Erica Gaião
Não tenho dúvidas que passo a passo a gente faz o caminho. Não tenho dúvidas que é exatamente quando a gente menos espera, que a vida nos surpreende com suas dádivas. Mas isso só acontece quando mantemos a nossa esperança e a nossa coragem de pé. O pássaro só voa longe porque tem em si a coragem para desbravar caminhos. E desbravando caminhos, alcançamos os nossos sonhos. E é exatamente nesse momento que devemos agradecer à vida pela dádiva de conhecer os sonhos com outro nome: Realização!
Porque quem não sabe voar com as suas próprias asas não consegue se sustentar se o vento for forte, além das suas expectativas.
Às vezes, existir dói. Mas o que seria do poeta sem as dores do mundo? Para traduzir os sentimentos é necessário vivenciá-los integralmente... E desfazer nós apertados, pode até machucar os dedos, mas não lhe impede de tocar a vida para sentir a sua textura.
Subitamente somos acometidos pela desesperança, mas o que me faz permanecer e insistir na felicidade é que do mesmo modo súbito que sou tomada pela tristeza, sou tomada, também, por esse sentimento revigorante denominado fé na vida. É ele que nos faz conhecer o conceito de felicidade. É ele que nos faz acreditar que vivemos o que foi possível viver, da melhor maneira que poderia ser, independente dos sonhos concretizados ou não. Vejo sonhos como meta. Vejo sonhos, como aquilo que nos impulsiona junto à realidade, mas nem sempre, eles são conhecidos como realização. Às vezes os sonhos são apenas uma das formas de manter a chama da coragem acesa.
Não é difícil acostumar-se à ausências quando se tem um coração programado para a felicidade. Ser feliz é isso: É ter um coração capaz de dissipar a dor, por não haver espaço para ela, dentro.
Às vezes ausentar-se daquilo que nos faz descarregar tristezas é necessário para encontrarmos a felicidade. E reconhecer que tudo, absolutamente tudo que existe com verdade, alcança a vida. Até as tristezas.
Às vezes fugir para se encontrar em outros braços pode ser uma boa estratégia, embora eu não a adote, justamente, por ter percebido que nem sempre saímos livres do peso do passado, ao ponto de deixar lá, no meio do nada essa velha bagagem. Se trouxermos junto algum retalho, tentaremos costurar nele o nosso presente. Assim o passado não só volta, mas permanece.
Amor não mata. Amor faz a gente renascer e florescer. Porque a mor é semente de vida que floresce, sempre! E é por isso que eu amo sempre até a última pétala
O tempo somos nós. E a eterna busca pelo encontro com o nosso espelho invertido. Porque é a ele – tempo – que entregamos as rédeas, quando tudo se torna inexplicável. Inclusive, nós!
Quando a gente abre a porta dos nossos sonhos e não os encontra, o único desejo é um abraço acolhedor, que traga para dentro, a paz que conforta.
Não é um sinal de fraqueza sentir as dores do mundo e chorar por elas. Fraqueza é não levantar quando a mão lhe é estendida. O que move a vida é isso: Saber que alguma coisa está lá, em algum lugar, a nossa espera. E trilhar o caminho, ainda que tropece...
Em cada sol que brilha há uma nuvem que surge quando, àquele que viria eternizar o verão, resolve partir inesperadamente. E a chuva? Vem após a partida e lava os nossos medos até que o sol volte a brilhar.
As partidas inesperadas deixam sempre em nosso mundo uma dor aguda, chamada saudade. Algumas vezes enxergamos essa dor como algo irremediável. Mas não há nada que permaneça eternamente no mesmo lugar. Essa certeza é o que faz a gente continuar seguindo,
O amor não é o instante. O amor é a eternidade. E em nós, a única certeza... O amor é o que nos move; e de todas as sensações, aquela que não cansamos de experimentar.
Aqui dentro, algumas vezes, não corre vento; outras o sol brilha e aquece. E mesmo sem conseguir respirar quando a autopiedade resolve me sufocar, eu insisto na felicidade.
Alguns encontros trazem às nossas muitas vidas um desejo incontrolável de voltar a ser um só, até caber inteiro no outro. Esse é amor que nos leva além, sem precisarmos ser muitos para suportar o caos da vida que trazemos dentro.
A vida se esvazia quando a gente desacredita. E quando a gente desacredita, a gente aceita sem lutar; sem ter planos; sem ter outra mão. Aí, só restam as cicatrizes. Eu tenho razões suficientes para desacreditar no mundo. Nesse mundo de gente que foge de si; dos outros; da vida. Mas, não sei por que, ainda acredito, apesar de...
É assim que descobrimos a verdadeira felicidade: Quando a encontramos em nós e não no outro. E só o amamos por que o amor é abrangente e se expande até lá. Mas não devemos nunca condicionar a nossa felicidade ao amor que depositamos nele - no outro. Senão, como sobreviveremos à partida? Deixaremos que leve o nosso sopro de vida?
Quase sem querer - à força mesmo, eu diria - descobri que a vida tem o poder de transformar essências suaves em ventania. E uma das incansáveis perguntas que faço é: Por que a vida nos molda e transforma a nossa essência?
Sempre mudamos os versos no meio do caminho e escrevemos uma nova história. Porque há em cada amanhecer, uma nova oportunidade de ser. E o baú da memória? Vai guardando os nossos recomeços.
Às vezes as minhas imperfeições humanas me fazem desacreditar que Deus existe e que realmente olhe para mim... Mas a minha esperança - que só pode ser Ele se manifestando dentro mim - me faz amar e viver por amor. E amar não é ter Deus dentro? Então: acho que estou perdoada por desacreditar de vez em quando.
As vozes em mim são tantas... Algumas dizem muito. Outras não dizem coisa com coisa. Mas eu gosto mesmo é dessa interação entre o pensamento e o sentir a coisa-mundo lá fora e aqui dentro