Eric Ventura
Acredito que se tivermos uma percepção da vida igual a de uma criança, de que tudo é possível, mais acessíveis se tornam nossos sonhos. Elas sabem das regras, mas sempre encontram um jeito de usá-las a seu favor. E, assim, fazem de seus planos, acontecer.
Fracassar não é de todo ruim, pelo contrário, é bom, caso saibamos o que fazer com ela. É no fracasso que temos a chance de transformar o erro em experiência. O caminho para a sabedoria é trilhado com diversos passos tortos. Assim, cada vez mais, nossas escolhas serão afinadas com o ritmo que queremos seguir.
Tenho a vida como uma viagem de avião, porque somos conduzidos a um destino. E ela segue tão rápida que fica difícil parar pra pensar no rumo que estamos tomando, seguindo assim numa linha reta. Chega o momento de uma conexão e ficamos perdidos, não sabemos qual escolher. Não há outra saída a não ser tomar uma decisão apressada. Sem nos darmos conta, tomamos um caminho no qual não queremos seguir. Mas todo voo tem suas turbulências e sempre vai parecer ter algo nos puxando pra baixo. No entanto, não significa que o avião não pousará bem. Com destreza, aprenderemos a tomar o lugar do piloto e ter o controle para uma viagem mais tranquila.
Nosso dia a dia determina aos poucos qual será o fim dessa jornada. Assim, traga o mundo ideal, aquele em que você sonha viver, pra mais perto de você. É relaxante assistir o mundo passar devagar pela janela, mas já é hora de andar, fazer acontecer. Que o seu direito de voar não se limite apenas a subir em um avião, mas sim que faça bater seu par de asas onde quer que você esteja. E que essa sensação de voo permaneça em todos os momentos de seu novo ano.
A saudade é algo espetacular, é uma prova do que vivemos foi bom, nos marcou. Mas ao mesmo tempo ela nos pune, vem como um aviso que nosso momento atual talvez não esteja sendo tão bom quanto era. E não adianta chorar, aquele momento não voltará. Nunca.
Entretanto, acredito que podemos fazer algo a respeito. É fácil? Com certeza não. É duro em alguns casos fazer com que o dia de hoje seja melhor que o de há um ano. Como fazer sua realidade, a qual faz parte uma jornada de trabalho de mais de oito horas por dia, ser melhor do que há exatos três anos quando você estava livre a se encantar com as belezas do mundo por aí?
Não tenho as respostas pra tudo. Aliás, não tenho as respostas pra nada. Foco meu tempo as procurando já que, as perguntas, eu tenho. E, enquanto as encontro, pelo caminho me deparo com mais questionamentos. Assim sigo com a vida, ela brincando comigo e, eu, com ela.
Existem viagens que começam antes mesmo de se embarcar. Algumas tem início assim que se ouve o chamado da jornada. Às vezes elas surgem quando você se sente distante e perdido, mas depois te mostram que, na realidade, você nunca esteve tão perto e na direção certa.
Ver o mundo é, além de prazeroso, uma forma de descobrir como o seu tempo é precioso. Você tem que respeitá-lo e preenchê-lo com o que mais te agrada. Se você o ocupa com coisas que não lhe fazem bem, corre o risco de encurtá-lo. E como ele, a vida já é tão curta.
Às vezes acho que perdemos muito tempo. Desperdiçamos chances de aproveitar esses raros espaços livres com momentos significativos. O temos tão pouco após o trabalho que, em muitos casos, preenchemos esse pouco trabalhando ainda mais. Reclamamos de solidão na frente da tela de um computador sendo que, no cômodo ao lado, temos algumas das melhores companhias. Gastamos também guerreando, espalhando ódio pelo pensamento oposto, se dividindo em dois lados, tudo isso devido a falta de tempo que deixamos pra analisar que, juntos, o poder se agrega e fazer a diferença fica mais alcançável.
Ver o mundo é, além de prazeroso, uma forma de descobrir como o seu tempo é precioso. Você tem que respeitá-lo e preenchê-lo com o que mais te agrada. Se você o ocupa com coisas que não lhe fazem bem, corre o risco de encurtá-lo. E como ele, a vida já é tão curta.
Gosto dessa relação de viagem com a vida. Acho que, se acreditamos que elas se parecem, a aproveitamos melhor, pois durante uma aventura é que aprendemos a valorizar as chances à nossa frente.
Mais favorável do que mudar o que passou, temos o dom de mudar o presente e, consequentemente, o futuro. Deixe o passado onde ele deve ficar. O que fazer de agora em diante é o que importa, é o que vai determinar nossa vida.
Minhas pernas necessitam caminhar. Adoeço quando sinto que não estou em movimento. Das opções que a vida me oferece, eu escolho a liberdade. É isso o que me leva adiante.
Deixamos às vezes que algum acontecimento, o qual não deveria importar tanto, tome conta de nossa vida. Se o trabalho ou qualquer outra coisa começar a nos fazer mal, devemos procurar nele algo que nos faça reativar o interesse. Ou, então, trocá-lo de vez.
Às vezes é irônico ser necessário lembrar que somos nós os donos da nossa própria vida. Por isso a viagem é tão importante, ela nos coloca na linha, nos transforma, nos ensina que, as alturas, é o lugar mais seguro que há para se estar.
Estando abertos à procura, podemos encontrar muito mais do que estamos esperando. As portas estão abertas. Se vale a pena entrar, só depende da gente. Esse é o nosso momento. Deixemo-nos correr atrás de nossos sonhos. Se vamos errar, que a hora seja essa. O agora é a única coisa que temos.
O peso de uma mochila durante a jornada nem se compara com o peso nas costas de uma vida mal vivida. E, esse excesso de bagagem, lá na frente, é algo que não quero carregar.