Eriec Soulz
Lembrei de você.
Levei o pé ao primeiro degrau, automaticamente o direito claro, superstição talvez, mas começar assim me deixa confortável e otimista quanto ao fim, respirei profundamente fechando os olhos e canalizando forças. Antes de prosseguir, inclinei discretamente o corpo e elevei os olhos para ver o vão pelo qual a escada se encaracolava, a perspectiva me apresentava uma belíssima imagem. Comecei a subir tentando não pensar no quão longe era o térreo do topo. Eu já havia contado aqueles degraus por diversas vezes a fim de me distrair no percurso e sabia exatamente o quanto eram torturantes. Onze andares, vinte e dois lances de escada, cento e cinquenta e quatro degraus. Transtorno Obsessivo Compulsivo, o famoso TOC.
O prédio era velho e guardava muitas lembranças, além disso, escondia aquele segredo que poucos sabiam desfrutar.Os corredores eram escuros, empoeirados e não circulavam ar. Através das portas ouviam-se algumas vozes dos poucos moradores, gatos, a água correndo pelos canos... A perna começava a queimar, o corpo transpirava, o coração se acelerava e vinha preencher a minha mente com o som de algumas memórias que se exacerbavam com aquele cenário.
Cento e vinte e um, cento e vinte e dois, cento e vinte e três... Próximo do último andar já era possível ver a saída. Ansioso pelo fim, pulei alguns degraus e singelamente corri perdendo as contas, volitei à porta como quem fosse arrancá-la em busca de oxigênio, enfim fim. Apoiei-me nos joelhos ofegante, olhei longe, horizonte. "Perfeição divina dos céus, verdadeiro espetáculo! Ufa, ainda cheguei a tempo." Pensei em agradecimento enquanto me recompunha. Acomodei-me como de costume com as emoções elevadas. Desta vez não, mas muitas vezes ali esses sentimentos me transbordavam os olhos.
Gostaria que você estivesse aqui e pudesse ver mais uma vez, mas ver como meus olhos veem e então saberia que muitas das lágrimas aqui já derramadas nem se aproximam da tristeza. É a imensidão do universo, a grandeza da vida comparados aos desprezíveis problemas aos quais damos tanta importância. Acredito que tudo está no lugar que deveria estar. Você está no seu bem como estou no meu. A condição que demos a nós mesmos foi estrategicamente pensada para que pudéssemos, de uma forma ou de outra, aprender, aceitar e evoluir. Não adianta burlar o tempo, somente ele nos trará novas experiências e transformará aquilo que um dia foi real, em simples lembranças como você.
Entre um beijo de amor
Não há brisa tão fria
Mesmo que lhe estremeça o corpo
O coração no calor se refugia
Era noite
Era mar
Era saudade
A inocência dos maliciosos
A página em branco
O sorriso de canto
Sempre de canto
Você voa
Eu te conheço
Conheço pelo que me conheço
E me conheço muito bem
Tatuei seu nome
Te transformei em pássaro
Te dei asas
E quem voou fui eu
Está certo estar errado?
É errado fazer o certo?
Eu não sei...
De caneta na mão
Eu contei
Recontei
Contei novamente
As palvras não batiam
Em suma
Em quantidade
Em coerencia
Mas, só pra garantir
Contarei uma vez mais
E quer saber?
Fo**-se
"Tá" na moda sonhar
com o que não vivemos
Com o que poderíamos ser
" To nem aí meu anjo ;) "
Final feliz é uma oração
De 2 palavras
De 10 letras
Uma infinidade de sentidos
Sem erros, sem acertos.
Sebastião, sábio e cego.
Em uma de minhas pesquisas pelos vilarejos do mundo, entrevistei um senhor chamado Sebastião, conversamos sobre pessoas, atualidade, vida e principalmente sobre a grande sabedoria de algumas pessoas. Cheguei ao Sr. Sebastião depois de várias indicações sobre sua vasta sabedoria “carregada numa bagagem de setenta e poucos anos” como ele mesmo diz. Ouvia-o atentamente por todo o diálogo entre perguntas, respostas e opiniões, mas por um segundo perdi a atenção ao que ele dizia e olhei fundo em seus olhos, Sebastião era cego. Aquele contato me provocou um giro de imagens na cabeça e acabei perguntando:
- Como foi que o Senhor perdeu a visão?
Perdi a graça e tentei reverter a situação:
- Perdoe-me, me expressei mal. Minha pergunta refere-se a como o Senhor superou esta perda e hoje consegue exalar esta felicidade toda sem...
Antes que eu terminasse, ele fechou os olhos e levemente inclinou a cabeça para baixo, como quem está se recordando de fatos, sorriu sincero e declarou:
- Tudo bem, tudo bem, não se desculpe. Perder a visão é uma longa história da qual não me recordo mais. Conhece aquele ditado: “O que os olhos não veem o coração não sente?”, pois bem, ao acordar sem mais nada enxergar, pensei em minha vida toda até ali, lembranças boas e ruins, conclui então que eu nunca mais seria obrigado a ver sorrisos falsos, olhares de desprezo, atos de egoísmo ou qualquer outra a maldade humana que me causasse repúdio e antes que você se pergunte ou me pergunte, as lembranças boas são tão nítidas em minha mente que quase posso toca-las. Hoje vejo o mundo com outros olhos, tenho os olhos da alma e os olhos do meu coração e com estes me são exacerbados, vejo muito mais, mesmo sendo cego.
Ele, agora olhou o céu, e abrindo os olhos conclui:
- Aquele, meu amigo, não foi o começo do meu fim, como muitos pensaram, foi o retorno de mim mesmo. Um eu mais forte, mais gentil, mais feliz.
Peguei a chave do carro, um chaveiro bobo que você havia me dado, nunca gostei de toda esta "fofura", mas parece que, agora, até gosto, é, tudo muda. Vesti meus óculos escuros e cai na estrada, estava mesmo precisando descansar. Quilômetros e quilômetros de verdes pastos, montanhas e lembranças, minha mente era um pássaro livre voando o céu, sem limite, sem medo, sem olhar para trás, mas olhei o retrovisor e um carro já me perseguia e iria parear... Fanfarrões, me arrancaram um sorriso, estavam me procurando. Sai antes do combinado, era a ansiedade, eu queria logo, queria pra ontem, não podia mais esperar. Se ao menos eu tivesse um destino... Ali todos tinham um destino em comum, dançar, pular e beber até cair e assim caídos pela noite, a cobrir-se pela areia molhada, fomos todos bem sucedidos, os opostos se repelindo e os semelhantes se atraindo, ou talvez o contrário e ao contrário e sem regras, ambos cessando a FELICIDADE. Só o existo existe.
Considere que pode ser que o príncipe se atrase ou nem venha, considere que as vezes a bruxa vai vencer, considere que "o pra sempre, sempre acaba" e considere, acima de tudo, que a felicidade não se apaga com nada disso.
Estava eu, em algum canto do universo, em algum espaço de tempo, conversando com o Sr. Fim do Mundo quando avistamos uma estrela cadente, ficamos em silêncio por alguns segundos contemplando-a. Tão logo eu lhe disse:
- As vezes sinto falta da minha vida na Terra, da minha família, dos meus amigos, dos R’s puxados do meu interioRRR - Acentuei. As manhãs sonolentas de trabalho, o cheiro do café, as têmporas pulsantes de stress, a euforia dos finais de semana. Foi tudo tão rápido...
Olhando-me com cara de deboche, ele soltou um “Rhum!” torcendo os lábios, voltou o olhar ao infinito, refletiu e respondeu:
- Vocês é que me chamaram. Seu tempo é diferente do meu tempo e eu sabia que era cedo demais e olha que eu ainda prorroguei... Me esquivei, fingi que não vi, que não ouvi, evitei de tudo que é forma, mas vocês praticamente me obrigaram a cumprir o meu papel, me deixaram sem saída...
- Eu sei, eu sei. Não o culpo. Você só cumpriu o seu dever. A mente humana era autodestrutiva.
Eu gosto de dormir com a TV ligada
De ficar de meia
Da sobremesa primeiro
De música antiga
De água quente
De rosas brancas
De um brinco só
De andar a pé (me ajuda refletir)
De janelas abertas
De soluçar
Escrever à lápis
Eu gosto de me sentir livre
"A nossa liberdade é o que nos prende"
Eu gosto de ser capaz
De ter coragem
De ter escolhas
Eu só tenho uma escolha...
Uma decisão
Uma chance
E as vezes vou perdê-la
Mas tudo bem!
Tudo bem... Tudo bem.
Que horas são?
Hora de certificar-se
Ser quem se é
Olhar para dentro
Gatilhar-se (existe isso?)
É hora de escolher
E não permitir
Que as horas passem mais...
O corpo físico dói, o emocional se despedaça, a mente enfurecida se acomoda. Há muitas dúvidas, há muitas vontades, mas nenhuma ação. Por quê?
"No início, o tom era de brincadeira, até o primeiro ato..."
O estado passa a ser crônico. A reprovação se instala. As opiniões se divergem. O medo é frequente.
"Eu acho que ainda pode mudar..."
Você sabe como eu me sinto? Porque eu acho que você não sabe como VOCÊ se sente!
A situação passou dos limites, dê um basta. Não permita que haja mais dor do que alegria. Deixe esse grito de socorro estancado vir a tona. Livre-se dele antes que ele acabe com você.
Além dos vidros da janela, sempre haverá uma surpresa, sempre haverá um outro dia, um outro clima, um outro pássaro, uma outra nuvem... Além dos vidros da janela, sempre haverá um reflexo que lhe colocará para fora, mesmo quando seu medo de sair se sobressai. Não anseie! Por detrás desses olhos há muita coragem escondida, faça dela sua melhor aliada. Encontre-a! Encontre-se! A vida nos permite aprender algo diariamente e mesmo quando essas oportunidades nos passam despercebidas, uma nova janela se cria. Não bloqueie essa projeção. Grandes lições são aprendidas em poucas palavras, em poucos gestos, em momentos curtos, em singelas reflexões, em sucintas decisões... Míseras e inesquecíveis.
Talvez a transição entre a vida e a morte seja gradativa, ou seja, morremos sem perceber. Nos afastamos dos amigos, da família, do companheiro(a), saimos do emprego, de casa, da cidade, paramos de nos alimentar direito, de beber água, de sorrir... De repente olha-se em volta, nada mais é sentido, tem ou faz sentido, ninguém mais nos nota e então percebemos que fomos preparados para o fim e já estamos, há algum tempo, vivendo em outra dimensão.
O ser humano não nasce acompanhado com um manual de instruções. No início da vida somos diariamente norteados pelos nossos ancestrais, que nos ensinam como, onde, porque, todavia, o tempo nos atualiza, nos dá forma, cor, jeitos, trejeitos, personalidade e aos poucos essas orientações passam a ser desobedecidas, passamos a andar com nossas próprias pernas e nossas próprias vontades sobem alguns degraus. Precisamos ver para crer. Obviamente cairemos diversas vezes lá de cima e teremos que nos levantar ao som de um "eu te avisei", mas o bom disso é que certamente a fonte deste mesmo aviso vem acompanhada de uma mão estendida, de um ombro, de um colo, de um conforto. Tudo bem! Seguimos, dobramos a esquina, atravessamos a rua e nessa travessa um outro ser humano surge, os olhos se cruzam, dois sorrisos acontecem... Dois "produtos" sem manual de instrução, cada qual embasando-se naquilo que acredita, que aprendeu, que registrou em seu rascunho. Duas pessoas diferentes. Diferentes. Ambos olham para trás, para validar o ocorrido, porém em tempos diferentes, um foi de imediato, outro, alguns segundos depois. Se eu pudesse desenhar tal fato o descreveria como uma circunferência com um ponto em seu centro e outro fora dele, acima, ou por cima, um enorme ponto de interrogação, piscante, vermelho vivo, neon. Eis que um deles retorna, corre atrás, puxa pelo ombro e mais uma vez os olhares se conectam profundamente, a gente não vê, mas em algum lugar do universo inúmeros riscos são traçados e por um milésimo de segundo a respiração para, as palavras somem, há tanto a se dizer, contar, explicar, expor, opinar... Nada sai, absolutamente nada. Se me perguntassem se importa eu titubearia "talvez", mas na real, a resposta é não, "Não importa". Aquilo foi lindo e eu, enquanto expectador, leitor, plateia, estaria torcendo pelo beijo e só. Falo por mim porém, sei que haverá quem torça pelo contrário. Diferentes... Ocorre que naquele determinado local do universo e vale lembrar que não o vemos, há um mesmo capítulo em dois livros distintos e se eu pudesse escolher, escolheria pelo final feliz, e, se eu fosse escrevê-lo, eu erraria no roteiro, sim, erraria muito, eu acertaria, acertaria muito também. Seria vítima, herói, vilão, figurante, eu talvez abriria mão, as vezes é decente, eu talvez surpreenderia, acontece, mas eu não sei, simples assim, não sei. Definitivamente tenho medo, tento, encaro... Corro. E... E? E nada, é isso, fica combinado assim. As histórias estão sobre a mesa, na mesma página, esperando o início do próximo parágrafo. Essas histórias não são minhas, estou aqui como você, esperando. Você sabe que é você! É você quem vai terminá-las, ou, pelo menos uma delas. Eu estou aqui. Eu posso te ajudar. Me ajuda também? Sugiro que um leia para o outro as páginas que já foram escritas, sem muita consideração, com muita atenção, já estão escritas mesmo, cuidaremos apenas de não repeti-las, nós apontaremos o caminho um do outro. Podemos discordar ou concordar no melhor destino, mas vamos nos programar e analisar a previsão do tempo. A previsão do tempo é: Deixa ele passar.
Águas profundas são traiçoeiras, frias e escuras, escondem tesouros e são muito mais ricas em nutrientes do que as águas rasas. É um mergulho interessante e perigoso também. Se vai mergulhar é melhor preparar-se.
Eu estou aqui. Olhando-te de longe e só de longe. Aprendi a abandonar depois de tanto ser abandonado e hoje entendo. Dói muitos menos. É mais fácil, simples e rápido. Não gostaria que fosse assim, é covardia, fraqueza, mas lamento, foi assim que aprendi e até que me ensinem uma forma melhor, isso é tudo que tenho.
A melhor forma de se viver é ter a consciência de que se vive e viver. É alinhar-se na perfeição do universo, do mundo, do corpo, da própria consciência e viver. É enxergar as oportunidades oferecidas pela vida para viver e viver. Viver por vida. É assim que a vida deve ser vivida.
Veja bem;
Diga algo;
Ouça isso;
Sorria mais;
Vá por aqui;
Faça dessa forma;
Pare;
Espere;
Continue;
Volte;
Se esconda;
Apareça;
Roube a cena;
Abra o jogo;
Abra a mão;
Abra os braços;
Feche os olhos;
Pense;
Reflita;
Decida;
Abra os olhos;
Veja bem...
Deixe disso;
Esse tom imperativo.
Ninguém é feliz sendo podado.
Pessoas
Complexo
Perfeito
Ser humano
Imperfeito
Algumas pessoas passaran pela minha vida.
Algumas me deram a luz e outras me tiraram.
Algumas me apoiaram.
Me apoiaram até sem saber e apoiaram muito.
Algumas me fizeram de apoio também, tapa buraco.
Brinquedo, sapato, tapete, pedestal.
Algumas pessoas me botaram no chão.
Me fizeram de chão.
Me tiraram o chão.
E ainda assim eu não perdi a linha.
Algumas pessoas foram o meu caminho.
Meu norte, minha direção.
Me abriram os olhos, a mente, o coração.
Algumas delas me fizeram entrar no barco.
Algumas delas me abandonaram lá dentro.
Outras me encorajaram a pular do barco.
E dessa vez, quem abandou alguém fui eu.
Alguém me ensinou a nadar.
A caminhar.
A correr.
A sobreviver.
Alguém me ensinou a viver.
Sonhar.
Voar.
Aprendi a olhar nos olhos.
Aprendi a olhar para trás.
E para o futuro.
Aprendi o que são os seres humanos.
E então percebi que tenho sempre as duas mãos estendidas em direções opostas.
Enquanto puxo algumas dessas pessoas para frente, as outras estão me puxando também.
Em um abraço caloroso, a verdade despediu-se da mentira, que já ia dissipando-se, beijando-lhe a face. Essa que ficava, carregaria no peito aquele momento escrito em poesia.
A vida nasce. A vida nasce ao abrir os olhos pela manhã, nasce a cada mínimo movimento voluntário que busca chegar a algum lugar, nos passos, nos toques, nos abraços, no diálogos. A vida nasce no piscar de olhos, no sorriso, no aceno, nasce no desejo, na esperança, na convicção, nasce no esforço e no sacrifício, no sim e no não. A vida nasce no perdão. A vida nasce no pôr do Sol, nasce ao nascer da noite, da lua e as estrelas, nasce ao refletir sobre o dia e o dia traz uma infinidade de nascentes. A vida nasce ao fechar os olhos. A vida nasce no "Adeus". A vida nasce muito mais depois de nascer.
Há uma sala, dentro da Elite do Universo, onde ficam arquivadas todas as memórias já existentes, a Memória Universal, poucos são os seres que tem acesso total a ela, afinal é um acervo de dados importantes e precisa ser restrita. As memórias são registradas e organizadas por essência, sabendo que a essência de cada ser é única e que os rastro deixados por ela também, foi validado um método para que todos os seres tivessem acesso apenas as memórias com essência exatamente igual a sua, ou seja, cada ser poderia consultar livremente todas as suas próprias memórias. A sala é espaçosa e suporta uma infinidade de seres fazendo consultas simultaneamente. No decorrer dos processos evolutivos, entre nascer e morrer, encarnar e desencarnar, entrar e sair dos mundos, as almas costumam visitá-la a fim de estudar melhor seu desempenho nas "missões" e preparar-se para aquelas que ainda estão por vir, alguns seres passam anos e anos avaliando e revendo cenas e mais cenas da sua história e vale lembrar que a imagem que se passa é a mesma vista enquanto "vivia", mas há uma exceção, se o portador da memória, em sã consciência, lhe conceder acesso, no ato do fato, a alguma situação relacionada aos dois, a memória ficará registrada com duas essências diferentes e poderá ser vista por duas óticas diferentes