_ EdsonVaguiner
"O teste"
O teste que testa minha paciência.
O teste que revela minhas imprudências.
O teste testifica sua influência.
O teste que atesta minha impotência.
O teste que dá testemunho de sua Onipresença.
O teste que culmina com condolências.
O teste de exame de consciência.
O teste que dói a testa por inferência.
O teste do Beta que mostra minha incapacidade de entender a segunda letra do alfabeto grego.
O teste da insanidade mostrando que tudo e todos, do QI a idade, precisa dele para vir a ser, o teste da existência!
O teste da esperança.
O teste da experiência.
O teste de um cálculo perfeito: 1+1= 3
O teste que é meu e seu.
O teste do verdadeiro sentimento
O teste do ser pai, ser mãe, ser pai/mãe.
O teste da fé que dá testemunho do Ser Supremo, que nos dá um atestado de óbito para vivermos eternamente, o novo nascimento.
A vida é um teste, precisamos ser aprovados, ou não...
Refaço mais uma vez, para na menor das possibilidades, você esteja lá, ainda que invisível, mas real em nossas vidas.
O teste do amor!
Te esperamos, Emilly, nosso teste de vida!
Fiz bem!
Não é culpa, é punição.
Não é desculpa, nem encenação.
Não é frescura, tampouco sutura, o que chamam de depressão.
A alma não cura com medicação, o suor não verte se não tiver inerte no jardim da solidão.
Fiz caso do que me chamaram.
Fiz desdém do que acharam.
Fiz graça para os que opinaram.
Fiz música, fiz dança, fiz teatro, fiz lambança numa equivocada esperança que tudo isso seria bom, mas, no final do som, quando cessaram o coro e o tom, percebi perplexo que tudo não passava de uma mera realidade.
De tudo que fiz, juro que me arrependo um pouco, mas, existe algo que não fiz, no meio de um sufoco, entre um suspiro e outro, onde o homem fica louco, e o quarto faz-se tonto, sem direção nem ponto, senti-me um herói por fim, quando apareceu uma flor e baixinho sussurrou: "Isso já passou"!
Despertei-me para a verdade, que não fui só vaidades, nem um criminoso habitual, mas no final da história o que ficou na minha memória foi o que a meiga flor me falou: seu crime foi perdoado, por que seu Advogado lhe mostrou sua isenção!
Não fiz, agora me diz: porque pesa a raiz se a árvore brotou?
"A Seita que dói menos"
Foi difícil aceitar a ideia que toda forma de vínculo nos causa dor.
Em busca de respostas, encontrei mais perguntas: Quem sou? De onde venho? Para onde vou?
A inquieta alma, assombrada pelo único fato inevitável que une todos os seres vivos em um só rebanho de condenados, é atraída pelas propagandas de efeito imediato, como se a eternidade fosse passageira. Paga tudo para ter paz. Vende tudo para obter paz.
Fui padre, fui monge, fui frade, fui conde, fui astrológo, fui teólogo, para tentar encontrar a verdade, fui longe.
Para uns, hóstia; para outros, hospício.
Para eles, solução; para mim, sacrifício.
Entre sorrisos e soluços, busquei quase de bruços, a caridade que me faltava.
No final das contas, ouvi uma senhora em prantos dizer assim: a seita que dói menos, é aquela que não existe no campo do pensamento, onde a imagem não criou.
Sigo, portanto sem sossego, pois entre a coragem e o medo, a resposta que encontrei, de fato não alcancei o que minha alma buscou.
Aceita esta verdade, inquieta alma de vaidades, pois um dia sossegada ficarás.
Como disse: vens novamente, inquietas sombras?
Com você, enxergo o quanto somos fracos. Com você, enxergo o quanto somos falhos. Com você, enxergo que a vida só tem brilho, quando os olhos brilham.
Com você, vejo a luz daquele que é infinito.
Com você, os sonhos são reais.
Com você, recordo que um dia serei apenas história...
Com você, todo meu futuro faz sentido.
Com você, viver é extrair a beleza da inocência.
Em você, desperto o melhor de mim.
Em você, descubro o quanto sou egoísta.
Sim, amor, você é uma das formas teofânicas.
Você me faz acreditar que o ser humano ainda tem esperança.
Em você, encontro minhas mazelas.
Com você, descubro o quanto sou mortal, e que a imortalidade é consequência das acoês.
Com você, choro de felicidade.
Choro de tristeza. Tristeza por saber que a máquina mais perfeita, tornou-se um espectro, diante de um ser perfeito imagem e semelhança (de quem?)
Com você, descubro o amor.
Sim, o amor puro. Sem interesses. Sem fingimento. Sem hipocrisia!
Quando crescer, minha pequena princesa, quero ser igual você. A eternidade é o começo de uma história que começa com um simples ponto.
Em você, venço o mal, o terrivel mal que assola a raça humana, o egoísmo!
O céu existe, e pertence a você, meu anjo!
Consegue uma vaga pra mim, e todos nós, miseravéis pecadores, porque o céu é seu.
O céu é dos anjos, e isso, aprendi com você!
Leis devem ser criadas com
objetivo de estabelecer a ordem e o progresso.
Quando se cria uma lei ou norma pautados em ideias que não seja para manter a ordem e o progresso, logo está estabelecido o caos, a desordem e o retrocesso.
(Vazios)
Amar a morte, altar sem sorte, bazar ou resort.
Espuma ou escuna, de calça ou short.
Sem água, anágua, alagam as pálpebras de intensos cortes.
A Dor não dorme, quando a fome é enorme no esôfago ou no córtex.
Palavras levam as larvas, que insistem comer, o que sobrou de mim.
Mato ou capim, planta, jardim...
No final da história, o que vem a memória, é uma inserção, pedaços de infiltração em um cano rachado, gotas no telhado, chuvas de reflexão.
Fica combinado assim, rendas de sonhos espremidos, um dia a vida fará sentido quando a dúvida e a fé for exauridos, sem necessidade de armas, ar, comprimido, em um tempo que o vento não levou!
Amar...Ramagens que crescem embaraçada, tomou toda a escada que meu eu subiu...
Escolhas...
É nossa condução que nos leva onde almejamos chegar...
Cada passo nos leva ao destino que traçamos.
Todo detalhe conta.
Um cálculo que nunca é exato...
Fiz uma retrospectiva, cheguei onde queria. Descobri que não era ali que desejei estar; mas o tempo não para, tampouco retrocede.
Quem voltou fui eu... No tempo...
Coração dilacerado, alma estilhaçada, cortes e recortes, pedaços de pano costurados em um espantalho.
Agulhas perfurando o corpo.
Bonecos não sente dores, disse um robô, com muita fé.
Robôs não sente dores. Disse o espantalho, meio espantado.
Escolhi ficar parado num pomar, espantando aves que brincam de espalhar sementes...
Ora, seu moço, não é tão ruim assim. Tirando os cães que ladram, casulos que morrem, sem a sorte da metamorfose, o sol escaldante, o medo das crianças que brincam ao longe, estou um tanto satisfeito.
Ouvi boatos que sou Judas, e serei queimado, outros dizem que sou a imagem de um cristo crucificado. Se a pobre senhora que me costurou pudesse contar, diria que sou apenas um boneco empalhado, o chapéu era de um senhor, a roupa, de um menino, os olhos, de um urso velho, o cabelo, de capim, o sapato, de um andarilho que com dó me calçou e seguiu descalço... mãos, luvas de um pobre trabalhador, tudo, doado!
Sinto compaixão da senhora, que escolheu costurar...
Pobre de mim, que escolhi ser assim, um pouco de um bocado. Quieto, inquieto, pois meu corpo não será embalsamado, temo por ser cremado, sem ritual religioso, nem um funeral adequado, pois quando chega o inverno, o pomar fica alagado, o dono sempre zangado coloca a culpa no pobre espantalho que não espanta ninguém e no lugar de boas árvores, nascem Matos também. Sementes dementes, que ficam torturando os lavradores, que escolheram carpir...
Já escolhi minha companheira, uma boneca ligeira, feito de pano, igual a mim.
Penso todos os dias no casamento, aliança de ouro, tirada do jardim. O que vale é a intenção, pois, se meu coração é de retalhos, sentimentos de luxo, é ilusão.
A lua não será de mel, nem as bodas, de papel, escolhi algo simples, nossa vista será sempre o céu...
Aqui estou eu, de braços abertos tentando espantar os corvos, com medo de alguém assumir meu lugar, e no verão virar gravetos, lançado em uma fogueira, fumaça incômoda, queimado pelo dono que escolhi...
Se me perguntassem, antes de me sentenciar, eu responderia: Escolho não escolher, minhas escolhas acabaram comigo, pobre espantalho de alma sentenciada...
Meu pecado!
Dizem que são sete, os Pecados Capitais.
Acho que são oito, ou até mais...
Errar o alvo é o sentido da palavra... Quem não erra? Errei o alvo várias vezes. Sou ruim de pontaria...
Se minha hamartia é o erro, logo não estou errando, de fato. Estou acertando o alvo; um objetivo que não queria alcançar... Sou ruim de pontaria, acerto sem querer...
Meu pecado é esse, mirar no alvo que fixaram. Mirar e atirar, sem ao menos pensar se é isso que quero. Mas mandaram... Pecado da obediência. Meu pecado é consistente. O que para muitos é uma vitória, para mim, nunca foi suficiente.
Sou ruim de mira. Sempre acerto o alvo errado. Cometo pequenas falhas. Nunca me questionei: Quem fixou aquele ponto, com um objetivo pronto? Acertei...
Visão embaçada, cabeça pesada, mãos suadas, arma enferrujada...
Chego a conclusão que meu pecado não é o alvo, tampouco a arma, mesmo sendo ruim de mira, meu pecado está no foco que está sempre desfocado...
Se tivesse uma munição a mais, não queria gastar neste alvo, meu pecado não é errar; é tentar acertar...
Não existe alvo, não existe arma...
O que existe é um comando inválido de pessoas que insistem em dizer, seu pecado é não mirar. Respondo, por fim, que não existe um alvo em mim... Vou apontar ao vento, atirar sem medo. Errar ou acertar, tanto faz. Elimino o comando e determino a direção...
Meu pecado é obedecer!
Não sinta timidez ao demonstrar suas fraquezas.
Tenha cuidado ao exibir suas forças.
Sabendo das fraquezas, vão tentar miná-las.
Descobrindo suas forças, destruirão com facilidade.
A casa não cai por conta das paredes, mas, quando derrubam os alicerces!
Luvas"
Comprei num boteco chamado pelos espertos, casa de construção. Lá vende de tudo um pouco: ferros, cimentos, argamassa, remédio para quem tá rouco. Coisa de louco!
Fui em busca de algo concreto, a chuva castigava e molhava todo o teto, escorria até o piso, onde o salário tá liso, muito escorregadio.
Recebi uma indicação que mudou minha opinião, pois a chuva é um dom, quem reclama perde o tom, neste lugar vazio.
-Ouça meu rapaz, você não precisa de pás, tampouco de cartaz, para mudar este lugar sombrio.
Perguntei assustado o que disse o pobre coitado que me vendia um barril: Qual a solução para evitar o alagamento, pois sem areia e cimento, não se faz a contenção deste horrível sofrimento?
-Você precisa de luvas, mas não é qualquer uma, disse o homem, convicto de seu conhecimento.
-Explico rapidamente, pois quem chega neste ambiente, sempre vira meu cliente.
Diga meu amigo, respondi-lhe meio impaciente.
-Com Luvas você trabalha de tudo nesta vida... Não faz calos nas mãos, evita infecção, esconde até sujeiras que as vezes ficam expostas, quando a mão é mais ligeira e agarra sorrateira, um maço de pregos, cabeça de macaco...
Mas como vou trabalhar, se não tenho o material que aqui vim procurar?
-A luva é solução, pois com ela não tem infiltrações que penetram nas paredes dos corações vazios...
Cabra bom de vendas, me convenceu com uma frase que minha vida ia mudar.
Saí de lá satisfeito, com um par de luvas e um quilo de pregos...
Quem precisa de concreto, se o abstrato convence que você não molha mais?
Hoje uso as luvas e mesmo no meio da chuva, faço com elas, construções em mim...
Bom moço que trabalha na quitanda, se não fossem seus conselhos, até hoje estava na varanda, preocupado com meu telhado...
Tenha Karma!
Disse o Camponês, tentando usar o Inglês para corrigir o Português.
Saiu dos campos em prantos, pois na sua época não haviam pratos para ofertar aos santos...
Como todo pai, considerava-se importante; deixou seu lado rompante e virou Protestante.
Protestava contra tudo!
A vida sem dilemas jamais terá conteúdos, falava o homem, meio sisudo.
Protestou tanto, que um dia ficou num canto, tomando sopa de canudo. Estado Vegetativo...
Melhor que Estado Islâmico, vociferou, quase sem voz.
A dor era atroz, sentia câimbras que davam nós, na garganta, no peito, deitado num leito, coberto de lençóis.
Um dia, meio chateado, protestou contra si mesmo e disse: Da vida estou cansado, meus filhos já estão criados, vou buscar o que sobrou de mim.
Partiu o pobre homem, que agora sentia fome, mas desta vez era diferente; não lhes doía a barriga, o que buscava era comida para saciar sua mente.
Saiu até do País falando que estava feliz, pois conseguira o que quis, deixar de protestar...
Voltou aos campos e prados, ganhou um cavalo alado, sonhou que estava montado e pôs-se a chorar.
- Tenha Carma, meu senhor!
Disse o camponês, tentando consolar o Português que chorava em inglês.
- Sou um homem sem noção, como ensinei religião, quando nem eu sabia?
Ah, meu Deus! O Senhor usou uma jumenta para me dizer que o cavalo sou eu!
Tenha Karma, meu rapaz, por favor, não vire Ateu.
Se compreender a palavra saberá que não as pronuncio errado, seu estado é delicado, todo verbo denota uma Ação...
Saia do seu "lugar sagrado", dê espaço a dúvida que precede a razão...
Não vou comprar seu belo cavalo alado, me convenci calado que o cavalo é você...Em outro tempo, em outro espaço, o cavalo será eu... Muita Carma nessa hora...
"Um pingo!"
Começou como uma gota d'água numa bolsa uterina.
Seu líquido tornou-se tão quente e confortável que seria melhor não ter saído de lá.
Mas saiu, e foram seis. Cara de um, focinho do outro, mas só um tinha nome. O Pingo!
Os outros eram pingos de indigentes.
Não conseguia nem disfarçar o quanto aquele Pingo me incomodava. Parecia um ponto dentro de casa. De sujeira e poeiras, tudo ele aprontava...
De repente, um som com uma voz poética falou uma palavra que mais parecia profética: -Seu Pingo de gente!
Pronto. Pegou. Agora era tudo diferente. O que era um Pingo d'água, tornou-se um Pingo de gente, um Pingo de carinho, um Pingo de amor, um Pingo de atenção, um Pingo de traquinagem, um Pingo de bobagens, um Pingo de cachorro, um Pingo de ser humano, um Pingo de Deus.
É, meu Pingo. De gota em gota você encheu nosso oceano de felicidade. Pena que a maldade de Adão tombou você no pingo vazio que é o silêncio do nada...
Botou o pé na estrada e se foi...
Assim como veio, saiu meio assustado. Fiquei ao seu lado até o último suspiro...
Meu Pingo de alegria ficou nos olhos escuros que a lâmpada da vida apagou.
Queria que a Arca tivesse aqui e te levasse para algum lugar seguro. Você voltou para o útero quente, mesmo estando frio; meu Pingo de dor...
De Pingo em pingo, a vida vai encerrando...
Para meu cachorrinho.
Onde você estiver!