EdsonRicardoPaiva
Um dia o menino acorda
e descobre não estar de acordo
com as cores que utilizaram
pra pintar o dia
Só usaram tintas tristes
economizaram na alegria
Quem foi que escolheu
a cor do dia
Quem será que escondeu
a alegria
Que a gente pretendia
viver hoje?
Pode ser num dia de chuva
tanto faz
Há dias cinzentos
Em que a gente encontra paz
E dias ensolarados
Em que paz não se enxerga não
As minhas vistas vêem
Mas são cegas
As cores que trazem harmonia
Não são aquelas que o Sol irradia
Mas as que apagam
As tristezas de ontem
Nas paredes do meu coração.
Tua ausência fere
E a alma canta
é tanta essa saudade
Que me fere, que me invade
O tempo que a tudo cura
Me procura pra dizer
Que essa saudade
Não tem cura
Eu tenho que pensar
Em outras coisas
Então eu tento inutilmente
Mas a mente pinta
Tua cara na parede
Teus olhos
A brilhar na noite
Não me veem
Enquanto estrelas lá no Céu
vão me seguindo
Por mais
Que não me enxerguem
Eu as vejo
Atrás das nuvens
A tua ausência
e existência
Me perseguem
A vida vai passando
Assim, depressa
Enquanto o tempo
escoa lentamente
Minh'alma à toa
Não se cura
E a dura dor
No dia claro
Torna a vida
muito escura
Eu tento mentalmente
Imaginar-te
Num futuro inexistente
E enquanto a tarde vai passando
Gotas da chuva que não cai
Vão brilhando aqui pertinho
Teu nome insiste
Em minha vida
e meu caminho.
Criança sorridente
A alma arguta
Aproveita teu tempo
Meu anjo
Teus pedidos, Deus escuta
Perceba, não faz sentido
Abrir mão do pouco tempo
Que possuis
A querer viver depressa
A vida aqui na frente
É muito astuta
Crescer se faz premente
Se soubesses realmente
O que é a vida
Deixaria-se ficar
Pra sempre assim
Os jardins da vida adulta
Não tem flores
Parece ter
Mas você não poderá
Jamais tocá-las
Aproveita um pouco mais
A voz materna
Que te embala.
Não existem alegrias iguais
algumas são menos visíveis
Outras mais
Tristeza é sempre tristeza
Não se quantifica
a qualidade de nenhuma dor
Alegrias se vão...
Pra nunca mais
Tristezas amainam
Mas estarão sempre ali
A recordação
de alegrias de outros dias
traz um misto
de tristeza e euforia
Você repara
na tristeza que chega
Poucas vezes percebeu
a alegria que partia
Às vezes elas fogem
no calar da madrugada
e quando amanhece
constata
que não se apercebeu
Muitas vezes
Você deixa de cuidar
de alguém que te queria
com amor
Depois, analisando
você vê que não lutou
Nem contra e nem a favor.
edsonricardopaiva
Se a vida fosse
resultado de um desenho
Eu pensaria hoje
Que meu lápis estava assombrado
Mas como tudo termina
Num lugar aonde
Meus pés me levaram
Só posso concluir
Que eu não soube mesmo
caminhar
Mesmo assim
Não sei dizer
Se a caminhada foi perdida
Só sei dizer
Tenha sido com as mãos
Ou com os pés
Esta foi minha vida
Pés calejados
Mãos doloridas
Desenhos e caminhadas
Cujos resultados
Somente Deus conhece
Pensamos ver e saber
A vida é uma jornada
Vivida de olhos vendados.
O Sol queima meu rosto
é final do mês de Julho
Quando é noite
Eu tento dormir
Porém os meus sonhos
me acordam
O silêncio no meu quarto
ressuscita barulho insondável
O sono, outrora tão amável
hoje é inefável falso amigo
A minha alma não encontra
Abrigo em meu corpo cansado
A desordem em que se acham
Meus pensamentos
A cada dia e a cada hora
cada vez mais lentos
A cada hora mais tementes
de novos tormentos
Me fazem duvidar
Que o Sol de agosto
Haverá de trazer-me
Qualquer qualidade
de alento
Procuro e não encontro
Motivos para as coisas
Que me acontecem
Se os há, não me lembro
Não há motivo que me leve a desejar
Que a vida continue acontecendo
Quando o Mês de Setembro chegar
Homens são homens
não passam disso:
Homens
Querem ser deuses
Alguns se aproximam
Quando a condição
Sublimam
Mesmo assim
No fim
Não passam de homens
Comem
Dormem
sonham
conquistam
desistem
e morrem
como homens
às vezes
nem isso conseguem;
Morrer como homens
Viver como homens
e vão comendo
comida de homem
sonho de homem
conquista de homem
Ciência de homem
carências inerentes
à sua reles posição
de gente
Quando meninos
imaginam-se divinos
vivendo na Terra
o tempo e o vento
os consomem
um dia suas histórias
conquistas e glórias
de todas as memórias
somem
Negros, brancos
fortes, fracos
pés grandes
fracas vontades
pomos de Adão
herois ou não
às vezes acerta
na maior parte do tempo
Erra
outros organismos
bem menores que eles
presentes na terra
invariavelmente
os consomem
e todas as suas
conquistas de homem
Somem
Primeiro o tijolo
tijolo por tijolo
E eu faço a parede
depois ponho um gancho
no gancho eu ponho a rede
depois vem o cansaço
e ali me desmancho
e faço meu ninho
o sono vem devagarinho
no sono tem sonho
viagem sem tamanho
e eu posso sentir a alegria
de me ver
vivendo um lindo dia
Um dia de Sol
Brilhando no Céu
No Céu tudo se move
As nuvens de algodão
então precipitam
E gotas prateadas
na terra tilintam
escorrem na terra
terra e água formam barro
alguns fazem jarro
e outros tijolo
eu olho o tijolo
e questiono
Será que sonhamos a vida
que vem antes do sono
ou será que a vida
é um sonho?
A vida e o Mundo
repletos de segredos
que não são e nunca foram
difíceis de enxergar
mistérios desvendados
o tempo todo
bem diante de meus olhos
Viver sem precisar
pedir conselhos
Mas estão todos
ocupados demais
admirando a própria beleza
diante dos seus espelhos
para enxergar
as coisas que ali não refletem
não existe qualquer importância
em seu ouro ou em seus diamantes
seus olhos mundanos
incapazes de distiguir
a qualidade
latente e pulsante
daquilo que é iminente
não é vista, então
por tanta gente
inteligente demais
importante demais
ganhando cada vez mais distância
entre si mesma e a lente
através da qual
seria então capaz
de descobrir a própria ignorância.
Lua nova
vem mostrar que tudo muda
e nada se transforma
muito menos se renova
Lua nova, escura...apagada
e ao mesmo tempo cheia
faz lembrar
Que todas as conquistas desta vida
são simples castelos de areia
às margens de um Mar turbulento
Lua nova, faz-me ver
Que esta vida não passa de momento
o orgulho e a nobreza minguam, passam
Se esfumaça a soberba crescente
na escuridão da noite
aonde tanta gente
pensando-se oculta
insulta, engana e mente.
Se Deus me permitisse
e prometesse ser atendido
eu lhE dirigiria hoje
um único pedido:
Pediria somente que somasse
os dias que ainda me restam
E dividisse ou doasse
Entre as pessoas que ainda precisam
ver prolongados seus dias
Neste mundo
E que depois me recolhesse
Agora, neste segundo
A outro lugar, aonde eu sentisse
Necessária a minha presença
Pois eu ando
tão cansado desta vida
Cansei-me
e meu cansaço ultrapassa
as ilusões desmedidas.
escondidas sob imensas
cortinas de fumaça
Te peço hoje, Meu Pai
Escute teu filho
e se eu merecer
Por favor
Faça.
Vida
Mera ilusão
Esperança perdida
Sonho que não se realiza
Onde a ilusão mais precisa
Está na mente daqueles
Que se veem realizados
Reles miseráveis
Pobres coitados
Orgulhosos, por ter vivido
uma horrenda vida suja
Cofres abarrotados
de metais,
que o tempo enferruja
A noite abraça o Mundo
Imundos seres
sob holofotes
Gente de alma vendida
Seres da escuridão
Montados em seus Cavalos
Estão chegando
E seus olhos piscam mil vezes
Por não crer
Que vieram buscá-lo
Teu reino
De orgulho e Ira
Cessa com muito barulho
Vem à tona tuas mentiras
Subiste a escada
sem pensar em ninguém
e nem em nada
Que os anjos digam Amém
Está em andamento
a luta do mal contra o bem
Bem diante das suas vistas
só os alheios e alienados
não veem.
Assim como as pedras
Não podem ser chamadas
de cidade
Minhas palavras eu sei
Que não dizem nada
Meus pés não fazem a estrada
Minha alma
há muito desenganada
já sabe que asas
Não significam liberdade
Palavras no alto da montanha
Ecoam
Há muito eu estou lá
gritando à toa
Saber escrever
Em linha reta
Não faz, nunca fez
e nem fará jamais
de mim um poeta
Silêncio e nem dinheiro
trazem paz
A luz do Sol
não faz o dia
Tentar achar a paz perdida
Não traz mais
Harmonia
em minha vida.
Outrora em minha vida
Anjos reais eu via
Outros tempos
Tempos melhores
Eu ria, nem ligava
Sabia que estariam
sempre ali
De tudo que se esquece
enquanto a gente cresce
esqueci de sorrir para a vida
hoje não os vejo mais
talvez tenham eles me esquecido
Fim de tarde
O Sol de vermelho tinge o Céu
Meu rosto arde
Não de calor
é só saudade
Queria apoiar-me nos joelhos
e pedir um só sorriso
Sôfrego que fui da vida
Deixei-a passar, despercebida
Não há mais valsas
Nem mesmo fados
Acabou-se a melodia desta vida
Há apenas dias que correm
Esperanças que se perdem
Sonhos dos quais a gente
acaba sempre desistindo
Mas ainda tenho uma certeza
De algum lugar eles me olham
E estão rindo das lágrimas
que molham meus dedos trôpegos
Pois sabem qua há sempre
a parte amarga que vivemos
No silêncio da noite
falam comigo, ainda
e pedem que eu persista
pois um dia tudo finda
E a Estrada novamente
Será larga e linda
E eles vão me levar
pra escorregar num papelão
por sobre um barranco gramado
Nos jardins da casa de Deus.
Atendendo a pedidos
Sinceros, comovidos...descabidos
Deus me dá a solução para os problemas
em frases ressentidas
Por não saber então, decifrá-las
eu as vou traduzindo em poemas
Longe de mim
as flores que plantei pelo caminho
seguem seus rumos
Felizes, por não terem sido escravas
E eu fico aqui enraizado
pensando nas palavras que cultivo
às vezes sedento por tornar-me
fugitivo, desertor da vida
sonhando enquanto vivo
Invejando os Lírios do Campo
Que Ele mandou-me observar
Realidades de papel
vontade de porcelana
tristeza de aço
alma condenada ao desterro
vivido aqui
Na paredes da minha cela
eu as escrevo
palavra por palavra
passo a passo
E trasformo meu degredo
em lembrança futura
Que outros haverão de desvendar
e dizer bela.
"Quanto mais um povo reelege um mesmo grupo, quanto mais um povo reelege um mesmo governante, mais poderoso e mais perigoso ele se torna"
Todo ser humano nasce analfabeto e ignorante, basta alimentar a ignorância. Ela persiste até depois do doutorado.
Quando olhar para algo
aproveita o tempo
e a oportunidade
que a vida te oferece
e faça mais que ver
Enxergue.
Quando escutar, aproveita
a oportunidade
que poderá não voltar
e ouça com atenção
Aproveita hoje
o livro que tens nas mãos
e não o leia Estude-o
Aproveita hoje a vida
e viva-a, não para você
aprenda antes a servir
Aproveita o tempo presente
ele é seu melhor
talismã da sorte
viva
antes da morte
mas viva para o Mundo
Sem tentar conquistá-lo
Você há de partir
sem nada levar
procure deixar boas lembranças
talvez, então
possa levar desta vida
um pouco de Esperança
Escrevo meus versos
Mas não os escrevo pra mim
Os deixo para a Humanidade
antes que chegue meu fim
Se puder deixar algo ao Mundo
deixe o que for verdadeiro
Pois haverás de partir
sem ter a certeza
Que realmente
viveu
Meu coração é uma casa,
uma caixinha, uma praça
Meu coração é um lugar
aonde ponho aquilo
Que tenho de valioso
Mantenho as portas abertas
aonde entram
quem me deixa entrar também
Mesmo assim
Muita gente entra sem pedir
e fica
Mesmo quando pensa
não estar mais lá
Nem nunca ter estado aqui
Eu tento pintá-lo
novamente sempre
Com as cores que encontrar
Tem uns passarinhos voando ali
São aqueles que o Eu menino matou
Eu os deixo lá, esperando o perdão
Tem gente que ofendi
Tem também quem me ofendeu
Há aqueles que não me perdoam
Estão todos aqui...no coração.
Quem prestar atenção
Verá um cachorrinho branco e preto
foi o unico que tive
em toda esta vida egoísta
hoje ele brinca
com um gato que tem aqui em casa
Aqui o Céu nem sempre é azul
Mas a culpa é minha
e não de quem está nele
Tem buracos nas paredes
muitos
Feitos por quem
eu menos esperava
mesmo assim ainda voa
viaja, flutua, passeia
E leva todos juntos
Mesmo quem pensa nem estar lá
Isso é segredo
Tem nuvens e sempre chove
Mas só chove no escuro
aonde choro e ninguém vê
Não é um coração rico
Mas é sincero e verdadeiro
E vocês estão todos aqui
Quem pediu para sair
eu deixei
Partiram e ficaram
ficaram sem perceber
Apesar dos anos passados
e do aparente desgaste físico
é ainda um coração de criança
aonde estão presentes
aqueles que me esqueceram
Mas que eu guardo na lembrança
Está decidido
À partir de hoje
É proibido odiar
falar mal e reclamar
À partir de hoje
É proibido ser infeliz
proibido fazer fofoca
proibido o diz que me diz
é proibido ficar doente
é proibido não entender
é proibido ser carente
Fica também decretado
Que todos serão obrigados
a gostarem uns dos outros
e também se olharem
como irmãos
Se você não tem religião
Esta lei é fundamentada
Na Eva Mitocondrial
Mãe dos seus pais
e dos meus
Se você tem religião
esta Lei se baseia
Nos Mandamentos de Deus
Ciência ou Religião
tanto faz
À partir de agora
É obrigatório
Viver em paz.
Aline
Margeando a sombra das lembranças
Sombreando as margens daquilo
Que te faz perceber a chegada
do vulto que divide tudo
Entre aquilo que ainda existe
e aonde a esperança não há mais
Um dia, numa linda tarde
haverás de olhar
As roupas coloridas balançando
ao sabor dos fortes ventos
que chacoalham seus varais
Esse vento haverá de trazer-te
Um longo, triste e doído lamento
E te fará lembrar
Coisas que fizeste e que disseste
e que deixaste cair no esquecimento
Perceberás então
Que a mágoa que sentias
Não possuia simplesmente
Fundamento ou razão de ser
Talvez tenhas nessa hora
Vontade de pedir perdão
e segurar um pouco a mão
de alguém que desprezaste
e deixaste partir
Sem pelo menos
poder se despedir
Enxugue suas lágrimas
Esqueça suas mágoas
Essa mão estará
Como sempre esteve
à sua disposição
Embora nesse dia
Não possa mais vê-la
Basta lembrar-se
dos motivos que a levaram
A não te balançar
nos primeiros anos
Assim como hoje
O vento balança o varal
Vindo de muito longe
Sentirás um beijo
Um carinho
E novamente
Outro pedido de perdão
Quem sabe outra estação
Um dia vai
Permitir que sejamos finalmente
Filha e Pai.
Você poderá sempre
atrasar os seus ponteiros
mas nunca poderá
Não irá jamais
Voltar aos tempos primeiros
A areia
que passou pela ampulheta
Registra meia hora,
hora e meia
E será a mesma novamente,
Sempre a mesma areia
Mas marcará outra hora
Outra data
Outro momento
O tempo perdido
Fica na saudade
Na lembrança
No passado
Um dia o tempo pára
e te olha
E você diz:
-Não pare aqui, tempo
E o tempo responde
-Eu não parei, sua hora chegou,
seu tempo expirou.
E o tempo segue a jornada
Corre por diferentes estradas
por que será e quê será
que o tempo esconde?
O tempo corre sobre trilhos
como um bonde
Longe, vai deixando
Pais, irmãos e filhos
Numa trilha que não finda
aquilo que finda
Haverá de prosseguir, ainda
Sempre em frente
Rumo a um lugar escuro
que chamamos de futuro
Você sempre poderá
atrasar o seu relógio
mas nunca entenderá
a Mágica
Do tempo,
Que corre sem lógica
Quanto mais, em minha vida
Eu procurei descobrir
O valor, o sentido e também
Uma forma de viver sob a Luz
Tanto mais eu descobri
Que não decido meu destino
Há uma força maior
Muito superior a mim e a tudo
E então, simplesmente me leva
Me serve de escudo
Me afasta das trevas
Mas me fez viver a vida toda
sob a cruz
Cruzou meu destino
Com pessoas
A quem eu não queria conhecer
Fez-me cruzar
Com projéteis ogivais
de ponta em cruz
Levou-me a cruzamentos
sem saída
apenas para ver me decidir
e conduzir-me novamente
a caminho de outra cruz
A Cruz que carreguei
Se chama vida
Lugar de pouca Luz
Se fui feliz
Este não era meu destino
Não nesta vida
Aonde já se encontrava
escrita e decidida
Espero ao menos
Que algo tenha valido
Nesta escura busca
Aonde me parece
Ter sido apenas eu
A entender o sentido
da Cruz que Deus me deu.