Emerson Mollin
Você pode dar conselhos e desejar todo o bem do mundo para alguém, mas não adianta, as pessoas nunca irão ler nas entrelinhas um ótimo aviso. Elas preferem se perder na imensidão do desconhecido do que entender o valor das pequenas coisas.
No começo o que era amor, transforma-se em algo individual, não correspondido, abandonado como cartas num oceano. Amar torna-se árduo, incompreensível. Definitivamente, não gosto de perdas, elas sempre fazem eu me sentir idiota novamente, amando alguém que esteve a dois passos de alcançar o pote de ouro e se jogou contra um raio.
Machucamos pessoas que amamos por palavras que não deveriam ser ditas, queimamos pontes que num amanhã próximo deverão ser atravessadas e deixamos de agir pela dúvida de aceitar nossas dádivas. Mas o pior erro reside em recusar seu verdadeiro jeito de ser e aceitar de má vontade o que julgam e o que eles sequer podem sentir, para o inferno com as críticas, você não precisa de todas elas.
Aproximei-me da lápide de mármore e estendi minha mão sobre as trincas do passado. Então, percebi que algo estava errado, pois eu estava vivo. Removi o manto de cinzas e tentei rabiscar minha própria vida com um pouco de ilusão. A ilusão ao menos poderia ser sentida, ela sempre é notável para alguém que acendeu velas a si mesmo. Eu precisava de uma faísca, algo para continuar enxergando minhas próprias tristezas. Aliás, é inverno em nossas almas, é sombrio dentro do peito. Quem disse que é preciso estar morto para não sentir nada?
Apalpei os meus bolsos à procura de vida. Encontrei alguns cacos, algumas palavras de amor e um bocado de decepção. Doei-me muito, recebi pouco, desejei muito e acabei sendo egoísta. E não é apenas uma fase, sempre queremos ouvir uma voz que não voltará a sussurrar para nós, almejamos possuir alguém que se tornou um fantasma e reviver uma história que se tornou ficção. É dia, e nesses becos da alma, sua silhueta mal pode distinguir as sombras da ilusão.
Não é apenas um drama, é um pedido de socorro a mim mesmo. Quando você se foi, meu mundinho se tornou um pouco menos colorido e, por mais cinza que ele já fosse, ele era ótimo com você. Perco muitos dias me encontrando em mim mesmo, isto é, se eu conseguir me encontrar. É uma vontade imensa de se jogar contra uma vidraça e ver quem possuirá mais cacos.
Não se preocupe tanto com as lágrimas, muito menos com o nada, tudo passa, até aquelas pessoas que disseram nunca partir. Depois de algum tempo, você aprende a inutilidade de se apegar por coisas que não possuíam valor algum. A tão sonhada regra: viver e se sentir vivo, aproveitar cada minuto. É, não é tão simples na prática, é preciso deduzir quem são as pessoas certas e desconfiar daquelas que se dizem amar nas primeiras semanas. Dificilmente amam, fazem iludir. E pior, tentam enterrar você num sarcófago a sete palmos da terra enquanto você ainda respira e chora. Pare de se iludir, pois não levamos nada desta vida, você apenas precisa saber que felicidade própria é o maior bem que pode possuir.
Ah, pessoas bêbadas, essas se arrastam porque bebem. E pessoas iludidas, oras, essas se arrastam por estarem apaixonadas.
É preciso deduzir quem são as pessoas certas e desconfiar daquelas que se dizem amar nas primeiras semanas. Dificilmente amam, fazem iludir. E pior, tentam enterrar você num sarcófago a sete palmos da terra enquanto você ainda respira e chora.
Já costumei me importar mais. Hoje em dia, eu até abro a porta e faço a gentileza de desejar boa viagem para você.
Prefiro não comentar sobre conquistas e desconheço elogios que definham a imagem da perfeição. Gosto de ficar calado sobre virtudes e menosprezo aqueles que se intitulam auto merecedores de coisas tão banais. Muita coisa não se mostra, mas se sente dentro do peito. Quem muito fala expõe qualidades que nunca possuiu para impressionar pessoas que não merecem respeito algum.
A vida é como um livro. Possui um começo, um meio e um fim. E por qual razão você diz que está perdido se nem mesmo está tentando se encontrar? A cada dia as páginas viram, retratando uma história que você já conhece o fim, um fim sádico de uma história incompleta, acima de tudo, rasurada, mal escrita por si mesmo.
Meu bem, suas palavras vazias não bastavam, eu queria ouvir a sentença completa. Seu amor não era suficiente, eu desejava possuir você inteira. Suas desculpas pouco mudavam algo, pois eu sentia muito. Mas hoje, hoje não, se um dia eu olhar para o passado e começar a rir das nossas conversas, pode ter certeza, você não tocou o meu coração. Ele está feliz, longe de tudo que me faz mal.
Risque meu nome da sua vida e apague meu rosto deste dicionário de expressões que você pouco se importa. Vá procurar alguém que melhor satisfaça seus ideais, pois sinceramente, eu estou melhor sem você.
As pessoas deste mundo estão destruindo os sonhos, me sinto cansado, elas já não me envolvem tanto. Suas manias me enojam e aniquilam a beleza interior em troca de alguma banalidade alheia. Peguei emprestado este corpo, para uma vida que se desvenda além da mente. Eu focalizo no presente, enquanto essa alma desanimada me diz para onde ir. Poucos entenderiam, mas ninguém precisa entender. Sinto-me tão vasto, em lugar nenhum para me encaixar. Minha imaginação mantém-se de pé, enquanto meu equilíbrio detona à mim mesmo. Mas tudo bem, esta é apenas a realidade, e de vez em quando, precisamos aumentar um pouco a velocidade da dor para cair. Propósito nenhum permanece o mesmo sem algumas decepções.
Disfarço como quem estende a mão e não alcança, faço de conta que meu orgulho é digno do meu sorrir, mas não é verdade. Um dia, eu já falei demais e tentei fugir pra ver se eu podia ficar, e você provou que não se importaria se eu partisse. Não é ser injusto nem nada, mas não sei quem foi o mais frio com todos esses silêncios. Eu nunca gostei de futilidade, e suas palavras sem vida gelavam meu coração. Cada vez era um quebra-cabeça diferente que nunca se encaixava. Eu cansei, cansei de juntar as peças e possuir um resultado falho, e não, eu não voltarei correndo para alguém que partirá novamente. Lamento, mas sua prisão mental não pode ser a minha decisão, eu não curto alucinações.
Eu não tenho ideia se carrego um coração ou um animal irracional dentro do peito. Ele não se importa, ele não liga desde que você esteja aqui mimando ele. É sempre a mesma coisa, ele vai te aceitar pelo que você é, se você aceitar o jeito dele de ser. Às vezes atroz ou emotivo, às vezes dócil. Mas é sempre a mesma coisa, ele vai fazer isso sem pensar, de novo e de novo.
As pessoas vem, as pessoas vão. Já não sinto vontade de muita coisa, enquanto meus pensamentos vagam livremente pela minha cabeça. Deixo-os agir, como se conhecessem à mim mesmo. Hoje eu não quero perdoar, mas ser esquecido. A melancolia passou e eu quero respeitar o meu ser, meus erros, lembrar que estou vivo e jamais que sou as lembranças da tristeza de alguém. As pessoas já são tristes por elas mesmas, e eu não quero me afogar na paranoia da culpa. Estou drenando minhas emoções, sem lugar nenhum para depositar as mágoas. Há tanto tempo para viver e memória nenhuma para ser revivida, queimei todas, assim como as fotografias que você me deu. Pergunto-me, o quanto vale à pena se queimar por alguém enquanto ateamos chamas em nós mesmos? É uma dúvida invencível de querer se manter distante, mas tão perto de voltar, e muita coisa não volta. Espero que tenha mais sorte da próxima vez, procurando no oceano da vida que carrega imbecis para longe.
As pessoas já são tristes por elas mesmas, e eu não quero me afogar na paranoia da culpa. Estou drenando minhas emoções, sem lugar nenhum para depositar as mágoas.
Se você quiser aprender sobre algo, aprenda a pintar, escrever e até mesmo se perca nos números. Só não tente entender as pessoas, até porque nenhuma fórmula matemática consegue prever a babaquice alheia.