Érico Veríssimo
As mesmas pessoas aparecem com suas roupas domingueiras, as mesmas pessoas de todos os domingos. A igreja tem o mesmo cheiro, o padre a mesma voz e o sermão a mesma monotonia.
E quando falo em aceitar a vida não me refiro à aceitação resignada e passiva de todas as desigualdades, malvadezas, absurdos e misérias do mundo. Refiro-me, sim, à aceitação da luta necessária, do sofrimento que essa luta nos trará, das horas amargas a que ela forçosamente nos há de levar”.
É indispensável que conquistemos este mundo, não com as armas do ódio e da violência e sim com as do amor e da persuasão”.
Está claro que não devemos tomar as parábolas de Cristo ao pé da letra e ficar deitados à espera de que tudo nos caia do céu. É indispensável trabalhar, pois um mundo de criaturas passivas seria também triste e sem beleza. Precisamos, entretanto, dar um sentido humano às nossas construções. E quando o amor ao dinheiro, ao sucesso, nos estiver deixando cegos, saibamos fazer pausas para olhar os lírios do campo e as aves do céu”.
Estive pensando muito na fúria cega com que os homens se atiram à caça do dinheiro. É essa a causa principal dos dramas, das injustiças, da incompreensão da nossa época. Eles esquecem o que têm de mais humano e sacrificam o que a vida lhes oferece de melhor: as relações de criatura para criatura. De que serve construir arranha-céus se não há mais almas humanas para morar neles?”
O amor que ainda não se definiu é como uma melodia do desenho incerto: deixa o coração a um tempo alegre e perturbado e tem o encanto fugidio e misterioso de uma música ao longe.
O destino conduz os que querem ser conduzidos e arrasta os que não querem
Eu tenho andado mais ou menos de arrasto
Nem sempre quero ir para onde o destino me leva.
As pessoas que vivem olhando para o céu perdem as boas coisas da terra.
Olha as estrelas. Enquanto elas brilharem haverá esperança na vida.
As estrelas eram um símbolo de pureza, qualquer coisa intangível que a mão dos homens ainda não conseguira poluir.
As criaturas que chafurdavam na lama podiam salvar-se se ainda tivessem olhos para ver as estrelas.
Naquela noite ele precisava de estrelas, de muitas estrelas, para se convencer de que havia esperança no mundo.