Eriec Soulz
Da série: Oh Poderoso Zeus
O medo faz o fato.
A razão é azul – A emoção é vermelha
Na base, atente-se as línguas afiadas, no topo atente-se ao som do silêncio.
Quando um ciclo se quebra, inicia-se um outro ciclo em complemento a este que se quebrou. Os elos nunca são desconexos.
Sedução, emoção, dor.
Muitas linhas, muitas figuras, muitas visões, muitas constelações. E a essência? Praticamente a mesma.
O alimento que perfuma o centro de uma rosa, passou primeiramente por todo seu caule espinhoso.
O topo do sucesso tem em seus degraus muito mais histórias bem sucedidas do que o próprio topo.
Você riu. Riu de mim. Riu da minha cara. E não porque eu era engraçado. Muito menos por ter feito ou dito algo que lhe levasse a rir. Você riu porque subestimou a minha capacidade. Você riu do meu eu mais verdadeiro. Aproveitou da minha fraqueza... Riu da minha naturalidade, minha essência, minha plenitude. Você riu e eu chorei. Chorei porque doeu. Ao olhar-te, descobri o que era um disfarce. Oscilei. Voei baixo, tão baixo que parei para rir de mim. Rir daquela tolice. Permitir que alguém abale a grandeza dos meus sonhos é muita tolice. É para rir mesmo, e foi o que fiz. Olhei o céu antes de decolar novamente e pensei naquele ditado que diz: “Quem ri por último, ri melhor”, eu não concordo com ele, meu riso em sorriso, em verdade, em crescimento, reconhecimento, era puro, sem maldade, sem inveja, sem qualquer tom de vingança, de inveja, um riso sem disfarce, para mim, para a vida. É só isso que eu preciso.
Você me mudou, me transformou
Trouxe pra mim quem sou
Usou e abusou
Amor mansinho
Mansinho, leve e traiçoeiro
Juras
Juras breves e caladas
Sempre tão caladas
Avoadas, inventadas, decoradas
Contornadas, iluminadas
Lindas e irreais
Logo você, que vivia a me apontar:
- Chato, cruel, marrentão...
- Aquele que não jaz de um coração
Eu só estava magoado
E assim você se magoou
Não suportou
Vestiu suas desculpas e se foi
Foi escorrendo pelas mão
Liso, intocável
Se diluiu, se misturou
Rabiscou, grifou, pintou e reapareceu
Já não era o mesmo quadro
Mal-acabado, torto e opaco
Tudo aos meios
E ao meio dos seus meios intocáveis, repousei
Criei, cuidei, reguei, floresci e frutifiquei
E junto, também me inovei
Bati asas e voei
Sai da teia que você tecia a me circular
Você me mudou
Trouxe pra mim quem sou
Já foi, acabou.
Vento
Lento, leve, deslizante
Pela fresta da janela
Trinco agudo
Risco do grito no vidro
Click Clack Bum
Olhos semiabertos
Cascas, lascas, raspas
Arabescos
Baixo tom
O som do mantra
Tocando sutilmente pela ponta
Antes seco
E agora encharcado
Belo contraste
Vermelho e branco
Tempo reverso
Desconstruído
A menor partícula de si
Suspira, inspira
E se desfaz
Lentamente
Levemente
Deslizante como o vento.
Hey, acorda! Você deveria absorver e construir novas referências diariamente ao invés de viver se embasando naquilo que já passou, naquilo que já conhece. NÃO ESPERE PARA VIVER O HOJE AMANHÃ.
Numa noite qualquer, tudo muda.
Numa noite qualquer, tudo mudou.
Mudou no decorrer do amanhecer e mudam até hoje.
De não, estamos cheios.
De sim, escassos. Sim? Por quê?
Porque aprendemos que é feio dizer não, mais tarde, aprendemos que é ainda mais feio mascarar o não com um sim mal dado. Devemos sim dizer sim. Sim para si e não para os outros. O sim do outro é consequência da felicidade distendida. Colocar-se em primeiro lugar não é egoismo, é amor próprio. Bastar-se consigo é algo difícil, contudo, extremamente necessário. Não deixe que lhe diminuam, lhe anulem, lhe passem para trás, esperto mesmo é aquele que se faz tolo perante o tolo que se passa de esperto. Regredir para avançar também é algo admirável, tenha consciência disso. Olhe-se. Consulte-se. Entenda-se. Faça o que deve ser feito sem medo de errar. Todo pássaro mesmo sem nunca ter voado um dia terá que bater assas. Voe. Voe passarinho, estarei aqui no nosso ninho se um dia você voltar.
Um minuto
Um minuto é muito tempo
E a cada um minuto
Duas partes se dividem
Meio a meio
Meio pra mim e meio pra você
Por enquanto
Porque pode ser que daqui um minuto
Meia parte não exista mais
Pense pelo lado positivo
Quando era, era por inteiro
Mesmo que ilusório
Como na maioria das vezes
Comum acordo de interesses distintos
A junção daquilo que se tem
Com aquilo que se quer
Uma troca justa aparentemente
Mas que insiste em me conflitar
Será que vale a pena?
São minutos valiosos
Não sei se são ganhados
Não sei se são perdidos
Sei apenas que eles vem e vão
E eu fico aqui
Em busca de apenas um minuto
Capaz de mudar o mundo.
Pra falar de amor...
Eu não entendia o que ouvia
Até você me apresentar a voz do silêncio
Eu não conseguia expressar o que queria
Até você me ensinar a apenas sentir
Eu não conseguia enxergar
Até você me abrir os olhos
E conectar seus olhos nos meus
E num abraço
Seu cheiro no meu
Seu corpo no meu
Seu coração no meu
E tornar-se
Não apenas um, mas dois
Dois corações que se completam
Se complementam
Se apoiam
E voam juntos
Pra qualquer direção.
Amanhecia e eu era o primeiro a levantar
Oh céus, por sorte os travesseiros eram mudos
Escondiam todas as lágrimas que eu não podia segurar
Eu sabia de tudo, mas fingia que não
Tu sabias de tudo, mas fingias que não
Ele, ou eles, também sabiam
Me contar, nunca foi uma opção
Me acusar, por sua vez
Era sempre a primeira da lista
Transferir a “multa” e os “pontos” para o outro
É muito mais interessante
Sim... Eu me culpo
Eu me pergunto, me respondo
Traço retas, curvas, ondas
Ziguezagueio e findo num quadro abstrato
Pergunto-lhe...
É possível enxerga-lo? Admira-lo?
Eu entendo tudo que ele diz, e você?
Será que parou algum para olha-lo a fundo
Ou simplesmente pregou-o na parede para compor a decoração?
Será que isso importa? Talvez sim, talvez não...
Ele leva meu nome, minha marca, minha assinatura
Já é parte da minha história
Do meu ser, do meu mundo
Ele estará presente no meu futuro
Como degrau para o sucesso que ei de alcançar.
Enquanto eles se beijavam, você os olhava e eu te olhava. Suponho que por detrás dos seus olhos haviam muitas suposições que recaiam sobre eles ao supor que, dentro de um beijo, tudo se resumia. Eles eram felizes, você era frustrado e eu apenas um narrador que observava tudo de longe. Mas não... Eles eram os frustrados, você era o feliz e eu... Eu era apenas o contorno de uma imagem meramente ilustrativa.
Lembrete do lembrete.
De todos meus rascunhos rasgados, amassados, rabiscados, esquecidos, descartados eu fui mais um. Só mais um. Fui um rascunho molhado pelas lágrimas das minhas dores e pelas lágrimas das minhas conquistas. Fui rascunho em preto e branco, colorido, impresso e digital. Fui a ideia de um rascunho. Um rascunho mal escrito, mal interpretado e mal finalizado. Fui um rascunho apagado. Perdido. Perdido em mim, nos outros e pelo mundo. É, fui um rascunho e continuo sendo um, porque eu me escrevo e me descrevo todos os dias e, de todas as vezes que eu me reescrevo, eu descubro um pouquinho mais sobre o que sou, sobre quem sou, onde estou e onde quero estar. De rascunho em rascunho, tudo que se espera pra ele é um final surpreendente. Todo dia, toda hora, o tempo todo há um rascunho em branco esperando por um sentido concreto que nunca terá fim.
Correndo por entre os túneis e túmulos de Saqqara, Teti inimaginava quão triste era aquele lugar, queria mesmo era brincar com seus amigos, ele, que era filho da realeza, acabara de aprender a ler e escrever e num acaso encontra um pergaminho escondido em uma rocha, curioso, desenrola o papiro e interpreta a mensagem: Eu quero voar.
Perfeito
Com seu pincel mágico
Coloriu a vida
De mil palhaços empilhados
Numa bolha de sabão
Flutuando entre as nuvens
Bem macias de algodão
Apesar dos vários olhos
Este foi o seu caminho
Bem traçados ninho a ninho
Sem mais placas e blá blá blá
Repousada em solo firme
Alegria se espalhou
Um fez cara e tricô
Fez marionete e se engraçou
Fez pipoca e se queimou
Outro fez ponte e se jogou
Numa torre de papel branco
Nem quis ouvir o grito
Ecoado no infinito
Das paredes deste quadro
De um pobre pintor magro esquisito
Que sorria sem parar.
Enquanto alguns conceitos sobem outros descem, estes que descem são embasados em algo e entendê-los faz com que os conceitos que sobem, subam ainda mais. A bolha do outro. Empatia sem julgamentos.
Eu costumava ser um punhado de rascunhos rabiscados num emaranhado de memórias. Fui rascunho de todo tipo, P&B, colorido, neon... Percebi mais tarde, que por mais bem guardados que eles estejam, são todos parte de um rascunho só. Um rascunho em branco que se inova e se renova dia após dia. Que se permite voar ao vento sem nunca encontrar um fim.
Novamente o horário mudou e até hoje alguns ponteiros não foram ajustados. Não precisaria nem dizer o que acontece... A gente se atrasa, sai com pressa, atropela, erra o nó. O ônibus já passou, a reunião já começou e quando bate a mão no bolso, percebe que a carteira ficou para trás. O dia se segue assim, atordoado. Na ânsia de retornar ao eixo, cai água, cai café, cai celular, cai o rosto entre as mãos debruçando pela mesa, cai a imagem do relógio na cabeça... "Maldito, se eu pudesse reverter as voltas desse dia, certamente usaria de um minuto para arrumá-lo." Pois bem, nem sempre acertamos e conduzimos tudo como gostaríamos, sequer podemos enumerar os motivos que nos arremetem a isso, entretanto, ainda podemos neste mesmo dia, ao pisar dentro de casa e conferir a carteira sobre a escrivaninha, ajustar o relógio e colocar os ponteiros em seus devidos lugares.
REPOSTANDO
Minha profecia para o fim do mundo.
Será no ano de 2026, quando completarei 33 anos, coincidentemente a suposta idade de Cristo quando morreu.
Profeta ou não, me questiono se seria o fim para o mundo ou o fim para mim.
Reticências
Sou uma completa e infindável reticências. Preciso apenas de um novo parágrafo, uma nova ideia, um enigma instigante o bastante, uma rima pra lá de ajeitada, um quadro ou um papel. Posso escrever um livro inteiro de páginas em branco ou cantar uma canção de notas mudas. Posso ser rosa ou ser azul, ser verdade ou ser mentira, posso ser tantos e ser eu mesmo personalizado em cada um deles. O que não posso é preencher o seu vazio, pois, tão bem, eu sou esse vazio. Vazio de conteúdos perdidos em menos de dois metros, e olha que não sei o que fazer com tanto espaço. Sou três pontos divergentes, totalmente dependentes um do outro, três pontos exatamente iguais. Sou tudo que pensa de mim sim e sou mais que isso, sou recipiente transbordado, pano encharcado, café escaldado, sou o fim no começo. Sou reticência que não acaba mais. Meu lugar é este, em lugar nenhum e aqui permanecerei para sempre.
Não é sobre ter coragem, é sobre ter força. Fechar a porta e pular a janela. Buscar respostas dentro de si e reponde-las para o mundo. Originalidade. Ser voz em silêncio e a voz da verdade, da sua verdade, da sua força e da força daqueles que, as vezes, precisam de apenas um empurrãozinho.
Meu herói
Já dizia Platão: "Quer conhecer o homem, dê-lhe o poder", pensamento decorrente da lenda do anel de Giges (A República). Ao ser contemplado com o poder há duas direções a serem seguidas, tornar-se um super-herói ou um vilão. Neste momento decisivo você se autoquestiona: "Sou o que sou porque sigo as regras ou esta é a minha essência se exalando?". Pense minuciosamente, certamente em algum momento da vida você já foi engrandecido com algum tipo de poder e eu lhe pergunto, que rumo tomou? Dentre tantas respostas, uma me causou um certo arrepio... Eu escolhi derrubar as barreiras que me impediam de subir, levei anos para ser capaz de descobrir quais eram seus pontos fracos e conseguir de fato superá-las, percebi ainda que podia fazer mais, que podia ir além de apenas destruí-las, eu podia usá-las de impulso, de gatilho, de degrau para alcançar rapidamente novos horizontes. Depois de atingir êxitos pessoais passei a desejar que todos ao meu redor pudessem alcançar seus objetivos também, decidi ser um herói. Optei por vestir uma máscara a fim de deixar meus anseios de lado e me dispor inteiramente a disposição dos outros, ser a voz daquele grito de socorro que nunca veio a tona, ser a coragem daquele que nunca saiu da cama, ser asas para aquele que nunca voou. Eu tive alguns heróis. Eu fui o meu herói. Eu fui capaz e sei que você também é.