Edinaiane Carneiro Ferreira
A gente nunca deixa de ser quem realmente somos, apenas dormimos por um certo período de tempo. Mas quando a alma retorna, é hora de acordar e voltar as origens.
O agricultor é o resultado da evolução do homem em seu meio socioambiental. É viver sob o sol e produzir sustentavelmente, dando continuidade ao ciclo da vida.
A necessidade que o ser humano precisa ter, é a de evoluir. Não para provar nada a sociedade, mas para ter o poder de selecionar aqueles que continuarão em seu ciclo de vida.
Cada vez mais sinto ânsia de mudar novamente. Mudar de lugar, mudar quem eu sou. Não para agradar alguém. Mas para me sentir alguém.
O vazio que sentimentos com a impotência de não sermos quem queremos, juntamente com o som e o peso das palavras daqueles que te humilham. É ensurdecedor.
Quebrei minha promessa de não deixar ninguém mais nesse mundo me ferir, me decepcionar, me fazer se sentir um nada. Mas percebi que quem fere é fraco. Os fortes não atacam para se sentirem potentes.
Certa vez um babaca me disse que o que eu tinha de mais valor, era o meu violão. Ainda bem que ele tinha consciência de sua insignificância em minha vida.
É tanto empoderamento e amor próprio nos dias atuais que estamos esquecendo do "AME AO PRÓXIMO COMO A SI MESMO".
CARTA DE UM IMIGRANTE
Hoje decidi partir. Deixo para trás a minha mãe, o meu pai, avós, irmãos, amigos e quem eu sou. Não posso mais continuar vendo tanta injustiça com as pessoas que eu amo, tanto bombardeio que caem sobre nossas cabeças, que matam nossas crianças também . Preciso sair daqui, sem dinheiro, não me deixarão entrar em outro país, pois não tenho "meios", mas eu preciso ir. Não tenho nada a perder, pois já que irei morrer aqui mesmo, antes disso talvez veja toda a minha família morrer primeiro, sem ajuda. Será a última vez que os verei. Dou um beijo em minha mãe que se desespera em lágrimas , mas mesmo assim me abençoa, abraço meus irmãos mais novos que terão a responsabilidade de cuidar da casa, meu pai não veio. Poupei meus avós por serem muito idosos e talvez não suportariam a despedida. Parto. Sem rumo. Encontro outras pessoas na fronteira com o mesmo destino que o meu : SAIR. Encontramos " coyottes" que nos prometem atravessar o oceano em segurança. Entregamos nossa economia dada por nossos familiares. Chega o bote. Eram para ser só dez, mas tem quase duzentas pessoas à bordo. Sem salva vidas. Com fome, frio, chegamos a um país, mas não podemos ficar na fronteira. Partimos para outro, outro, e outro país. Conseguimos passar a fronteira. Agora vamos enfrentar o preconceito , o medo de adoecer e não poder ir a um hospital ( sou clandestino). Se encontrar bons amigos e conseguir trabalhar talvez eu consiga mandar dinheiro para a minha família em nome do meu amigo. Mas nunca mais poderei abraçar a minha família novamente . Vou orar todos os dias da minha vida para que Allah me perdoe por isso, mas eu precisava sair.
Texto : Edinaiane Carneiro Ferreira
Nunca vou me arrepender de ter sido quem fui para alguém que não merecia, mas com certeza ninguém mais vai ter esse meu tratamento na vida.