Eduardo Chiarini

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Perder.

Enquanto dormia serena
Perdia, na forma de ver,
Deste quarto, pela janela,
O céu na noite estrelada
Caia...
Na cidade que em luz ardia.

Inserida por EduardoChiarini

⁠A moça.
Havia uma moça,
que gostava de mim
me olhava com encanto
e, eu, presumido e envaidecido,
nada decidi.
A moça desgostou,
na minha rua não passou,
cansou-se de minha arrogância.
Cansou-se de minha ignorância.
A moça, talvez ressentida,
sem contrapartida, partiu.
sumiu...
Talvez sentida.
Saudades desmedidas, incontidas
daquela moça, de seu encanto,
que não mais encontrava, em
buscas desalentadas e vazias,
afogado em vinhos, pelos cantos.
Saudades doloridas de algo que não vivi,
E que faria meu coração bater mais forte?
Que ainda permanece aqui.

Inserida por EduardoChiarini

Razão

Não que fossem iguais
Nossos anseios, sentimentos
Mas éramos pares tais
Em doces e loucos tormentos

E destes talvez delírios
Mágico breve momento
Cruzaram-se olhos martírios
Num claro entendimento

Ficou sem sentido e encanto
Algo que não fosse crescer
Cumplices dali por diante
Fazendo daquele instante
Motivo para viver.⁠

Inserida por EduardoChiarini

Escrito para o rei.

Um dia desses escreverei
O que sei e o que não sei.
Este escrito guardarei.
Não o entregarei ao rei.
Nele estará o segredo
que,felizmente, não saberei. ⁠

⁠ Estrelas

Escurecia; estrelas se escondiam
de olhos famintos que queriam
apagá-las e, assim, tão cruel
deixar o poeta sem o seu céu,
para lhe servir de inspiração.
O poeta lamentou,
em direção ao seu portão caminhou
mas, levava, com gratidão
um retrato antigo do céu amigo,
em sua imaginação

Inserida por EduardoChiarini

⁠O poeta morreu

No entanto sobreviveu, a um cruel tirano,
que lhe fez encomenda, de narrativa heroica,
o poeta criou parábola, como homenagem
Aos tiranos sem coragem.
Este enfurecido ordenou a decapitação,
O poeta não tinha cabeça, tinha uma luz no coração
Brilhando...
Arrancaram-lhe o coração e deram aos cães,
Estranhamente a luz mais brilhava, iluminando a multidão
Que delirante sorria e dançava, festejando.
O tirano se retirando.
Largas passadas, seguido de sua guarda, que entoava a toada
Declamada do poeta.
O poeta viveu muitos anos, sem cabeça e sem corpo,
apenas com a luz brilhando, escrevendo poemas e rimando,
invisível, era visto em bares, iluminados pela luz.
Contam que um dia uma outra luz, surgiu,
e em harmonia, levou-o para ninguém sabe.
Sabe-se que até hoje,
a toada simples e ritmada,
é cantada.

Inserida por EduardoChiarini

⁠Em um simples passo
Em um passo
Passo o tempo
Em descompasso.
Passo o vento,
O silencio, o espaço.
Flores imaginárias
Extraordinárias, exuberantes
Pena, solitárias
Passo a chuva,
O frio, calor,
Ardor e paixão,
Em desilusão.
Tudo isto passo
Na distância tranquila,
Imutável.
De um passo.
Outro poema dedicado a Léa, passageira de meus pensamentos e emoções.

Inserida por EduardoChiarini

⁠O aprendiz e o anjo.
Era jovem,
Portanto imortal; assim pensava,
Nas sombras do mal, caminhava
Em noites dos prazeres, para saberes,
Nas esquinas da escuridão
De meu próprio coração.
E mesmo assim
Um anjo cuidava de mim,
E, deste jeito, me tornei
Aprendiz de poeta,
Que um dia erra e outro acerta.

Inserida por EduardoChiarini

⁠A Roda.
A roda que roda, roda a roda
que acompanha a roda.
São polias, engrenagens
de um mecanismo complicado
que ninguém sabe a que serve.
É milenar.
Sabe-se ter que funcionar.
A roda não pode parar.
Nem pensar.
E, assim sem saber,
Cremos a roda ser,
O que nos faz viver. Será?
Extensa organização,
do diretor ao aldeão,
guardam esta função.
Mas um menino atrevido,
foi lá e num peteleco,
deu-se um treco.
A roda parou. Ninguém notou.
A não ser o mecânico chefe,
que lá a deixou.

Inserida por EduardoChiarini

⁠A solidão do poeta.

A terrível solidão do poeta,
tornou-se tão concreta que
se constituiu em um muro.
Um passarinho miúdo, imaturo
pousou e cantou suave e doce.
O poeta ouviu. Sorriu.
Quanta gentileza e beleza,
pensou em sua fortaleza,
quebrou o muro,
saiu, andando,
com o passarinho voando.
Desapareceu na alegria,
em uma bruma de poesia.

Inserida por EduardoChiarini

Distância.

Distância, se quer entrar,
que entre você, à força.
Não, não é bem-vinda!
Por mais que torça...
É como a noite e o dia,
lembre-se, arrogante...
O instante...
entre a estrada e o caminhante;
mas, no momento exato,
a estrela toca o dia,
o pé, no chão; a mão, a mão.
Meus olhos festejam; alegria
a grande emoção,
pois ali estão.

Inserida por EduardoChiarini

A Pétala.

A pétala que era dela,
Não se desfez, apenas entristeceu,
Apesar da tempestade forte,
Que ocorreu...
Fiquei olhando da janela,
Meio me molhando feliz,
Com as gotas de chuva que fiz,
A chuva que não estava ali,
Haveria de estar em algum lugar.
Uma vez que ali, apenas eu,
Minha imaginação,
Com o café na mão,
Olhando feliz a rosa
Pela janela do portão.


Inserida por EduardoChiarini

Simples melodia

Cada dia é mais um dia,
que penso na melodia,
que, se poeta fosse, cantaria,
na pura forma da poesia.
Mas onde foi a alegria,
Pergunto à revelia?
Seria mais simples,
se mais simples fossemos,
e não nos esforçassemos
em lutas e guerras de foice,
e poemas de sangue à noite.

Inserida por EduardoChiarini

⁠Amanhecer.

Hoje amanheci em um poema,
daqueles belos pássaros,
que me honram em seus braços,
encantos em minha janela.
Indiferentes melodias,
suaves como nuvens, macias,
depois vão embora,
em bandos alegres e brincando.
Penso que seria um deles e um dia
estarei também voando e cantando.

Inserida por EduardoChiarini

Enganos passados.

Engano,
eu, tu e aqueles
que não se enganam.
Quem acha que engana, se engana.
olhando a chuva que não cai e vai,
com o vento que se esvai, mas não nos chama,
não é por menos ou por mais.
Nós, esquecidos nós, desastrados
na teia de passados entrelaçados
em tristes enganos.

Inserida por EduardoChiarini

Gaivota



Eu ganhei uma gaivota.
em um voo perfeito, parece,
sobre o oceano, antes dos
recifes de corais que se fortalecem.
Olhando aquela cena
pensei na extrema
linha divisória entre o real
e o imaginário abissal.
Eu vi uns recifes nadando,
no oceano brincando,
onde, parada, uma gaivota alada,
se mostrava assustada.
Com a minha perplexidade,
diante da beleza simples,
do cotidiano e dos enganos
da inatingível complexidade.

Inserida por EduardoChiarini

⁠Queria ter escrito
O verso perfeito
Em métrica e rima
Mas, o pensamento
Foi desfeito

Inserida por EduardoChiarini

A Competência e a Felicidade.

A competência é um termo jurídico
Compreensivelmente, me perdoando, não sabia
E, agora, mesmo sabendo, que somente por extensão
Dá-se à competência alguma razão.

No sentido de conhecer e de saber;
Homenageio neste pobre escrito,
De um mero aprendiz da vida
Uma competência iluminada...

Já a felicidade é um conceito inútil
Pois, segundo, o filósofo Schopenhauer,
Por maior esforço não é alcançada
Mas, por outro lado, é, inutilmente, tentada

Ninguém é obrigado com este filósofo
Da felicidade inútil, entender-se, por concordar
Em seu pensamento, a falta de tormento
É a paz interior, o objetivo a alcançar

Homenageio, pois, quem com competência, e;
Felicidade, por extensão, sem maldade,
Atingiu gloriosa homenagem
Em sua vida de serena humildade. Eduardo Chiarini/2020

Inserida por EduardoChiarini

⁠Estradas
Finalmente criei coragem,
abri a porta, que dá para fora,
para a rua,
que bobagem!
Lá fora, o que se poderia esperar?
A rua é claro.
Não! A rua não estava lá,
havia uma estrada, apenas mais nada,
e, ao longe, bem longe, uma porta,
que julguei ser uma porta de entrada.
Andei, andei, andei....
parecia um sonho, que sonhei.
abri a porta de entrada,
nada! Outra estrada.
Voltei, não tinha estrada.
apenas o vento cortante do mar errante,
que cantava uma suave canção,
de amor e de perdão.
Entendi, que ali, não havia nada a entender.
Descansei, sonhei, e finalmente mergulhei.

Inserida por EduardoChiarini

⁠Ventos fortes.
Eu escrevi uma poesia,
que indicava o leste, o mar,
era leve, como nuvem tardia,
e saiu de minhas mãos a voar.
Veio um vento forte,
levou a poesia para o norte,
procurei a poesia, era importante, era crucial
veio um vento e me levou para o sul.
Em um clima glacial.
Ponto Final.

Inserida por EduardoChiarini

Um verso simples

Eu queria em um verso simples,
descrever a beleza de uma cena,
não consegui, que pena.
O jovem namorado,
diante de sua amada,
reclamava, ela por sua vez, irritada.
De repente, não sei a motivação,
um beijo inesperado, em plena rua,
às três da tarde quente de verão.

Inserida por EduardoChiarini

Eu sei

Eu sei, você tem dia
simplesmente não queria,
nem ficar, não sair,
queria divertir, talvez sorrir?
No instante em que voas,
plana e flana à toa,
rumo à saída sem porta,
onde nada importa.
Tem dia, que não queria, a dor
do pássaro azul no alvorecer,
do sol, sem céu, sem cor.
Um dia imerso, em um poeta sem verso.
Não iria às estrelas. Só queria o cinza,
como às vezes, sua alma pinta,
esta inexplicável tinta.

Inserida por EduardoChiarini

⁠Faltas
Faltava-lhe tudo,
um pouco de tudo foi perdido,
em algum canto esquecido.
Um outro tanto de tudo,
talvez a mais querida,
foi usada como escudo,
contra as emoções da vida.
Queria viver sem sentir,
queria sentir sem viver,
era muito confuso,
este jeito de ser.
Ao perceber, quis de tudo
em um único momento viver.
Não foi possível.
Inconcebível.

Inserida por EduardoChiarini

⁠Dia após dia.
Há sim que se fazer poesia
à noite ou de dia,
para não deixar a agonia,
fazer morada em nossa mente.
Não permitir que a tristeza
e a descrença nos atente,
neste mundo sempre descontente,
entretanto demente.
Que as lágrimas possam ser,
de alegria e de fantasia,
dia após dia.

Inserida por EduardoChiarini

Hoje não tem poema

Hoje não tem poema.
de fato uma pena,
desviou-me a atenção
insignificante razão.
Era, como é, dia então,
mas as minhas vistas
cansadas ou usadas
de tantas visões ousadas,
revelou-se impressionada,
tamanha exatidão.
Se certo acerto, erro.
Erro para acertar, então?
Confusão.

Inserida por EduardoChiarini