pode parecer que não, mas o que te incomoda no outro é você, o resto é alienação. Darás risadas... Ora! Tudo isto é sem nexo! É que sobre a face de outrem, projeta tímido o teu reflexo!
Em tons de cinza
Havendo o dia nascido, em tons de cinza, logo questionei a minha visão. Mas já sentia na alma, uma certa tristeza, de qual dos dois foi a interpretação?
É preciso abstrair
Somos seres tão complexos ...
Ironia,
Só obtemos a compreensão por meio da simplicidade!
É preciso abstrair o macro em partes,
Agora tudo faz sentido!
A jaula do Perfeito
Não te escondas em camadas
Com o artifício de buscar a perfeição,
Ser natural é a porta da liberdade
Já o Perfeito, uma jaula
Que você divide com a Ilusão.
Morte a frialdade
Quão lindo seria se de repente, o mundo fosse bombardeado por bombas atômicas de amor! Ah o céu ficaria enfumaçado de alegria, e as pessoas? Contaminadas de contentamento e carinho!
Catástrofes como estas deixariam um grande número de baixas, onde as vítimas seriam as friezas recentes dos corações humanos.
Irei rir e cantar alto por um minuto... será o melhor e mais apropriado gesto fúnebre!
Alma tagarela
Depois da leitura,
Fiquei sem palavras!
O coração estava ocupado ...
Ô alma tagarela!
Quanto
Senão é um, quanto?
Em cada canto há matéria
No micro universo do Quantum
A compreensão do todo é de forma etérea