Edilson Alves
O QUE SINTO?
(Meus 20 anos)
Sinto que tudo que sinto
É a falta de ilusão
É um mito
O que sente meu coração
Sinto que tenho saudade
De tudo que já senti
Na verdade
Da vida que não vivi
Sentimentos que afligem
Esta rosa que nasceu
Que atingem
A rosa que me esqueceu
Nada tenho tudo sinto
Esperança de viver
O que sinto?
Sinto pena de morrer
1993
MIRAGEM
(Meus 20 anos)
Além muito longe vejo
Minha sorte
Talvez sufocando em beijos
Minha morte
Caminhando muito longe
Na montanha
Este frade este monge
Acompanha-me
Vejo além no infinito
Meu penar
Talvez caminhando aflito
A chorar
Revivendo meu passado
Meu viver
Talvez fiquemos calados
Ao morrer.
1993
MEU TERNO
Tirarei meu terno
E, em mangas de camisa.
Irei às casas de baixa-rendas
Ou renda submissa.
Com um vocabulário moderno
Falarei ”do Fome Zero;”
Novas moradias.
Olham-me, iludem-se,
Novos projetos;
Novas ironias.
As crianças olham-me desconfiadas.
As mulheres falam-me de suas dores,
Os homens balbuciam coisas ilegíveis,
Pedirão favores.
Saberei fingir nesse momento.
Usarei a própria dor, por ironia.
Oferecerei meus préstimos na saída.
Receberei um sim, esquecerei por fim.
E, essa gente sofrida.
Que conheceu meu vocabulário moderno,
Por vias de azar.
Vestirei meu terno
Subirei ao pódio
Não voltarei mais lá.
EU VI...
Eu vi
Um ladrão honesto
Eu vi
Um mentiroso falando a verdade
Eu vi
Um velhinho aleijado e cego
Pedir esmola sem necessidade.
Eu vi
Um surdo ouvir um trovão
Eu vi
Um padre negar a cruz
Eu vi
Um justo rejeitando a bíblia
Eu vi
Um ateu aceitar Jesus.
Eu vi
Vi tudo isso que eu já falei
Eu vi
Escrevi tudo quando acordei.
MOTE:
SÓ NAS DURAS BATALHAS DO REPENTE
É QUE ESPADA DO VERSO É PERMITIDA.
Os germânicos entraram na batalha
Numa guerra feroz contra os romanos
Nesta luta sem trégua foram soberanos
Tendo céu como pano de mortalha.
Nesse solo gentil que agasalha
Os restos mortais da mãe ferida
Neste mastro sem bandeira erguida
Foi perdendo a razão, no solo quente
SÓ NAS DURAS BATALHAS DO REPENTE
É QUE ESPADA DO VERSO É PERMITIDA.
Julio Cesar, na guerra conquistou
Grandes partes das nações antigas
Um guerreiro procurando intrigas
Nos países baixos que passou.
O Duque Carlos, foi embaixador
Fez-se rei, da Espanha embravecida
E Moisés, viu a terra prometida
Mais morreu no SINAI, qual penitente
SÓ NAS DURAS BATALHAS DO REPENTE
É QUE ESPADA DO VERSO É PERMITIDA.
Na segunda guerra mundial
Os alemães destruíram Rotterdam
E o porto de Amsterdam
Também foi atingido no final.
E uma ajuda internacional
Foi o mercúrio jogado na ferida
Sara o corpo, mas não dá a vida
Daqueles que sofreram cruelmente
SÓ NAS DURAS BATALHAS DO REPENTE
É QUE ESPADA DO VERSO É PERMITIDA.
Hoje não farei mais nada
além de dormir
quem sabe amanhã?
Sim amanhã farei!
E se não houver amanhã?
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-rne para
pensar amanhã no dia seguinte...
Tenho já o plano traçado;
mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Paro outra vez e penso!
E se não houver manhã?
Já sei; guardarei meus planos
pra depois de amanhã!
VESTÍGIO
Quem pegou as estrelas que deixei em minha mesa
Quem surripiou os sonhos na minha gaveta
Quem teve a coragem de deixar meus poemas espalhados!
Só pode ter sido ela!
Posso ver seus vestígios
Deixados no escuro e tenebroso teto.
MORTE
O que é a morte para quem morre? Nada! Pois enquanto vivemos não conhecemos a morte, quando morremos ela não nos causa mais medo.