Eduardo Chiarini

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⁠Percepção
Hoje percebi que sinto
falta de coisas inexistentes
outrora vazias à minha mão
provocam-me comoção.
Em uma estranha sensação,
complexadamente avançam,
os dias em meio às ignorâncias,
que persistem em todas instancias.
Perplexo, complexo, nexo,
anexam-se os anexos.
Em uma triste reflexão filosófica,
uma conclusão catastrófica,
evitada cuidadosamente,
por medicações psicotrópicas.

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Inaceitável

Inaceitável!
Ainda que não aprove
sendo quase inalcançável,
desconfio de sua veracidade,
descubro, sustentável e pouco amigável;
alguma verdade, ambiguidade.
Um epicentro
e dúvidas e lamentos que
meus não são.
Estranhamente controlam a mente
propositalmente, a razão!
Assim, comove ou não?
A cirúrgica precisão,
em que me atrevo, destemido
o primeiro passo em direção,
à loucura, pura, quase santa,
dos crédulos, das missões,
do poeta delirante que canta.
Espanta e entristece
mesmo que pudesse,
apetece
ainda que de mim não cesse.



Inserida por EduardoChiarini

⁠Incompleto
Sinto-me plenamente incompleto.
decerto algum efeito desta droga,
que a mim mesmo interroga.
Sinto-me completamente vazio,
Com frio em pleno estio.
Por certo, algum efeito desta droga,
que a mim mesmo sub-roga.
Até que voar é bom,
não sei ao certo pois ainda não fui,
está quase na minha vez,
tem uma enorme fila e um jovem cortes.
Explicou-me os elementos básicos,
necessários para tal.
ensimesmado, pensei:
Será efeito desta droga
que só se prorroga?

Inserida por EduardoChiarini

⁠Suposições
Se por um segundo supor,
portanto merecedor,
seja lá do que for.
Saiba que está errado,
não merecemos nada,
somos o pó da entrada,
que há muito empoeirada,
deixou amassada, a amada.
Agora que estamos afinados
honremos nossos finados,
com um canto extraordinário,
sem compasso e ao contrário.

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Espera ansiosa


Espero sereno,
está tratado.
seu rosto moreno,
as mãos delicadas,
sua boca molhada,
o suave morder de lábios,
a me convidar,
para a intensidade,
com certa crueldade,
num movimento,
perfeito, compassado,
só descansado,
após o ápice do prazer.
Espero, e você não vem.

Inserida por EduardoChiarini

O ente estranho


Estava eu de frente
para um estranho ente,
não tinha rosto, não tinha olhos,
nem nariz; nem orelhas,
nem cabeça nem nada,
mas tinha boca e tinha dentes.
Eram dentes fluorescentes,
feito pingentes, que as meninas usam
nas boates quentes.
Perguntei-lhe, reunindo coragem,
foste tu amizade?
Ele não me respondeu,
disse, em um gemido, algo incompreensível,
alguma coisa como:
“mais um preto morto, no pais dos pretos,
e ninguém liga, nem grita”.
Percebi que estava diante da
impunidade, da maldade,
cruel, crueldade, sem rosto,
sem nome, sem idade.

Inserida por EduardoChiarini

Presença




Estou aqui.
sempre estive.
estou assim.
Mas mudo, toda hora,
mudo silenciosamente,
mudo, seguidamente,
mudo, sempre mudo.
Meus olhos falam por mim,
sempre assim,
não são mudos, são surdos.
e assim mudo, sem escutar
os olhos a falar, e às vezes,
mudo, só por mudar.

Inserida por EduardoChiarini

Estático.

Fico parado
junto ao seu lado?
Ou separado?
Estou esperando.
Melhor sentado.
O que eu ando pensando?
Não importa! Está errado.
A noite chegando,
e, o café gelado.
Me digo, austero,
quase severo,
que a estrela espero.
A reposta que não quero?
Pior, não revelo.
E, espero.

Inserida por EduardoChiarini

⁠A lágrima
Chovia
a lágrima escorria,
ninguém percebia.
Mesmo porque
ali não havia
quem pudesse ver
a lágrima escorrer.

Inserida por EduardoChiarini

Sereno.
Dia sereno
um gesto pequeno
de enorme amplitude
revela a atitude
que teremos,
serenamente um dia...
Lindamente!

Inserida por EduardoChiarini

Desconstrução
Escrevo neste papel e deixo,
um pedaço de mim,
amável ou detestável, é inevitável.
Não é desleixo, nem me queixo,
pois sei que é assim.
Se escrevo com paixão,
doí-me o coração,
se escrevo metáforas,
perco-me em diáforas, que de belas,
hoje lamentáveis querelas,
semelhantes à celas.
Nesta hora, em que ora,
eu, aqui escrevo mais um pedaço meu
que agora também é seu.
Peço então, perdão,
ao meu Deus divino, pequeno menino,
que habita meu coração,
por tamanha ingratidão.

Inserida por EduardoChiarini

Soleira

Do dia, na soleira,
deixo minha algibeira.
Pouco peso,
recomendação dos poetas, profetas.
Carrego poesias indefesas,
um pouco de vento e estrelas,.
Sorrisos de crianças, doces lembranças,
de sábios, loucos mambembe,
deixaram por ali e acolá,
e, que hoje vivo a procurar.

⁠Alfazema
É que nesta tarde serena,
ouço ao longe a cantilena,
sentindo a alma plena.
Penso, para que mais um poema
nesta tarde serena?
Diante da vontade encena
e leva a açucena, que
ao tempo, encantou-me
criança pequena,
as senhoras, as novenas,
alfazemas, vozes pequenas
Apenas.

Inserida por EduardoChiarini

⁠Hipocondria liberal
Em meio à confusão,
liberdade e aflição.
Em meio à liberdade
somente interrogação.
Em meio à aflição,
reflexão e internalização.
Paz e meditação, coração,
Constante pulsação.
Disse então o doutor,
Com razão.
Verdadeira apoteose.
Vá para casa, descanse que
é somente uma virose.

Inserida por EduardoChiarini

Encontro Desafortunado
Em um encontro desafortunado,
a mentira, a traição e o jogo sujo,
resolveram agir contra a humanidade,
numa conspiração da maldade.
A mentira dizia que amava, e sorria, mas mentia,
A traição vestia-se de perdão, e ria, traía,
O jogo sujo, este terrível complicador,
Não se importava com a dor,
De qualquer um ao seu redor,
E a nós, impunha mais e mais desamor.
Até que um dia, a poesia chegou.
E na profundidade da alma calou,
Dissipou todas as dores, e
em versos bonitos e incisivos
presenteou-nos com sorrisos.

Poema inspirado em uma conversa com Léa.

Inserida por EduardoChiarini

⁠Minha nova estrada
Era como uma estrada
de terra, na madrugada,
que trouxe para mim
poesia e um jardim.
E, de mim não quer nada
só ser amada,
e eu, que só desejo,
ser seu desejo.
Nesta linda caminhada,
então, fazia lua no céu,
com gosto de amor, de noite estrelada.
que, agora, coloco agora no papel.

Inserida por EduardoChiarini

⁠ Existencialismo

Às vezes ocorre assim como um vento,
questões do ser na essência,
as antigas e ainda não esclarecidas
questões sobre a existência.
Existimos por sermos matéria e alma?
Somos por sermos evolução animal?
A alma traz consigo conhecimento imortal,
enquanto o ser matéria, desejos e ensejos,
tristezas e alegrias não transcendentais.
E desse jeito, afinal, no final,
refletimos uma imagem estagnada,
olhando para o céu sem entender nada.

Inserida por EduardoChiarini

Partidas sentidas.

Presença de pura alegria,
da noite para o dia,
tornou inexistente aqueles dias.
Ausência, fingida indiferença.
Doí-me profundamente,
a sua partida inadiável, inexplicável,
indo por aquela porta, e nada falei.
Hoje, choro lágrimas silenciosas,
escondidas em mim, dores sem fim.

Inserida por EduardoChiarini

⁠Lobo.
Um poema, uma poesia,
poderia sim ter valia,
na triste e difícil caminhada da vida.
Lembro-me que quando adolescente
cantava Vandré contente,
enquanto andava na beira da estrada.
Esperando a carona que talvez aparecesse
naquela hora tardia,
ou talvez, apenas um lobo, um lobisomem
que não existia nos devoraria.

Inserida por EduardoChiarini

⁠Mundanos.
Mundanos, insanos, profanos,
entre pedaços de pano,
dos palhaços moralistas, artistas,
com suas listas, de como ser humano.
Errantes, distantes, amantes,
não perdem um instante,
entre o amor e o sexo,
qual o nexo, complexo, estético?
Então, cá para nós, estamos próximos e sós.

Inserida por EduardoChiarini

⁠Na Estação.
Na estação não
havia senão o chão,
poeira de anos,
acumulados desenganos.
Intrigado percebi abismado
minha viagem adiada,
o trem de ferro, tornou-se
composição.
Aliviada a jornada
de forma indelicada,
solitária e desorganizada,
em uma outra conotação,
para continuarmos então.
Na ferrovia da imensidão,
os trilhos, filhos,
e a bagagem na mão.
Poderá alguém afirmar
onde é que esta estrada irá?
Certamente que sim.
A estrada está apenas lá,
o viajante decide onde ficar
ficaremos enfim,
vendo poeira e estrelas, beijos
da estrada sem fim.

Inserida por EduardoChiarini

Ilusão
Tenho coisas importantes coisas a dizer,
E eu aqui, sem saber, como e o que escrever.
Como colocar em um papel, irreal e astuto,
Fruto da imaginação, esta visão em um eterno Carrossel. Pensamentos, em roda de pião,
Como se fosse a nódoa , que incomoda,
As lavadeiras antigas na beira do ribeirão.
Roda e não chega em nada, como se
Devesse estar apenas parada, como se fosse
Apenas Mais uma ilusão.

Inserida por EduardoChiarini

Encanto

Hoje quem canta
como ama, encanta,
na suave melodia,
ou no arfar do cansaço, da íngreme
subida da escadaria,
não importa! É poesia.
Acalanto para um coração
que se afasta da solidão,
e, traz a emoção, na beleza da canção.
Leva as mágoas para o relento,
aquelas que partiram
em pedaços, estilhaços,
tornando-o dividido e ferido,
ressentimentos de quem partiu
em um momento, e
sem se dar conta, encontrou-se,
com seu próprio sentimento.

Inserida por EduardoChiarini

Um pedaço de amor.

Ah, doce pequenina desta sina
de encontrar amor, ah, menina,
o verdadeiro, o que não se excede,
e que, soberano, não se impõe,
a ele nada perguntes, nem lhe peças,
talvez não queira trocas, nem promessas.

Bastará ficar em silêncio ao seu lado,
olhando-te, admirando, com cuidado,
seus olhos lhe serão profundas vistas,
seu corpo um santuário de prazer,
não haverá disputas, nem errado,
nos delírios e loucuras do querer.

Inserida por EduardoChiarini

⁠Soneto bandoleiro.
Muito se tem dito,
pouco se tem feito,
e o tido como perfeito,
é, desastrosamente, desfeito.
Muito se tem falado,
pouco se tem agido,
e o que era tido como certo,
hoje se esgueira; na sombra escondido.
Seria da natureza do homem,
tamanha afronta que nem se dá conta
de seus semelhantes esfomeados que somem.
Os infortunados banidos, bandidos,
como se fossem bandoleiros,
porque acabou o dinheiro?

Inserida por EduardoChiarini